Uma proposta de alteração da legislação eleitoral na Indonésia, criticada por permitir a apoiantes do Presidente cessante da Indonésia, Joko Widodo, criar uma dinastia política, motivou hoje confrontos entre manifestantes e polícia em Jacarta.
O parlamento deveria anular hoje a decisão do Tribunal Constitucional sobre a idade dos candidatos às eleições regionais que impossibilitou a candidatura do filho mais novo do chefe de Estado, Kaesang Pangerap, de 29 anos.
Enquanto milhares de pessoas se manifestavam diante do Parlamento, o vice-presidente anunciou que a proposta de revisão da lei eleitoral seria abandonada para o escrutínio que deverá ocorrer em novembro.
"Foi oficialmente decidido que a revisão da lei sobre as eleições regionais não pode ser efetuada. Isto significa que a revisão de hoje foi cancelada", anunciou Sufmi Dasco Ahmad aos jornalistas.
Os manifestantes incendiaram pneus e acenderam foguetes enquanto entoavam palavras de ordem contra Widodo, vulgarmente conhecido por Jokowi, que irá entregar o cargo de Presidente em outubro ao ministro da Defesa, Prabowo Subianto, eleito em fevereiro.
Segundo a agência noticiosa France Presse, a polícia dispersou os manifestantes com canhões de água e gás lacrimogéneo.
Foram também registadas manifestações em Yogyakarta, Makassar, Bandung e Semarang.
"O governo espera que não haja desinformação ou calúnias que possam espoletar o caos e a violência", afirmou aos jornalistas o porta-voz da presidência indonésia, Hasan Nasbi.
O atual protesto surge meses depois de o filho mais velho de Widodo, Gibran Rakabuming Raka, de 36 anos, ter sido eleito o mais jovem vice-presidente da Indonésia, alimentando acusações de nepotismo.
Kaesang, o mais novo dos filhos do chefe de Estado, tem sido apontado como candidato a um cargo importante nas próximas eleições regionais.
Os aliados de Jokowi tentaram então encontrar uma forma de contornar a atual idade mínima de 30 anos para os candidatos às eleições, uma vez que Kaesang só completará essa idade em dezembro.