O Presidente moçambicano disse hoje que o conflito armado em Cabo Delgado, no norte do país, obriga o Governo a recorrer a verbas de outras áreas para fazer face às adversidades naquela província.
"O terrorismo obriga-nos a desviar avultadas somas de dinheiro para responder a estas adversidades que não podiam esperar para os ciclos seguintes da governação", disse Filipe Nyusi, durante a inauguração de um sistema de água em Inhambane, no sul do país, no âmbito de uma visita de trabalho que realiza àquela província desde quinta-feira.
O chefe de Estado moçambicano disse ainda que o combate à guerra não pode esperar, referindo que o dinheiro tem sido usado para comprar comida, água, fardamento e munições para os militares em Cabo Delgado, além de servir também para a sua deslocação.
"Esses recursos que podiam nos servir [em outros setores] são desviados porque os nossos filhos que combatem o terrorismo têm de comer", frisou Filipe Nyusi.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.