Cientistas desenvolvem ovário artificial

por RTP
Serão necessários entre cinco a dez anos até implantar estes óvulos em mulheres Wolfgang Rattay - Reuters

Um grupo de cientistas dinamarqueses deu um novo passo na prevenção da infertilidade. Através da sua pesquisa conseguiu construir a estrutura de um óvulo artificial. No futuro, este pode ajudar mulheres a preservar a sua fertilidade, após terem realizado tratamentos para o cancro.

Uma equipa de cientistas de Copenhaga conseguiu produzir um ovário artificial. O objetivo é dar a mulheres que tenham sofrido cancro a possibilidade de conceber um filho.

O recurso a tratamentos de cancro, como a quimio e a radioterapia, pode danificar os ovários, tornando as mulheres inférteis. Desta forma, as mulheres diagnosticadas com cancro podem preservar a sua fertilidade de duas formas.

Uma das opções passa por congelar os seus óvulos e, assim que a mulher estiver curada de cancro, tentar a fertilização in-vitro. A segunda técnica consiste em transferir tecido dos ovários: uma parte do tecido é retirado antes de a mulher proceder a algum tratamento de cancro, para depois ser congelado e reimplantado.

No entanto, esta segunda opção acarreta alguns riscos. Como o tecido dos ovários é removido antes do tratamento para o cancro, há a probabilidade de conter células malignas. Ao reimplantar este tecido, existe a preocupação de que a mulher possa voltar a ter cancro.

O risco de tal acontecer é baixo. Contudo, mulheres com cancros no útero ou leucemia não podem receber este tipo de transplante.
Implante ainda só foi testado em ratos
Susanne Pors, co-autora do estudo, acredita que os ovários artificiais podem ser uma solução mais segura. Para os produzirem, os cientistas pegaram em ovários de mulheres prestes a começar tratamentos de cancro e removeram todas as células do tecido. Deste processo resultou uma “estrutura”, feita maioritariamente de colagénio.

Posteriormente, os cientistas implantaram nessa “estrutura” folículos (pequenas células em forma de saco) que armazenam óvulos até à sua libertação.

Estes ovários artificiais já foram implantados em ratos. O seu sistema conseguiu sustentar 20 folículos humanos e, ao fim de três semanas, um quarto dos folículos tinha sobrevivido.

“Esta é a primeira prova de que conseguimos desenvolver estas células. É um passo importante no desenvolvimento da técnica”, declarou Pors ao jornal The Guardian.

Apesar da importância do passo, a cientista admite que “serão precisos vários anos até conseguirmos implantar estes ovários numa mulher”. Mais concretamente, entre cinco a dez anos, segundo declarações que faz ao jornal The Guardian.

Por enquanto, o grupo de cientistas apresenta a sua descoberta nesta segunda-feira, no congresso anual da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, em Barcelona.
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