Comandante dos EUA insta Pequim a repensar táticas no Mar do Sul da China

por Lusa

Um comandante militar dos Estados Unidos instou hoje a China a reconsiderar as suas táticas "perigosas" no Mar do Sul da China, na primeira videochamada em mais de dois anos entre comandantes chineses e norte-americanos.

Wu Yanan, comandante do Comando do Teatro do Sul do Exército de Libertação Popular (ELP), e Samuel Paparo, comandante do Comando Indo-Pacífico dos Estados Unidos, realizaram hoje uma videochamada para "uma troca de pontos de vista aprofundada sobre questões de interesse comum", afirmou o Ministério da Defesa da China.

De acordo com o Comando Indo-Pacífico dos EUA, Paparo reforçou "a obrigação do ELP de cumprir as leis e normas internacionais para garantir a segurança operacional" e instou o exército chinês a "reconsiderar o uso de táticas perigosas, coercivas e que podem causar uma escalada dos atritos no Mar do Sul da China e não só".

Paparo disse esperar que as discussões possam continuar, de acordo com o comunicado.

O canal de comando ao nível do teatro de operações estava entre as vias de comunicação EUA-China cortadas por Pequim na sequência de uma visita a Taiwan, em agosto de 2022, da então presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi.

Altos funcionários de ambos os países disseram em várias ocasiões que poderiam retomar os mecanismos de comunicação no nível de comando do teatro.

O reatamento desse diálogo também fez parte do consenso alcançado numa cimeira entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o Presidente norte-americano, Joe Biden, em São Francisco, em novembro.

Este consenso foi reafirmado quando o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, visitou Pequim no final de agosto e se encontrou com o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi.

Wang sublinhou a insistência da China na soberania territorial e nos direitos marítimos sobre o Mar do Sul da China, afirmando que os EUA não devem "utilizar os tratados bilaterais como desculpa para minar a soberania da China" e não devem "apoiar ou tolerar as infrações das Filipinas", de acordo com a televisão estatal CCTV.

As reivindicações territoriais da China no Mar do Sul da China sobrepõem-se às das Filipinas, Vietname, Malásia e Brunei.

A Marinha do Comando do Teatro do Sul do ELP, que opera o porta-aviões Shandong, é responsável pelas atividades militares da China no Mar do Sul da China.

Nos últimos meses, registaram-se vários confrontos entre navios oficiais de Pequim e Manila perto de territórios disputados, incluindo o Atol Sabina (conhecido na China como Xianbin), o Atol Scarborough (conhecido pela China como ilha Huangyan) e o Atol Thomas Segundo (Renai Jiao).

As tensões no Mar do Sul da China suscitaram preocupações quanto a um potencial conflito militar que poderia envolver os EUA, aliados das Filipinas.

O diálogo militar de alto nível entre a China e os EUA está a ser gradualmente retomado na sequência da cimeira Xi-Biden, em novembro, sendo o Mar do Sul da China e Taiwan questões fundamentais nestas trocas de opiniões.

Pequim exigiu que Washington deixasse de armar Taiwan e condenou o seu empenho militar nas Filipinas.

Em 31 de maio, o ministro da Defesa chinês, Dong Jun, e o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, mantiveram conversações à margem da Conferência de Shangri-La, em Singapura, na sequência de uma videochamada realizada em abril.

Dong Jun instou os Estados Unidos a deixarem de enviar "sinais errados" às forças independentistas de Taiwan e acusou Washington de apoiar as Filipinas nas suas atividades no disputado Atol Thomas Segundo.

Em janeiro, os ministérios da Defesa da China e dos EUA realizaram conversações de coordenação da política de Defesa em Washington. A delegação chinesa instou os EUA a "reduzir a presença militar e as provocações no Mar do Sul da China e a deixar de apoiar as ações provocatórias de certos países".

 

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