Cimeira do G7 com destaque para as vacinas, recuperação pós-pandemia e visita especial de Joe Biden
A 47ª cimeira do G7 começa esta sexta-feira na Cornualha, no Reino Unido. Com Boris Johnson como anfitrião, é a primeira vez, em dois anos, que os líderes deste grupo se reúnem presencialmente. O combate global à Covid-19, a distribuição de vacinas e a recuperação pós-pandemia serão os principais tópicos deste encontro que decorre até domingo, mas a viagem de Joe Biden à Europa, a participação nas cimeiras e as negociações agendadas com os aliados ocidentais são já considerados importantes marco no clima político desta cimeira.
A cerca de 500 quilómetros de Londres, na Baía de Carbis, na Cornualha, os membros do G7 pretendem discutir, ao longo destes três dias, questões como a vacinação contra a Covid-19, a recuperação da economia global após a pandemia, as alterações climáticas e questões diplomáticas com a China e a Rússia. Joe Biden anunciou já esta sexta-feira que estão em cima da mesa medidas para uma "recuperação económica mais justa, sustentável e inclusiva que responda aos desafios únicos" que se vivem atualmente.
O Presidente norte-americano e os líderes do Grupo dos Sete países mais ricos - Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido - concordaram em continuar as suas políticas de apoio à economia global "enquanto for necessário" para criar uma recuperação "forte e equilibrada", de acordo com uma declaração da Casa Branca. Os membros do G7, as sete economias mais desenvolvidas do mundo, têm como objetivo que a saída da crise gerada pela Covid-19 "beneficie a classe média e as famílias trabalhadoras".
Mil milhões de vacinas contra a covid-19, um sistema de alerta mundial para novas pandemias e financiamento do ensino de raparigas em países em desenvolvimento são algumas das metas propostas pelo primeiro-ministro britânico para a cimeira do G7. Num texto publicado, esta sexta-feira, sobre os objetivos para a reunião de líderes internacionais, que vai decorrer até domingo em Carbis Bay, na Cornualha, sudoeste de Inglaterra, no âmbito da presidência rotativa do grupo a cargo do Reino Unido, Boris Johnson propõe uma "agenda para a recuperação mundial".
"Quero que o G7 adote uma meta exigente, mas profundamente necessária: fornecer mil milhões de doses aos países em desenvolvimento para vacinar todas as pessoas do mundo até o final do ano que vem", propõe.
"Quero que o G7 adote uma meta exigente, mas profundamente necessária: fornecer mil milhões de doses aos países em desenvolvimento para vacinar todas as pessoas do mundo até o final do ano que vem", propõe.
O acesso equitativo às vacinas contra a Covid-19, com ênfase na redistribuição de doses excedentes dos países membros do G7 é a prioridade da agenda desta cimeira, onde também será debatida a transferência de tecnologias e recursos de países e farmacêuticas que facilitem e aumentem a produção de vacinas.
Joe Biden sugeriu, entretanto, a suspensão de patentes, mas esta proposta está a encontrar resistência dos restantes líderes do G7, tendo o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, defendido que esta não é a solução.
"Queremos concentrar-nos em propostas concretas, como a promoção de licenciamento voluntário e transferência de conhecimento e partilha de patentes em termos mutuamente acordados", disse ainda em Bruxelas, antes da partida para o encontro.
"Queremos concentrar-nos em propostas concretas, como a promoção de licenciamento voluntário e transferência de conhecimento e partilha de patentes em termos mutuamente acordados", disse ainda em Bruxelas, antes da partida para o encontro.
Também a União Europeia espera que desta cimeira resulte uma maior transparência sobre a produção e exportação de vacinas contra a covid-19.
"Desde o início assegurámos que vacinação doméstica avançasse ao mesmo tempo que as exportações para o resto do mundo", afirmou Ursula von der Leyen, vincando que, das 700 milhões de doses produzidas na UE desde dezembro, cerca de 350 milhões doses foram exportadas para mais de 90 países.
"Há algumas semanas convidei outros [líderes] a praticar mais abertura e fico satisfeita por ver que o rascunho do comunicado [final do G7] vai refletir isso", acrescentou, na qunta-feira, numa conferência de imprensa.
"Desde o início assegurámos que vacinação doméstica avançasse ao mesmo tempo que as exportações para o resto do mundo", afirmou Ursula von der Leyen, vincando que, das 700 milhões de doses produzidas na UE desde dezembro, cerca de 350 milhões doses foram exportadas para mais de 90 países.
"Há algumas semanas convidei outros [líderes] a praticar mais abertura e fico satisfeita por ver que o rascunho do comunicado [final do G7] vai refletir isso", acrescentou, na qunta-feira, numa conferência de imprensa.
Reino Unido doa 100 milhões de doses excedentes
Ao iniciar a cimeira, esta sexta-feira, o Reino Unido anunciou que vai doar 100 milhões de vacinas contra a Covid-19 excedentes, das quais 25 milhões até ao final de 2021.
O objetivo é, segundo informou Boris Johnson, entregar o primeiro lote de cinco milhões de doses antes do final de setembro, altura em que se prevê que toda a população adulta britânica já esteja imunizada e que já esteja a decorrer a vacinação em crianças.
A novidade chega um dia depois de a Casa Branca confirmar que os Estados Unidos vão comprar 500 milhões de doses da vacina Pfizer para serem distribuídas por 92 países desfavorecidos, 200 milhões das quais até ao final do ano e as restantes na primeira metade de 2022.
Segundo um comunicado, 80 milhões das doses britânicas vão para a Covax, a iniciativa liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que visa assegurar vacinas a países de médio e baixo rendimento, e as restantes serão partilhadas de forma bilateral.
"Como resultado do sucesso do programa de vacinas do Reino Unido, estamos agora em posição de partilhar algumas das nossas doses excedentes com aqueles que precisam delas. Ao fazê-lo, daremos um grande passo no sentido de vencer esta pandemia para sempre", lê-se na nota.
No total, o Governo britânico encomendou 517 milhões de doses de diferentes vacinas para uma população total de cerca de 66 milhões de pessoas, mas argumenta necessitar de vacinas suficientes para reforços ou para responder a novas variantes.
Ao iniciar a cimeira, esta sexta-feira, o Reino Unido anunciou que vai doar 100 milhões de vacinas contra a Covid-19 excedentes, das quais 25 milhões até ao final de 2021.
O objetivo é, segundo informou Boris Johnson, entregar o primeiro lote de cinco milhões de doses antes do final de setembro, altura em que se prevê que toda a população adulta britânica já esteja imunizada e que já esteja a decorrer a vacinação em crianças.
A novidade chega um dia depois de a Casa Branca confirmar que os Estados Unidos vão comprar 500 milhões de doses da vacina Pfizer para serem distribuídas por 92 países desfavorecidos, 200 milhões das quais até ao final do ano e as restantes na primeira metade de 2022.
Segundo um comunicado, 80 milhões das doses britânicas vão para a Covax, a iniciativa liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que visa assegurar vacinas a países de médio e baixo rendimento, e as restantes serão partilhadas de forma bilateral.
"Como resultado do sucesso do programa de vacinas do Reino Unido, estamos agora em posição de partilhar algumas das nossas doses excedentes com aqueles que precisam delas. Ao fazê-lo, daremos um grande passo no sentido de vencer esta pandemia para sempre", lê-se na nota.
No total, o Governo britânico encomendou 517 milhões de doses de diferentes vacinas para uma população total de cerca de 66 milhões de pessoas, mas argumenta necessitar de vacinas suficientes para reforços ou para responder a novas variantes.
Ainda no âmbito do G7, Johnson quer dos líderes internacionais um impulso para aumentar a resiliência da saúde mundial, acelerando o desenvolvimento de vacinas, tratamentos e testes contra novos vírus de 300 a 100 dias.
"Precisamos de fortalecer a nossa capacidade coletiva de prevenir outra pandemia e dar um alerta imediato para ameaças futuras, incluindo a criação de uma rede de centros de vigilância - um Radar Pandémico Internacional", adianta num comunicado divulgado esta sexta-feira de manhã.
O chefe do Executivo britânico alude ao impacto que esta pandemia teve na educação nos países em desenvolvimento, sobretudo de raparigas, muitas das quais corem o risco de não regressar à escola.
"A nossa meta comum deve ser conseguir mais 40 milhões de raparigas na escola até 2025. Vou pedir ao G7 e aos nossos convidados que contribuam mais para a meta da Parceria Global para a Educação de recolher cinco mil milhões de dólares (4,1 mil milhões de euros) para escolas no mundo em desenvolvimento", prometeu.
"Precisamos de fortalecer a nossa capacidade coletiva de prevenir outra pandemia e dar um alerta imediato para ameaças futuras, incluindo a criação de uma rede de centros de vigilância - um Radar Pandémico Internacional", adianta num comunicado divulgado esta sexta-feira de manhã.
O chefe do Executivo britânico alude ao impacto que esta pandemia teve na educação nos países em desenvolvimento, sobretudo de raparigas, muitas das quais corem o risco de não regressar à escola.
"A nossa meta comum deve ser conseguir mais 40 milhões de raparigas na escola até 2025. Vou pedir ao G7 e aos nossos convidados que contribuam mais para a meta da Parceria Global para a Educação de recolher cinco mil milhões de dólares (4,1 mil milhões de euros) para escolas no mundo em desenvolvimento", prometeu.
Na semana passada, recorde-se, o primeiro-ministro britânico apelou aos outros líderes do G7 que colaborassem na vacinação global até ao final de 2022, e afirmou que esperava que na cimeira deste fim de semana fossem alcançados compromissos de fornecer, pelo menos, mil milhões de doses, seja por donativos de excedentes ou financiamento.
O Reino Unido, os Estados Unidos e a União Europeia já têm mais de 50 por cento da população vacinada com uma dose, mas no continente africano só dois por cento da população está imunizada e a média mundial é de 12 por cento.
Participação de Biden é viragem no clima político
O Reino Unido será o primeiro país estrangeiro que o Presidente norte-americano vai visitar desde que está em funções. Apesar da proximidade com o antecessor Donald Trump, Boris Johnson os especialistas apontam mais afinidades com Joe Biden a nível político, nomeadamente em termos de combate às alterações climáticas, defesa do comércio livre e cooperação internacional.
A participação de Joe Biden é considerada uma oportunidade para uma maior união em termos de política externa, sendo esperadas, entre outras, discussões e declarações sobre as situações em Myanmar, Afeganistão, Etiópia, Bielorrússia, Líbia e Irão.
De acordo com alguns especialistas, a intenção de Biden para esta cimeira é chegar a um entendimento entre grandes democracias liberais, alcançar uma resposta coordenada às questões universais e de fazer frente às ambições globais da China e às ameaças que a Rússia possa representar.
O próprio primeiro-ministro britânico afirmou, na quinta-feira, após um encontro bilateral antes da cimeira do G7, que a relação entre o Reino Unido e Estados Unidos é de "importância estratégica" e o presidente norte-americano uma "lufada de ar fresco".
"Não penso que seja um exagero dizer que a relação entre o Reino Unido e os Estados Unidos (…) é de importância estratégia para a prosperidade, segurança do mundo, para todas as coisas em que acreditamos juntos: a democracia, direitos humanos, estado de direito", afirmou em Carbis Bay, na Cornualha.
Boris Johnson, por seu lado, disse que debateu com Joe Biden uma "grande variedade de assuntos" e que o presidente norte-americano disse que quer trabalhar em conjunto em questões como a segurança e a NATO ou as alterações climáticas.
"É uma lufada de ar fresco a quantidade de coisas que quer fazer em conjunto", acrescentou, em declarações após o encontro.
Já Biden considerou que a reunião foi "muito produtiva" na discussão de uma série de temas de cooperação, reafirmando a "relação especial" entre os dois países.
Questões de política externa, como o Afeganistão, China, Irão e Rússia foram abordadas, bem como a discussão de um futuro acordo de comércio entre o Reino Unido e EUA, adiantou o Governo britânico num comunicado. Johnson e Biden assinaram ainda um documento com base nos compromissos e aspirações estabelecidos há 80 anos pelos antecessores Franklin D. Roosevelt e Winston Churchill na Carta do Atlântico e que resultou nas Nações Unidas e NATO.
Este documento visa "aprofundar a cooperação em democracia e direitos humanos, defesa e segurança, ciência e inovação e prosperidade económica, com esforços conjuntos renovados para enfrentar os desafios colocados pelas alterações climáticas, perda de biodiversidade e ameaças emergentes à saúde".
Segundo Biden, a Carta foi revista para incluir "desafios chave deste século".
Questões de política externa, como o Afeganistão, China, Irão e Rússia foram abordadas, bem como a discussão de um futuro acordo de comércio entre o Reino Unido e EUA, adiantou o Governo britânico num comunicado. Johnson e Biden assinaram ainda um documento com base nos compromissos e aspirações estabelecidos há 80 anos pelos antecessores Franklin D. Roosevelt e Winston Churchill na Carta do Atlântico e que resultou nas Nações Unidas e NATO.
Este documento visa "aprofundar a cooperação em democracia e direitos humanos, defesa e segurança, ciência e inovação e prosperidade económica, com esforços conjuntos renovados para enfrentar os desafios colocados pelas alterações climáticas, perda de biodiversidade e ameaças emergentes à saúde".
Segundo Biden, a Carta foi revista para incluir "desafios chave deste século".
Alterações climáticas e iniciativas globais
As alterações climáticas, a par do combate à pandemia, são uma das prioridades do G7. O regresso dos EUA ao Acordo de Paris representa também uma oportunidade para avançar com mais compromissos no combate às alterações climáticas.
Boris Johnson, que também vai presidir à cimeira sobre as alterações climáticas COP26 em novembro em Glasgow, pretende usar o G7 para alavancar e acelerar iniciativas no sentido de reduzir emissões de gases com efeitos de estufa e promover energias limpas.
O primeiro-ministro britânico tem a ambição de desenvolver uma "revolução industrial verde" para reduzir para metade as emissões de gases do efeito estufa até 2030. Para preservar a biodiversidade, pretende que o G7 se comprometa a proteger "pelo menos 30 por cento" da Terra e dos Oceanos.
Os líderes das sete grandes economias mundiais também prevêm promover o investimento em infraestruturas limpas nos países em desenvolvimento para estimular e obter a neutralidade de carbono das suas economias.
O objetivo, segundo comunicado da Casa Branca, é oferecer um contrapeso às "novas rotas da seda", um importante projeto da China para construir infraestruturas no exterior e aumentar a sua influência.
Em maio, recorde-se, os ministros com a pasta do Meio Ambiente do G7 comprometeram-se a acabar com os subsídios públicos às centrais de energia elétrica que utilizam carvão, com a promessa de "esforços ambiciosos e acelerados" para reduzir as emissões de CO2.
O primeiro-ministro britânico tem a ambição de desenvolver uma "revolução industrial verde" para reduzir para metade as emissões de gases do efeito estufa até 2030. Para preservar a biodiversidade, pretende que o G7 se comprometa a proteger "pelo menos 30 por cento" da Terra e dos Oceanos.
Os líderes das sete grandes economias mundiais também prevêm promover o investimento em infraestruturas limpas nos países em desenvolvimento para estimular e obter a neutralidade de carbono das suas economias.
O objetivo, segundo comunicado da Casa Branca, é oferecer um contrapeso às "novas rotas da seda", um importante projeto da China para construir infraestruturas no exterior e aumentar a sua influência.
Em maio, recorde-se, os ministros com a pasta do Meio Ambiente do G7 comprometeram-se a acabar com os subsídios públicos às centrais de energia elétrica que utilizam carvão, com a promessa de "esforços ambiciosos e acelerados" para reduzir as emissões de CO2.
A China deve ocupar um papel importante durante a cimeira do G7, com apelos para uma maior coordenação entre os países, para enfrentar os desafios suscitados pela ascensão do gigante asiático no comércio, na segurança geopolítica e no clima.
A cimeira do G7 começa esta sexta-feira e decorre até domingo, juntando presencialmente, pela primeira vez em dois anos, dirigentes dos países do G7 e da União Europeia. Sob a presidência do Reino Unido, para esta edição foram convidados também o Secretário-geral da ONU, António Guterres, e os líderes da Austrália, África do Sul, Coreia do Sul e Índia (que vai intervir por videoconferência).
A maioria dos participantes chega esta sexta-feira à Cornualha para a primeira sessão plenária, intitulada "Reconstruir Melhor da Covid-19", prevista para começar às 14h30 horas.
À noite, os líderes mundiais vão encontrar-se com o Príncipe Carlos, herdeiro do trono e ambientalista ativo, seguindo-se uma receção com a Rainha Isabel II, Príncipe Carlos e a mulher, Camilla, e os Duques de Cambridge, William e Kate.
Os trabalhos serão retomados no sábado, com sessões dedicadas à economia, política externa e saúde, concluindo no domingo com discussões sobre o ambiente. No entanto, são esperadas várias reuniões bilaterais à margem da cimeira, nomeadamente entre a União Europeia e o Reino Undo para discutir as divergências relacionadas com a aplicação na Irlanda do Norte do acordo para o Brexit.