O Songkran comemora-se durante três dias a partir da primeira Lua cheia de abril, na Tailândia, Laos, Myanmar e Camboja. É o novo ano 2567 e começa este sábado. Isto porque está associado ao calendário lunissolar budista Theravada.
As celebrações nas ruas de Banguecoque, também conhecidas por Festival da Água, são um ponto alto nestes dias. Reúnem milhões de foliões que se envolvem nas tradicionais batalhas de água, representando, simbolicamente, a purificação.
Songkran, ou Ano Novo Tailandês, é o maior e mais importante festival anual da Tailândia. E porque o país se rege pelo calendário budista Theravada, baseado nos movimentos da lua e do sol, terá entrado do ano 2567.
Songkran, ou Ano Novo Tailandês, é o maior e mais importante festival anual da Tailândia. E porque o país se rege pelo calendário budista Theravada, baseado nos movimentos da lua e do sol, terá entrado do ano 2567.
O papel da água
O nome Songkran vem de uma antiga palavra sânscrita que significa “entrar” ou “passar para dentro” e refere-se ao movimento do zodíaco.
Em 2023, a UNESCO adicionou o Songkran à lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade, observando que se refere à passagem anual do sol pela constelação de Áries (Carneiro), o primeiro signo do Zodíaco, que marca o início do tradicional festival de Ano Novo tailandês.
“A água é um elemento importante durante Songkran, simbolizando a limpeza, reverência e boa sorte”, diz a inscrição da UNESCO.
Assim, o primeiro dia do festival é tradicionalmente marcado por limpezas e cerimónias que implicam deitar água perfumada nas imagens sagradas de Buda, nos templos. Este ato representa simbolicamente a purificação – ou a lavagem do ano anterior para dar as boas-vindas ao Ano Novo.
Nos templos, a população verte água sobre a imagem de Buda, ato que representa a purificação | Narong Sangnak - EPA
“Outras atividades abrangem verter água em imagens importantes de Buda, borrifar a família e amigos cam água, brincadeiras folclóricas, jogos, música e banquetes”, acrescenta o registo da Agência para o Património Cultural da ONU.
E é o que acontece no segundo dia. Os jovens prestam homenagem aos mais velhos, deitando mais uma vez água perfumada, mas agora sobre as suas mãos e os pés em troca de bênçãos e adornos de flores. São ainda feitas oferendas aos monges e templos.
Fora dos templos, é a loucura
Pipad Krajaejun, professor de história da Universidade Thammasat de Banguecoque, explica que não se sabe ao certo o momento em que este ritual de lançar água uns aos outros, na rua, tornou-se a apoteose da festa.
Songkran em Banguecoque| Narong Sangnak - EPA
“No entanto, fotos antigas tiradas por Boonserm Satraphai, de Chiang Mai, em 1964, mostram que inúmeras pessoas se envolveram em batalhas de água no rio Ping”, sublinhou Pipad à CNN Travel.
“De acordo com muitos idosos, as lutas com água têm ocorrido em vários lugares da Tailândia há 60 ou 70 anos”, acrescentou.
O professor destaca: “Cada região da Tailândia tem uma prática ligeiramente diferente; por exemplo, no norte da Tailândia – ou Lanna – as pessoas utilizam uma tromba d'água para deitar o líquido sobre uma imagem de Buda e não diretamente”.
A capital, Banguecoque, oferece inúmeras zonas de diversão com festas de música, dança e lutas aquáticas com canhões de água.
O turismo na Tailândia durante o Songkran é muito parecido com o Reveillon Ocidental, atraindo milhões de turistas esgotando a hotelaria.
As celebrações deste ano foram alargadas dos habituais três dias para três semanas para captar o maior número de turistas "dar um impulso muito necessário ao sector para recurerar dos anos da pandemia", diz o Governo tailandês.
Nas ruas, ninguém permanece com a roupa seca. Desde baldes de água gelada a mangueiradas, a “purificação” está em todo o lado. Os vendedores ambulantes fazem negócio com bolsas impermeáveis, pistolas de água e óculos de proteção para os esguichos.
E a falta de água encondida
Se os grandes hotéis têm capacidade de pagar contas extras em água, na ilha turística de Samui as celebrações escondem um problema antigo. A ilha está seca e por isso têm de comprar água, o que é um gasto muito alto nestes dias de festa.
“A água não corre há dois dias e meio”, diz Wachirawut Kulaphetkamthorn, dono de uma barbearia em Lamai, Samui, e que não consegue usar o duche. “No ano passado, a água chegou dia sim, dia não, mas esta semana não correu durante dois a três dias seguidos”, lamenta.
Wachirawut, citado no jornal britânico The Guardian, recorreu à compra de cinco tanques de água: “Eu não tenho nenhum plano alternativo. Acho que só preciso comprar mais água quando esta acabar".
O dono de um restaurante local conta que enche os tanques quando a água volta e isso geralmente o ajuda durante dois ou três dias, quando as torneiras voltam a secar. "Mas se a escassez durar mais tempo serei forçado a usar água potável cara", sublinha.
Wachirawut, citado no jornal britânico The Guardian, recorreu à compra de cinco tanques de água: “Eu não tenho nenhum plano alternativo. Acho que só preciso comprar mais água quando esta acabar".
O dono de um restaurante local conta que enche os tanques quando a água volta e isso geralmente o ajuda durante dois ou três dias, quando as torneiras voltam a secar. "Mas se a escassez durar mais tempo serei forçado a usar água potável cara", sublinha.