A China realizou novos exercícios militares perto de Taiwan esta segunda-feira, numa altura em que um grupo de congressistas dos EUA visita a ilha. Pequim volta a acusar os EUA de ataque à soberania e integridade da China.
O anúncio da visita fez estalar novamente os nervos da China, que reivindica a soberania de Taiwan. A unidade militar chinesa responsável pela área adjacente a Taiwan, o Comando de Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular, disse que organizou esta segunda-feira patrulhas conjuntas de prontidão de combate e exercícios de combate no mar e no espaço aéreo em torno de Taiwan.
O Comando de Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular disse que os exercícios ocorreram perto das ilhas Penghu de Taiwan, que ficam no Estreito de Taiwan e abrigam uma importante base aérea, e mostrou vídeos capturados por um avião da força aérea chinesa.
Já no domingo, o Ministério da Defesa de Taiwan informou que um total de 22 aviões e seis navios militares chineses fizeram incursões em áreas à volta da ilha.
O Comando de Teatro Oriental do Exército de Libertação Popular disse que os exercícios militares foram um “dissuasor sério para os Estados Unidos e Taiwan que continuam a fazer truques políticos e a minar a paz e a estabilidade em todo o Estreito de Taiwan”.
O Ministério da Defesa da China disse em comunicado separado que a viagem dos congressistas infringiu a soberania e a integridade territorial da China e "expõe totalmente a verdadeira face dos Estados Unidos como um destruidor da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan".
"O Exército de Libertação do Povo Chinês continua a treinar e a preparar-se para a guerra, defende resolutamente a soberania nacional e a integridade territorial, e vai aniquilar determinadamente qualquer forma de separatismo e interferência estrangeira da 'independência de Taiwan'", alertou o Ministério.
“Taiwan está determinado a salvaguardar a estabilidade e o status quo”
A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, que esteve reunida com os congressistas norte-americanos durante a manhã, afirmou que os exercícios militares da China afetaram muito a paz e a estabilidade regionais.
"Estamos envolvidos em estreita cooperação com os aliados internacionais para monitorizar de perto a situação militar. Ao mesmo tempo, estamos a fazer tudo o que podemos para que o mundo saiba que Taiwan está determinado a salvaguardar a estabilidade e o status quo no Estreito de Taiwan", disse Tsai Ing-wen.
O primeiro-ministro de Taiwan, Su Tseng-chang, disse que não se deixaria intimidar com a resposta da China a visitas de amigos estrangeiros. “Não podemos simplesmente não fazer nada porque há um vizinho malvado ao lado e não deixar que visitantes ou amigos venham cá", disse Tseng-chang.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Taiwan também saudou a visita dos congressistas como mais um sinal de amizade entre Taipei e Washington, “que não tem medo das ameaças e intimidações da China”.
A delegação norte-americana está de visita à ilha autogovernada num esforço para "reafirmar o apoio dos Estados Unidos a Taiwan" e "encorajar a estabilidade e a paz em todo o Estreito de Taiwan", disse um porta-voz do senador Ed Markey em comunicado.
“Temos a obrigação moral de fazer tudo para evitar um conflito desnecessário”, defendeu Markey. A delegação deve reunir-se com a presidente de Taiwan esta segunda-feira e discutir questões de segurança e de comércio com deputados taiwaneses no comité de Negócios Estrangeiros e Defesa Nacional.
A visita acontece duas semanas depois da controversa viagem da líder do Congresso norte-americano, Nancy Pelosi, a Taiwan. Na altura, Pequim criticou a atitude “extremamente perigosa” dos EUA e respondeu com exercícios militares significativos durante vários dias em torno de Taiwan.
Os militares chineses disseram na quarta-feira passada que "concluíram com sucesso" esses exercícios, mas comprometeram-se a "conduzir regularmente" mais patrulhas na direção do Estreito de Taiwan.
A China reclama a soberania sobre Taiwan, uma ilha que considera uma província rebelde desde que os nacionalistas do Kuomintang ali se refugiaram em 1949, após perderem a guerra civil contra os comunistas.
c/agências