No contexto da pandemia, as companhias aéreas recusam a ideia de deixar lugares vagos nos voos, alertando que esta medida conduziria à falência e ao aumento dos preços dos bilhetes. As empresas defendem que medidas como o uso obrigatório de máscara, a medição da temperatura e a apresentação do "passaporte de saúde" são suficientes.
As empresas rejeitam, no entanto, a colocação de alguns lugares livres nos voos para evitar o contágio da Covid-19 por considerarem que esta medida conduziria à falência ou ao aumento do preço dos bilhetes em 50 por cento.
A Comissão Europeia também se pronunciou sobre a retoma dos voos e mostrou-se igualmente contra a regra de colocar assentos vazios, reconhecendo que isso afetaria a viabilidade económica das operações.
“Temos de garantir equilíbrio entre a viabilidade económica de um voo e o número de passageiros e claro que é mais difícil manter grandes distâncias, pelo que é um risco que a pessoa assume, apesar de tudo”, declarou em entrevista à agência Lusa a comissária europeia dos Transportes, Adina Vălean.
“Não recomendo, como norma, manter espaços livres [entre passageiros]”, asseverou Vălean.
A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) é também contra a colocação de lugares vagos, explicando que a indústria requer uma ocupação de 77 por cento para ser rentável. A IATA explica que as despesas se multiplicariam e a medida exigiria um aumento dos preços dos bilhetes entre 43 e 54 por cento.
Companhias aéreas garantem “baixo risco” de transmissão
Os passageiros mostram-se inseguros pela inexistência de uma distância de segurança durante os voos. As companhias argumentam, por sua vez, que não existe nenhuma regulamentação até ao momento que assim o exija e garantem a segurança.
“O avião é provavelmente uma das melhores maneiras de viajar no mundo pós-Covid, porque o sistema de ventilação das cabines já foi projetado para purificar o ar que circula de cima para baixo, não de frente para trás ou da esquerda para a direita”, explicou o CEO da Airbus, Guillaume Faury, em entrevista ao jornal espanhol El País.
“Durante o voo, o ar da cabine é reciclado a cada dois ou três minutos. Os nossos aviões estão equipados com os mesmos filtros utilizados nos hospitais”, garantiu Faury.
“As evidências, embora limitadas, sugerem que o risco de transmissão de vírus a bordo de uma aeronave é baixo, mesmo sem medidas especiais”, disse o diretor executivo da IATA, Alexandre de Juniac.
O diretor administrativo da Airlines for Europe, Thomas Reynaert, também assegurou que “as companhias aéreas são experientes e sabem que existe um risco baixo de transmissão do vírus a bordo”.
“Qualquer forma de distanciamento físico é desnecessária, ineficaz e simplesmente impraticável, pois o mesmo resultado desejado pode ser alcançado ao usar máscara num ambiente já desinfetado”, defendeu ainda Reynaert.
Os especialistas levantam, porém, dúvidas relativamente a esta questão. Joan Ramón Villabí, membro do conselho de administração da Sociedade Espanhola de Saúde Pública e Administração Sanitária considera que ainda existe “muita incerteza”:
“Os voos foram interrompidos porque há sinais de transmissão nos aviões. Sabemos que o vírus é transmitido por gotículas que se formam ao tossir, falar ou espirrar e que viajam até um metro de distância. A uma distância inferior a dois metros, a máscara ajuda. Além disso, a renovação do ar num avião é limitada”, argumentou Villabí, citado por El País.
Relativamente a esta questão dos lugares vagos nos voos comerciais, a União Europeia anunciou que tentará chegar a um acordo para uma regra comum na próxima quarta-feira.