Cimeira UE-Ucrânia. Bruxelas anuncia novos apoios a Kiev e assegura total apoio
A presidente da Comissão Europeia assegurou esta quinta-feira o total apoio da União Europeia à Ucrânia. Pouco depois, o chefe da diplomacia europeia anunciou a duplicação do número de soldados ucranianos a serem treinados pela UE para 30.000 este ano, assim como um novo apoio de 25 milhões de euros para a desminagem de áreas recapturadas. Ursula von der Leyen e Josep Borrell estão em Kiev na véspera de uma cimeira UE-Ucrânia, acompanhados também pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
“Estamos aqui juntos para mostrar que a UE está do lado da Ucrânia mais firmemente que nunca. E para aprofundar ainda mais o nosso apoio e cooperação”, acrescentou.
Good to be back in Kyiv, my 4th time since Russia‘s invasion.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) February 2, 2023
This time, with my team of Commissioners.
We are here together to show that the EU stands by Ukraine as firmly as ever.
And to deepen further our support and cooperation. pic.twitter.com/zf8fvoNKnG
Von der Leyen está acompanhada pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, e outros 14 responsáveis políticos da Comissão Europeia, para se reunirem com membros do Governo ucraniano, incluindo o presidente Volodymyr Zelensky.
Bruxelas descreveu esta visita e a cimeira como um "símbolo forte" do compromisso europeu de apoiar a Ucrânia "face à agressão injustificada" da Rússia.
A cimeira acontece numa altura em que Kiev quer acelerar o processo de adesão à UE, caminho que deverá ser longo, devido às reformas necessárias mas difíceis de realizar por Kiev, principalmente num contexto de guerra.
UE duplica número de soldados a serem treinados
No encontro com Zelensky na sexta-feira, a UE deverá discutir o envio de mais armas e apoio financeiro à Ucrânia, assim como o aumento do acesso de produtos ucranianos ao mercado europeu. Em cima da mesa deverão estar ainda as necessidades de energia de Kiev e a aplicação de mais sanções à Rússia.
Esta quinta-feira, Josep Borrell anunciou a duplicação do número de soldados ucranianos a serem treinados pela UE para 30.000 este ano, prometendo também 25 milhões de euros para a desminagem de áreas recapturadas pela Ucrânia.
"A Europa permanece unida à Ucrânia desde o primeiro dia. E continuará do vosso lado para vencer e reconstruir", escreveu no Twitter o alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros.
Russia brought war back to Europe, but Ukraine keeps fighting back. Glad to announce to PM @Denys_Shmyhal that EU Military Assistance Mission #EUMAM will train additional 15.000 Ukrainian soldiers, taking the total number of EUMAM trained personnel to 30.000.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) February 2, 2023
(1/2) pic.twitter.com/cLTspN6MBz
Bruxelas já destinou, desde o início da guerra, quase 60 mil milhões de euros em ajuda à Ucrânia, incluindo quase 12 mil milhões em apoio militar e 18 mil milhões para ajudar a governar o país este ano, mas recusa-se a oferecer um caminho rápido para a adesão do país à UE.
"A simples verdade é que ainda não chegamos a essa fase", disse um membro da UE à agência Reuters.
Moscovo compara UE aos nazis
Em reação ao encontro entre Bruxelas e Kiev, Moscovo acusou esta quinta-feira a Europa de querer pôr fim à "questão russa" e comparou-a aos nazis, apontando o dedo a Ursula von der Leyen.
“[A presidente da Comissão Europeia] declarou que o resultado da guerra deve ser a derrota da Rússia (...), de modo a que não recuperemos durante décadas”, criticou o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, numa entrevista à televisão russa.
“Isto não é racismo, nazismo e uma tentativa de resolver a questão russa?”, questionou, comparando a situação à “solução final da questão judaica”, o holocausto orquestrado pelas forças nazis.
Segundo Lavrov, o Ocidente não usa “câmaras de gás”, mas faz de tudo “para que a Rússia deixe de existir como potência”. O responsável usou como exemplo o apoio militar cedido pelas forças ocidentais à Ucrânia, considerando-o uma “escalada” no conflito, nomeadamente devido à entrega de armamento de longo alcance.
Já o presidente Vladimir Putin, procurando mais uma vez justificar a invasão, acusou, pela primeira vez, a Ucrânia de nazismo e o Ocidente de cumplicidade. O líder russo deverá liderar esta quinta-feira as cerimónias do 80.º aniversário da vitória soviética na Batalha de Stalinegrado.