Acompanhamos aqui todos os desenvolvimentos sobre o quadro de tensão em crescendo entre a Rússia, a Ucrânia e o Ocidente. Kiev já declarou o estado de emergência em todo o território e chamou milhares de militares reservistas. Os Estados Unidos anunciaram mais medidas de retaliação contra Moscovo, aplicando sanções ao gasoduto Nord Stream 2.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apelou esta quarta-feira diretamente à sociedade civil russa para que impeça uma guerra entre os dois países, num discurso emocionado, em que falou excecionalmente em russo.
"Os russos querem a guerra? Eu adoraria saber a resposta a esta pergunta. E essa resposta depende de vocês, cidadãos da Federação Russa", sublinhou o chefe de Estado ucraniano durante um discurso na madrugada de quinta-feira em Kiev, horas depois de as "repúblicas" de Donetsk e Lugansk, reconhecidas pela Rússia, terem pedido ajuda militar ao Kremlin.
Volodymyr Zelensky disse que os seus pedidos de contacto com o Presidente russo Vladimir Putin, não tiveram resposta, e que a probabilidade de haver uma guerra com a Ucrânia "depende" da Rússia.
"Se o governo russo não vem para a mesa [de negociações] connosco, talvez vá para a mesa com vocês", acrescentou.
Zelensky alertou também que a Rússia concentrou "quase 200.000 soldados e milhares de veículos de combate" na fronteira ucraniana. O chefe de Estado ucraniano adiantou ainda que a Rússia pode iniciar uma "grande guerra na Europa" nos próximos dias, com o risco de "se tornar o início de uma grande guerra na Europa", alertou no discurso.
Volodymyr Zelensky rejeitou as acusações de Moscovo de que o seu país representa uma ameaça à Rússia e alertou que uma invasão russa custaria dezenas de milhares de vidas, garantindo que a Ucrânia se defenderá de uma agressão.
"Mas se formos atacados, se enfrentarmos uma tentativa de nos tirarem o nosso país, a nossa liberdade, as nossas vidas e a vida de nossos filhos, vamo-nos defender. Quando nos atacarem, verão os nossos rostos, não as nossas costas", assegurou.
O Ministro português dos Negócios Estrangeiros admite que um ataque de larga escala da Rússia à Ucrânia pode acontecer nas próximas horas.
Augusto Santos Silva diz que esse é um cenário que consta das informações que o Ministério obteve junto de outros aliados da NATO. O representante da diplomacia portuguesa garante, de resto, uma total articulação entre o governo português, a Presidência e o PSD.
A Rússia concentrou "quase 200.000 soldados" na fronteira ucraniana, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, num discurso na madrugada de quinta-feira em Kiev em que apelou diretamente ao povo russo para impedir uma guerra.
"Quase 200.000 soldados e milhares de veículos de combate estão posicionados" na fronteira, declarou Zelensky num discurso à Nação, horas depois de as "repúblicas" de Donetsk e Lugansk, reconhecidas pela Rússia, terem pedido ajuda militar ao Kremlin.
Dirigindo-se ao povo russo na língua russa, Volodymyr Zelensky disse a que os seus pedidos de contacto com o Presidente Vladimir Putin, não tiveram resposta, e que a probabilidade de haver uma guerra com a Ucrânia "depende" da Rússia.
Zelensky adiantou ainda que a Rússia pode iniciar uma "grande guerra na Europa" nos próximos dias. Uma invasão poderá começar em "qualquer dia", com o risco de "se tornar o início de uma grande guerra na Europa", alertou no discurso.
Ukraine has requested an urgent meeting of the UN Security Council due to the appeal by Russian occupation administrations in Donetsk and Luhansk to Russia with a request to provide them with military assistance, which is a further escalation of the security situation.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) February 23, 2022
A embaixadora norte-americana nas Nações Unidas afirmou, est quinta-feira, que cerca de cinco milhões de pessoas poderão ser forçadas a sair de suas casas caso a Rússia "continue neste caminho" de "guerra", criando uma nova crise de refugiados. Num debate da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação dos "territórios ucranianos temporariamente ocupados", a embaixadora Linda Thomas-Greenfield declarou que pode estar em causa uma das maiores crises de refugiados da atualidade.
"Se a Rússia continuar nesse caminho, pode – de acordo com as nossas estimativas – criar uma nova crise de refugiados, uma das maiores crises que o mundo enfrenta hoje, com até cinco milhões de pessoas deslocadas pela guerra escolhida pela Rússia e pressionando os vizinhos da Ucrânia", disse Linda Thomas-Greenfield.
Além disso, segundo a diplomata norte-americana, as ações da Rússia podem causar um aumento nos preços dos alimentos em países em desenvolvimento e intensificar ainda mais a fome em lugares como Líbia, Iémen e Líbano, uma vez que a Ucrânia é um dos maiores fornecedores de trigo do mundo.
"As ondas gigantes de sofrimento que esta guerra causará são inimagináveis", frisou a norte-americana.
"Até ao momento, a guerra da Rússia no leste da Ucrânia já matou mais de 14.000 pessoas. Quase três milhões de ucranianos – metade dos quais são idosos e crianças – precisam de comida, abrigo e outras ajudas para salvar vidas. E, claro, os russos comuns deveriam estar perguntando quantas vidas russas [Vladimir] Putin [Presidente da Rússia] está disposto a sacrificar para alimentar as suas ambições", acrescentou a embaixadora.
O Ministério francês dos Negócios Estrangeiros acaba de ordenar a retirada imediata de todos os cidadãos franceses na Ucrânia.
“No contexto das intensas tensões criadas pela concentração de tropas russas nas fronteiras da Ucrânia e da decisão russa de reconhecer a independência das províncias de Donetsk e Lugansk, e face ao estabelecimento do estado de urgência decidido hoje pelo Parlamento ucraniano, os cidadãos franceses na Ucrânia devem deixar este país sem demora”, indicou o Ministério.
Também não é recomendado viajar para a Ucrânia até novo aviso.
Qualquer viagem para as áreas fronteiriças no norte e leste do país é estritamente desencorajada.
O Kremlin anunciou hoje que os líderes das autoproclamadas repúblicas separatistas pró-Rússia, no leste da Ucrânia, pediram ajuda ao presidente russo Vladimir Putin para "repelir a agressão" dos militares ucranianos.
Segundo o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, citado pelos `media` estatais da Rússia, as duas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk "solicitaram ajuda do presidente para repelir a agressão das forças armadas ucranianas, evitando assim mortes de civis e prevenindo uma catástrofe humanitária”.
Este apelo, se for aceite, pode significar o envolvimento militar direto da Rússia no leste da Ucrânia, confirmando os receios dos países ocidentais de que Moscovo está a preparar uma invasão ao país vizinho.
Not good. Donetsk and Luhansk puppet leaders have sent requests to Putin "to assist in repelling aggression from the Armed Forces of Ukraine in order to avoid civilian casualties and prevent a humanitarian catastrophe" in the Donbas. Photos from the Kremlin via TASS news agency. pic.twitter.com/s35kYgYBcE
— Christopher Miller (@ChristopherJM) February 23, 2022
O Governo de Cuba sustentou hoje que a Rússia "tem o direito de se defender", pedindo que Estados Unidos e NATO respondam aos "pedidos legítimos de garantias de segurança" de Moscovo na crise ucraniana.
A "determinação dos Estados Unidos de impor a expansão progressiva da NATO para as fronteiras da Federação Russa constitui uma ameaça à sua segurança nacional e à paz regional e internacional", considerou o Ministério cubano dos Negócios Estrangeiros, citado em comunicado, advogando "uma solução diplomática através de um diálogo construtivo e respeitoso".
No texto, o ministério adianta que os Estados Unidos "há semanas ameaçam a Rússia e manipulam a comunidade internacional sobre os perigos de uma iminente invasão em massa da Ucrânia", fornecendo armas e desdobrando tropas nos países vizinhos.
No Telejornal, João Gomes Cravinho lembrou ainda que "a NATO é a âncora para a segurança da Europa e é assim desde 1949, quando a NATO foi criada", para explicar que a União Europeia não tenha forças militares próprias.
Além disso, "o desenvolvimento de uma identidade europeia de defesa, que Portugal apoia fortemente, é entendida como complementar e não alternativa em relação à NATO", referiu.
"Isto porque a União Europeia tem alguns interesses estratégicos que não coincidem com os da NATO, em África, no Golfo da Guiné ou na região do Sahel", lembrou Gomes Cravinho. "São áreas em que a UE tem de ter alguma capacidade de atuação própria, de comando e controlo".
Na atual crise, disse o ministro da Defesa, "a NATO é a instituição em que todos os países europeus membros" da Aliança, 21 dos 27, se encontram, pelo que "não está aqui em causa a utilização da União Europeia como entidade militar para contrapor à situação que se vive na Ucrânia".
"Pelo contrário, o que se verifica aqui é uma grande complementaridade, porque quem está em ação hoje é a União Europeia, não é a NATO, com sanções fortemente penalizadoras para a economia russa", sublinhou ainda Gomes Cravinho.
O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, esteve no Telejornal e explicou que a participação portuguesa na Força de Reação Rápida da NATO se deve à rotatividade, à semelhança de outros países membros.
"Não há para já nenhuma ativação" desta força, acrescentou. "Tem de haver primeiro um pedido nesse sentido das autoridades militares da NATO e em segundo lugar tem de haver o procedimento constitucionalmente estabelecido em Portugal".
Uma ameaça a países da NATO poderá levar, contudo, a esse primeiro pedido, admitiu João Cravinho, e "Portugal participará solidariamente".
O ministro da Defesa revelou ainda que Portugal tem estado a dar "apoio não letal" à Ucrânia num quadro "de amizade" com aquele país, especificando que se tratou de "coletes, capacetes", além de tratamento hospitalar a militares ucranianos feridos em combate.
"Não está previsto neste momento dar apoio em termos de armas letais", afirmou.
João Cravinho lembrou ainda que, em caso de ataque aos países bálticos, Letónia, Estónia e Lituânia, a NATO deverá acionar o "famoso artigo 5", que diz que "um ataque contra um é um ataque contra todos", incluindo Portugal.
Portugal participa na missão de elevada prontidão da NATO. São cerca de mil militares portugueses à disposição da Força de Reação Rápida da Aliança Atlântica.
As forças armadas ucranianas têm cerca de 260 mil elementos e conta com 200 mil reservistas que já foram chamados além de centenas de milhares de civis treinados.
A enviada especial da RTP à Ucrânia sublinha que o exército local foi obrigado a modernizar-se devido ao conflito de baixa intensidade dos últimos 8 anos no leste do país.
O Governo do país afirma ter já planos para enfrentar todas as eventualidades, sem abrir o jogo.
Entre as novas armas sem igual que a Rússia possui, consoante anunciou o Presidente Vladimir Putin, deverão estar armas hipersónicas apresentadas há cerca de três anos ou desenvolvidas recentemente.
O correspondente da RTP em Moscovo sublinha contudo que a maior aposta de Putin será a relutância do mundo ocidental em envolver-se num conflito local.
A Ucrânia poderá cair numa armadilha semelhante à que se abateu sobre a Ossétia do Sul.
A Casa Branca estuda novas sanções à Rússia, em estreita colaboração com os seus aliados, sobretudo na Europa.
Preveem-se vagas sucessivas de sanções consoante a situação no terreno, como conta o correspondente da RTP em Washington, João Ricardo Vasconcelos.
Com a declaração do estado de emergência, o Estado ucraniano intensifica a vigilância da circulação junto a locais estratégicos.
O reforço dos dispositivos de vigilância já está em curso, como testemunhou a enviada especial da RTP em Kiev, Cândida Pinto.
O Presidente da Ucrânia voltou contudo a apelar as suas tropas para apenas recorrer a ações de defesa.
Moscovo encerrou a sua embaixada em Kiev, Ucrânia, entre acusações de agressão repetida da Ucrânia aos territórios separatistas do leste.
O encerramento da embaixada parece ser mais um sinal de que o exército russo se prepara para entrar na Ucrânia em larga escala.
O correspondente da RTP em Moscovo nota que o presidente Vladimir Putin prossegue o seu jogo de intimidação.
Vladimir Putin anunciou que a Rússia tem novas armas sem igual no mundo. A Rússia criticou ainda o secretário-geral da ONU, António Guterres, por "ceder às pressões do Ocidente".
A opositora bielorrussa Svetlana Tikhanovskaya alertou hoje que as dezenas de milhares de tropas russas em manobras conjuntas na Bielorrússia, que os ocidentais temem poder ser usadas num ataque à Ucrânia, também ameaçam a independência do seu país.
A Bielorrússia deve lutar pela "sua independência" e contra a "ditadura", defendeu Tikhanovskaya, que se encontra exilada, numa entrevista hoje à agência francesa France-Presse.
Considerada pelo Ocidente a verdadeira vencedora da eleição presidencial de agosto de 2020, a opositora bielorrussa disse estar horrorizada com o referendo que se realiza domingo sobre alterações constitucionais na Bielorrússia, para permitir que o presidente, Alexander Lukashenko, autorize a instalação de armas nucleares russas na antiga república soviética.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Alemanha e França acusaram hoje a Rússia de ter "destruído" os Acordos de Minsk ao reconhecer como independentes os dois territórios separatistas no leste da Ucrânia, embora mantenham aberta a janela do diálogo.
"Os Acordos de Minsk foram destruídos unilateralmente", realçou a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, numa conferência de imprensa em Berlim junto do homólogo francês, Yves Le Drian.
Baerbock frisou que o Presidente russo, Vladimir Putin, assinou estes acordos, mas que agora "aqueles papéis não têm valor".
Também o responsável pela diplomacia francesa referiu que Putin não cumpriu com as suas declarações "públicas e privadas", as últimas feitas em conversas com o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Olaf Scholz.
Yves Le Drian assegurou, no entanto, que "a mão [da diplomacia] ainda está estendida" e que não há nada pior que um "confronto militar".
O Parlamento ucraniano acaba de aprovar o estado de emergência em todo o país, exceto nas duas regiões a leste onde já vigora desde 2014.
Os 27 Estados-membros da UE, que amanhã vão reunir de emergência, querem encontrar formas de responsabilizar o regime de Moscovo por eventuais novas ações que sejam implementadas na Ucrânia.
Querem ainda discutir novas medidas de apoio ao Governo ucraniano e ao povo desse país.
Todas as reuniões da UE em que se falou da política a leste, envolvendo Rússia e Ucrânia, são presenciais e sem dispositivos eletrónicos na sala, por receio de que os 27 líderes possam de algum modo ser escutados pelo regime russo.
O correspondente da RTP em Bruxelas, Duarte Valente, está a acompanhar a situação.
Depois do anúncio de sanções ao gasoduto Nord Stream 2, está marcada para esta quarta-feira uma conferência de imprensa conjunta da secretária de imprensa da Casa Branca e do Departamento de Estado norte-americano.
O correspondente da RTP em Washington, João Ricardo Vasconcelos, está a acompanhar o desenrolar da situação.
A aparente leveza das sanções iniciais pode não corresponder à realidade, uma vez que nunca a Casa Branca tinha bloqueado totalmente qualquer instituição financeira russa, como agora aconteceu.
Biden acaba de anunciar que a sua Administração vai impor sanções à Nord Stream 2 AG, empresa encarregada de construir o gasoduto Nord Stream 2 da Rússia.
“A Alemanha tem sido um dos líderes nesses esforços, e agora coordenámos a nossa reposta para travar o gasoduto Nord Stream 2 se a Rússia continuar a invadir a Ucrânia”.
A Ucrânia, que hoje deve declarar Estado de Emergência no país, quer desse modo ter um melhor controlo dada a possibilidade do carácter híbrido deste conflito com a Rússia.
Há receios de que algumas estruturas fundamentais para o funcionamento do país sejam alvo de ataques, nomeadamente centrais elétricas.
Colado a este Estado de Emergência, ainda por aprovar no Parlamento ucraniano, está também a verificação do trânsito em todo o território. As autoridades estão a verificar a identidade de quem circula, essencialmente, junto a infraestruturas públicas e serviços do Governo.
Esta tarde, junto ao Parlamento, verificou-se um aparato policial diferente do habitual.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, corrigiu hoje uma declaração anterior no Parlamento a propósito do conflito entre a Rússia e Ucrânia, esclarecendo que o multimilionário russo Roman Abramovich não está sujeito a sanções do Reino Unido.
Durante o anúncio de um pacote de sanções sobre cinco bancos russos e três empresários considerados próximos do presidente, Vladimir Putin, Boris Johnson foi questionado pela oposição porque não alargava as medidas a outros chamados oligarcas.
O primeiro-ministro disse, erradamente, que "Abramovich já é sujeito a sanções", mas hoje esclareceu formalmente que "Roman Abramovich não foi alvo de medidas direcionadas".
O proprietário do clube de futebol Chelsea, que em 2021 obteve a nacionalidade portuguesa através da lei que beneficia os descendentes de judeus sefarditas expulsos no final do século XV, teve até há quatro anos um visto de investidor no Reino Unido.
A presidente da Comissão Europeia assumiu esta quarta-feira como essencial a aposta numa estratégia de maior independência energética por forma a reduzir o mais possível a dependência do gás proveniente da Rússia.
Ursaula Von der Leyen acusou Moscovo de instrumentalizar a questão energética, mas o objetivo de Bruxelas pode ser de difícil concretização, como conta o jornalista João Alexandre.
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, marcou hoje uma reunião extraordinária com os líderes dos partidos políticos para quinta-feira devido aos "desenvolvimentos dramáticos na Ucrânia", para discutir a coordenação da resposta europeia à ofensiva russa.
"Considerando os últimos desenvolvimentos dramáticos na Ucrânia, a presidente Metsola convocou para quinta-feira de manhã uma reunião extraordinária da Conferência dos Presidentes [líderes dos partidos políticos]", anunciou o gabinete da líder da assembleia europeia, numa nota enviada à Lusa.
Presentes na reunião, que decorre em formato híbrido e que será "uma oportunidade para trocar pontos de vista" sobre a crise de segurança ucraniana, estarão também os presidentes da Conselho Europeu, Charles Michel, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Espera-se que, na reunião, sejam abordados os vários aspetos da crise, incluindo a condenação da União Europeia à "agressão russa contra a Ucrânia, a violação do direito internacional e dos Acordos de Minsk, o apoio da UE à independência e integridade territorial da Ucrânia e a rápida adoção de sanções pelo Conselho", elenca o gabinete de Roberta Metsola na nota.
A reunião visa, ainda, "expressar solidariedade com o povo da Ucrânia e recordar a importância da unidade contínua da UE", adianta.
Henrique Tomé, analista da corretora XTB, referiu à agência Lusa que "tanto a Rússia como a Ucrânia têm um papel importante no que diz respeito à exportação de cereais à escala mundial", com "ambos os países a representarem cerca de 30% da exportação".
"No caso de existir efetivamente um conflito armado, os preços de determinadas matérias-primas, além do petróleo e gás natural, poderão subir substancialmente. Como por exemplo, o preço do trigo, que por sua vez terá um impacto sobre os bens alimentares pagos pelos consumidores", explicou.
O analista estima que o trigo "é dos cereais que poderá registar a maior subida dos preços", salientando que "os preços já subiram cerca de 9% este ano".
De acordo com a agência France-Presse (AFP), na terça-feira "os Países Baixos convocaram, de facto, o embaixador da Rússia", disse uma porta-voz do ministério neerlandês.
"Os Países Baixos claramente fizeram saber ao embaixador da Rússia que as recentes ações da Rússia são inaceitáveis e que terão graves consequências", acrescentou a porta-voz.
A Áustria, o Reino Unido e o Canadá também convocaram os respetivos embaixadores russos na terça-feira.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, insistiu hoje que o mundo enfrenta "um momento de perigo" e denunciou as "violações" da Rússia na Ucrânia, falando na abertura de uma reunião da Assembleia Geral das Nações Unidas.
"A decisão da Rússia de reconhecer a chamada `independência` das regiões de Donetsk e Lugansk - e o que se seguiu - são violações da integridade territorial e soberania da Ucrânia e são incompatíveis com os princípios da Carta das Nações Unidas", disse.
A participação do secretário-geral não estava inicialmente prevista nesta reunião, que se realiza anualmente, mas Guterres decidiu participar depois de cancelar uma viagem a África e regressar antecipadamente a Nova Iorque.
Dois comboios com equipamentos militares foram vistos nas últimas horas a dirigirem-se à cidade de Donetsk, no leste da Ucrânia, vindos da Rússia.
Segundo a agência Reuters, um dos comboios trazia nove tanques e um veículo de combate de infantaria, enquanto o outro era composto por camiões e tanques.
Mantém-se a incógnita sobre o próximo passo do presidente Vladimir Putin. Os ucranianos não sabem se os militares russos vão ficar apenas na zona leste do país ou se, por outro lado, começarão a avançar para o sul, fazendo assim uma ligação à Crimeia.
A enviada especial da RTP em Kiev, Cândida Pinto, constatou que a Ucrânia parece estar a preparar-se para uma guerra longa.
Até há cerca de uma semana, a população afastava essa possibilidade e acreditava que o conflito, como tem acontecido nos últimos oito anos, ficaria circunscrito à região fronteiriça do Donbass.
Agora, porém, as preocupações dos ucranianos elevaram-se e muitos estão a colocar as famílias fora do país.
O ministro ucraniano dos Negócios Estrangeiros disse esta quarta-feira que só ficará satisfeito quando “o último soldado russo se retirar do território ucraniano”.
“Até lá, não posso estar plenamente satisfeito”, explicou Dmytro Kuleba aos jornalistas.
Questionado sobre as conversações com os Estados Unidos no último dia, o responsável avançou que os EUA lhe transmitiram “três mensagens muito claras”.
A primeira foi que “irão apoiar a Ucrânia, independentemente do que acontecer”.
A segunda mensagem foi que os EUA continuarão a fornecer à Ucrânia “armas defensivas para que possamos defender melhor o nosso país – mas ficaríamos muito satisfeitos se nunca tivéssemos de usar essas armas no campo de batalha, pois queremos a paz”, adiantou Kuleba.
Por último, Washington transmitiu que “haverá mais sanções dolorosas dos Estados Unidos sobre a Rússia, executadas em coordenação estreita com os aliados na Europa e resto do mundo, no sentido de garantir a sua máxima eficiência”.
“Os nossos parceiros não deverão esperar que os misseis russos atinjam a Ucrânia ou invadam o nosso espaço aéreo para que sejam impostas as novas sanções”, considerou o ministro ucraniano.
As sanções anunciadas no último dia pela UE e EUA não estão ainda a preocupar os russos, que as consideram “brandas”.
Alguns milionários russos tinham já sido alertados por Vladimir Putin há três anos de que não deveriam ter toda a fortuna em seus nomes, mas sim distribuída por familiares.
No entanto, a longo prazo, os russos de classe média e baixa vão sentir os efeitos das sanções nos preços de bens alimentares e até nas suas pensões, que serão reduzidas.
O correspondente da RTP na Rússia, Evgueni Mouravitch, explica que os órgãos de comunicação social do Estado russo deverão em breve começar a lançar propaganda, persuadindo os habitantes de que a culpa é das intrigas do Ocidente.
Um soldado ucraniano foi morto hoje, e outro ficou ferido, num bombardeamento realizado por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia, informou o Exército ucraniano.
As Forças Armadas da Ucrânia não esclareceram o local exato do ataque, dizendo apenas, num comunicado, que um soldado "morreu com ferimentos" e outro sobreviveu, também com ferimentos durante o bombardeamento.
O ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros acaba de recomendar aos espanhóis na Ucrânia que abandonem temporariamente esse país o mais rápido possível.
“Recomendamos a saída temporária do país assim que possível e alertamos contra a realização de viagens à Ucrânia sob quaisquer circunstâncias”, disse o ministro José Manuel Albares a um comité parlamentar, segundo a agência Reuters.
O responsável indicou ainda que pelo menos 334 espanhóis continuam em território ucraniano.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou esta quarta-feira que “há muita coisa em risco na crise” provocada pela Rússia.
“O risco de conflito é real. A Rússia está a usar a força e ultimatos não só para redesenhar as fronteiras na Europa, mas também para tentar rescrever toda a arquitetura de segurança global”, alertou numa conferência conjunta com o primeiro-ministro holandês.
A Rússia prometeu hoje uma "resposta forte" às sanções que lhe foram impostas pelos Estados Unidos, incluindo restrições às transações da dívida soberana russa.
"Não deve haver dúvidas de que as sanções terão uma resposta forte, não necessariamente simétrica, mas ponderada e sensível para o lado dos EUA", disse o Ministério russo dos Negócios Estrangeiros numa declaração citada pela agência espanhola EFE.
O ministério liderado por Sergei Lavrov disse que se trata da 101.ª série de sanções contra Moscovo e acusou os EUA de quererem "tentar mudar o rumo da Rússia".
"Apesar da futilidade óbvia dos esforços feitos ao longo dos anos para dificultar o desenvolvimento da nossa economia, os EUA estão mais uma vez a utilizar instrumentos restritivos que são ineficazes e contraproducentes do ponto de vista dos interesses dos EUA", disse.
Para a diplomacia de Moscovo, a Rússia tem demonstrado que é capaz de minimizar os danos, apesar de todos os custos das sanções. "Além disso, a pressão das sanções não pode afetar a nossa determinação de defender firmemente os nossos interesses", afirmou.
O ministro ucraniano da Transformação Digital adiantou entretanto que vários bancos ucranianos foram também atingidos esta quarta-feira, depois de vários sites estatais terem começado a falhar esta tarde.
Acrescentou ainda que se trata de um ataque DDOS, ou Distributed Denial of Service, que visam sobrecarregar os sites ao inundar uma rede com “tráfego falso”, impedindo que ela opere normalmente.
Os líderes vão debater a forma de responsabilizar a Rússia pelas suas ações e aumentar o apoio à Ucrânia e ao povo ucraniano.
A cimeira será realizada em formato presencial e está agendada para as 20h00 de Bruxelas (19h00 de Lisboa).
A informação foi confirmada esta quarta-feira pelo embaixador ucraniano na Turquia, Vasyl Bodnar. Pede a Ancara que feche os acessos ao "estado agressor" em caso de conflito aberto.
"Estamos unidos na convicção de que o futuro da segurança europeia está a jogar-se na na nossa casa neste exato momento. Nn Ucrânia", declarou Zelensky ao receber represetantes polacos e lituanos em Kiev.
"À luz do comportamento cada vez mais ameaçador da Rússia e de acordo com nosso apoio anterior, o Reino Unido em breve fornecerá mais um pacote de apoio militar à Ucrânia. Isso incluirá ajuda letal na forma de armas de defesa e ajuda não letal", anunciou Johnson no Parlamento do Reino Unido esta quarta-feira.
O ministro dos Negócios Estrangeiros vai ser ouvido na Comissão Permanente da Assembleia da República na quinta-feira sobre a situação da Ucrânia, confirmou hoje a conferência de líderes.
To stop Putin from further aggression, we call on partners to impose more sanctions on Russia now. First decisive steps were taken yesterday, and we are grateful for them. Now the pressure needs to step up to stop Putin. Hit his economy and cronies. Hit more. Hit hard. Hit now.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) February 23, 2022
"O nosso país está sempre aberto ao diálogo direto e honesto para encontrar soluções diplomáticas para os problemas mais complexos. "No entanto, os interesses e a segurança de nossos cidadãos não são para nós negociáveis", disse Vladimir Putin num discurso televisivo.