Condenação internacional à construção de novos colonatos israelitas na Cisjordânia
O Governo israelita avançou na quarta-feira com o processo de aprovação para a construção de quase 3.500 novas habitações para colonos em três colonatos da Cisjordânia ocupada, como medida de represália por um recente ataque palestiniano. Mas este plano está a ser condenado a nível internacional, incluindo por países normalmente alinhados com Israel.
É a primeira aprovação para construção de habitações ilegais no território palestiniano ocupado, desde que a guerra entre Israel e o Hamas começou em outubro do ano passado.
“Juntamente com as autorizações de construção, estamos a efetuar um enorme investimento no desenvolvimento da infraestrutura de transportes, emprego e qualidade de vida. Os inimigos tentam ferir e debilitar, mas vamos continuar a construir”, disse o ministro da Finanças israelita Bezalel Smotrich, dirigente do partido de extrema-direita Sionismo Religioso, em mensagem na rede social X.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana reagiu de imediato, classificando os colonatos como ilegais e ilegítimos, argumentando ainda que “são um apelo à persistência do ciclo de violência”.
“O Ministério apela a sanções internacionais rápidas que dissuadam Israel a construir mais colonatos e que incluam [os ministros] Ben-Gvir e Smotrich, bem como qualquer outro funcionário israelita que desempenhe um papel no aprofundamento e financiamento de colonatos ilegais”, declarou em comunicado.
Também o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, classificou a ação de Israel como “uma confirmação do plano sionista que visa controlar a nossa terra, restringir o nosso povo e isolá-lo”.
“Afirmamos que esta falsa declaração não tem base legal ou jurídica e nada mais é do que uma mensagem de desafio e imprudência”, afirmou o grupo num comunicado, apelando às Nações Unidas para que tomem “medidas punitivas contra esta entidade criminosa e os seus líderes nazis”.
O Hamas também alertou “contra o silêncio sobre as violações [de Israel] que aumentam a tensão e a escalada na região”.
No Médio Oriente a condenação tem sido geral, começando pela Jordânia que classificou como ilegal o plano israelita, que visa “alterar o estatuto histórico e jurídico existente na região, violando o direito internacional e minando os esforços de paz”.
Também o reino da Arábia Saudita se manifestou contra a aprovação de novos colonatos israelita na Cisjordânia ocupada.
“Isto viola todas as resoluções internacionais, o direito internacional dos direitos humanos e a Carta da ONU”, argumentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Riade, em comunicado. “Tais atos impedem que se alcance oportunidades de paz e estabilidade na região”.
Nesse sentido o reino reafirmou a “necessidade de acabar com o sofrimento e proporcionar esperança ao povo palestiniano”, assim como “permitir-lhe obter os seus direitos de viver em segurança e estabelecer o seu Estado palestiniano com as fronteiras de 1967 com Jerusalém Oriental como sua capital”.
As autoridades do Egito também condenaram a decisão do Executivo israelita, com o Ministério dos Negócios Estrangeiros a considerar que “viola as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e as normas do direito internacional”, para acrescentar que as “contínuas práticas de anexação e ocupação de territórios palestinianos por parte de Israel não alteram o ‘staus quo’ legal, histórico e demográfico” na região.
Outros 200 milhões de shekels (50 milhões de euros) estão designadamente destinados a projetos da associação Elad em 2024, que promove a expulsão de palestinianos em Jerusalém leste.
Israel ocupa o território da Cisjordânia e de Jerusalém leste desde a designada Guerra dos Seis Dias de 1967, e mantém desde então um amplo regime de ocupação militar e colonização do território palestiniano, que desde 2023 regista a maior escalada de violência das duas últimas décadas.
C/agências