Cinco norte-americanos libertados pelo Irão a caminho dos EUA

por Graça Andrade Ramos - RTP
O avião das Linhas Aéreas do Qatar que transportou os cinco norte-americanos detidos no Irão e libertados ao abrigo de uma troca de prisioneiros, após aterrar em Doha Mohammed Dabbous - Reuters

Os cinco cidadãos norte-americanos detidos pelo Irão e cuja libertação foi combinada entre Washington e Teerão num raro acordo de troca de prisioneiros, viajaram esta segunda-feira de avião até ao Qatar, em escala no regresso aos Estados Unidos.

O aparelho das linhas aéreas do Qatar aterrou em Doha ao início da tarde em Portugal. Pelas 19h00 de Lisboa os ex-detidos prosseguiram viagem com destino a Washington, EUA, para se reunirem com as suas famílias.

Dos cinco norte-americanos agora libertados, apenas três foram identificados, como Emad Shargi, Morad Tahbaz e Siamak Namazi. Os dois primeiros estavam presos há cinco anos, enquanto Namazi encontrava-se detido desde 2015. A identidade dos outros dois foi divulgada. 

A Administração Biden revelou que a mãe de Effie Namazi, Siamak Namazi, e a mulher de Morad Tahbaz, Vida Tahbaz, até agora proibidas de abandonar o Irão, viajaram no mesmo voo, assim como o embaixador do Qatar em Teerão.

De acordo com um alto responsável norte-americano, sob anonimato, cinco cidadãos iranianos condenados ou intimados nos Estados Unidos beneficiaram por seu lado de uma concessão de clemência e foram libertados, numa outra alínea do acordo.

Dos cinco iranianos libertados, dois viajaram para o Qatar mas os outros três optaram por não regressar ao país.
"Regressam finalmente a casa"
O Presidente dos EUA, Joe Biden, confirmou a notícia, em comunicado, no qual agradeceu a ajuda aos governos do Qatar, de Oman, da Suíça e da Coreia do Sul.

Os cinco estão "finalmente" a caminho de casa, "depois de anos de agonia, incerteza e sofrimento", afirmou o Presidente norte-americano. "Hoje, cinco americanos inocentes que foram presos no Irão regressam finalmente a casa", escreveu Biden no comunicado publicado momentos antes do avião que os transportava aterrar em Doha.

"Estou grato aos nossos parceiros, internos e externos, pelos seus esforços incansáveis em ajudar-nos a alcançar este desfecho, incluindo os governo do Qatar, de Oman, da Suíça e da Coreia do Sul" referiu Biden.

"Agradeço de forma especial ao Emir do Qatar, o sheik Tamimbin Hamad, e ao Sultão de Oman, Haitham bin Tariq, os quais ajudaram ambos à obtenção deste acordo ao longo de muitos meses de diplomacia americana difícil e guiada por princípios", acrescentou.

Sabe-se que um dos ex-detidos agradeceu a Biden por ter "colocado a vida humana à frente da política".

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou já ter falado com os ex-detidos.
Seis mil milhões descongelados
O acordo de libertação dos cinco detidos foi revelado esta manhã por Nasser Kannani, ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão. Estipulou o desbloqueio de seis mil milhões de dólares congelados em contas iranianas na Coreia do Sul. 

Os cinco americanos, que Washington considerou sempre terem sido detidos sob falsos pretextos, entraram no avião qatari e descolaram de Teerão depois das autoridades do Qatar terem confirmado que o montante estava já no país e que iria regressar ao Irão.

A Administração Biden declarou que o valor só poderá ser utilizado para fins humanitários e que todas movimentações serão monitorizadas pelo Departamento do Tesouro norte-americano.

Mal foi confirmada a saída do Irão dos cinco norte-americanos, Washington anunciou a imposição de novas sanções, ao antigo Presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad e ao ministro dos serviços de informação iranianos. 

Joe Biden justificou a decisão também em comunicado, prometendo que os Estados Unidos iriam "continuar a sancionar o Irão pelas suas ações provocadoras na região".

O acordo com o Irão poderá custar caro a Biden. Alguns republicanos criticaram-no assim como outros detidos políticos no Irão.

Ambos os grupos acusaram Joe Biden de negociar com um "Estado terrorista" e consideraram que este acordo vai encorajar o Irão a deter mais norte-americanos como arma diplomática.

Um porta-voz das Nações Unidas disse esperar pelo contrário que o acordo de libertação traga algum aliviar de tensões entre Washington e Teerão.
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