Nas últimas 24 horas, foram 12 os membros do Governo com diferentes pastas e funções que abandonaram o executivo britânico com duras críticas a Boris Johnson. Depois da saída dos ministros da Saúde e Finanças na quarta-feira, foi agora a vez do ministro dos Serviços Financeiros e do secretário de Estado para a Infância e Família, entre outros e quadros importantes do Partido Conservador.
Em causa está a ligação de Boris Johnson a Chris Pincher, ex-responsável pela disciplina parlamentar dos deputados conservadores, que se demitiu do cargo após alegações de que teria apalpado dois homens na semana passada.
No entanto, outras denúncias de assédio de há vários anos implicavam o deputado conservador, casos que Boris Johnson terá desvalorizado. Na terça-feira, o primeiro-ministro britânico pediu desculpa por ter mantido a confiança em Chris Pincher apesar dos casos de assédio.
Para além das polémicas festas em Downing Street durante a pandemia, outros escândalos têm abalado o Executivo britânico nos últimos meses: em maio, um deputado conservador suspeito de violação foi detido e libertado sob fiança, e em abril um deputado do mesmo partido foi suspenso do cargo após ter visto pornografia no telemóvel enquanto estava no Parlamento.
Perante a sucessão de escândalos, o caso que envolve Chris Pincher foi a gota de água para vários elementos do governo, sobretudo pelas afirmações e desmentidos do primeiro-ministro e do seu gabinete acerca das várias alegações de assédio sexual que envolviam este parlamentar.
Na terça-feira iniciou-se a catadupa de demissões, com os ministros da Saúde e das Finanças a endereçarem cartas de resignação avassaladoras. Sajid Javid e Rishi Sunak indicam, nas respetivas missivas, que saem do Governo por questões de seriedade, competência e integridade política.
"Completa falta de confiança"
Nesta quarta-feira foi a vez do secretário de Estado para a Infância e Família. Will Quince afirmou que não tinha “escolha”, uma vez que ainda na segunda-feira tinha defendido Boris Johnson em declarações televisivas, recorrendo a briefings de Downing Street que “se sabe agora que não são verdade”.
Ao final da manhã, outra demissão de peso: o ministro dos Serviços Financeiros, John Glen. “Não posso conciliar o meu compromisso ao meu cargo e aos serviços financeiros com a completa falta de confiança na liderança no nosso país”, salienta o ministro demissionário na carta a Boris Johnson.
"Completa falta de confiança"
Nesta quarta-feira foi a vez do secretário de Estado para a Infância e Família. Will Quince afirmou que não tinha “escolha”, uma vez que ainda na segunda-feira tinha defendido Boris Johnson em declarações televisivas, recorrendo a briefings de Downing Street que “se sabe agora que não são verdade”.
Ao final da manhã, outra demissão de peso: o ministro dos Serviços Financeiros, John Glen. “Não posso conciliar o meu compromisso ao meu cargo e aos serviços financeiros com a completa falta de confiança na liderança no nosso país”, salienta o ministro demissionário na carta a Boris Johnson.
Na sequência dos escândalos e demissões, vários deputados do Partido Conservador estão a apresentar cartas de demissão e censura contra o primeiro-ministro. Só que Boris Johnson sobreviveu a uma moção de censura dentro do partido há apenas um mês e, segundo as atuais regras dos tories, não é possível apresentar uma nova moção de censura até junho do próximo ano, no âmbito das regras da “Comissão de 1922”.
Em declarações ao Telegraph, o ex-secretário do Brexit, David
Frost, que abandonou o Governo em dezembro, pediu ao primeiro-ministro
para que renuncie: “Se ele persistir, corre o risco de arrastar o
partido e o Governo com ele".
Agora, para além dos apelos à demissão do primeiro-ministro, os deputados conservadores sugerem também uma alteração aos regulamentos do partido de forma a que possa ocorrer a votação de uma nova moção de censura.