Cinco detidos em protestos contra inabilitação do presidente regional

por Lusa

Cinco pessoas foram detidas em Barcelona na noite de segunda-feira durante manifestações que juntaram centenas de pessoas em Barcelona contra a inabilitação de Quim Torra como presidente do governo regional da Catalunha, anunciou hoje a polícia local.

As manifestações foram convocadas pelos Comités de Defesa da República (CDR), grupos ativistas criados em 2017 para facilitar o referendo sobre a independência da Catalunha, realizado a 01 de outubro desse ano, mas depois anulado pelo Tribunal Constitucional espanhol.

Na segunda-feira, o Supremo Tribunal espanhol confirmou a inabilitação por um ano e meio do presidente do governo regional da Catalunha por desobediência à junta eleitoral central, decisão que Quim Torra classificou como um "golpe arquitetado pelo Estado", defendendo que "a única forma de avançar é através do colapso democrático" com vista à independência da Catalunha.

Durante as manifestações, um grupo montou barricadas e queimou alguns contentores no centro da cidade, tendo a polícia regional (Mossos d`Esquadra) detido cinco pessoas por desordem pública.

A tensão começou quando centenas de manifestantes chegaram ao Parque da Ciutadella, às 21:15 locais (20:15 em Lisboa) e arrombaram uma das entradas que dá acesso às portas do Parlamento.

No interior do parque, alguns manifestantes atiraram pedras e materiais de construção contra os Mossos d`Esquadra, enquanto estes ordenavam, através de um megafone, que parassem de atirar objetos sob pena de a polícia ter de intervir.

Pouco antes das 22:00, os CDR deixaram o parque sem necessidade de intervenção antimotim da polícia, mas alguns manifestantes dirigiram-se à Ronda de Sant Pere, uma das principais ruas do centro da cidade, barricando a estrada com contentores e incendiando alguns, onde a polícia acabou por intervir.

O acórdão do Supremo que confirmou a inabilitação do presidente do governo regional, aprovado por unanimidade, obriga Torra a abandonar o cargo, durante um ano e meio, alegando que o presidente do governo regional desobedeceu de forma "persistente e obstinada" à junta eleitoral central, que garante a vigilância dos atos eleitorais em Espanha.

Quim Torra admitiu o ato de desobediência, durante o julgamento, declarando que não acatou a ordem da junta eleitoral que o obrigara a retirar as faixas de apoio aos presos do processo político que haviam sido colocadas em prédios públicos, durante o período eleitoral.

Quim Torra, que por causa desta decisão está impedido de exercer o cargo de líder do executivo catalão, apelou, por isso, às forças independentistas na região para converterem as próximas eleições em "um novo referendo" à independência.

Torra garantiu ainda que vai continuar a trabalhar "sem descanso" onde puder "ser útil".

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