Cientistas defendem a designação pelas Nações Unidas de um novo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que vise a conservação e o uso sustentável da órbita da Terra e a prevenção da acumulação de lixo espacial.
Atualmente existem 17 ODS, adotados em 2015 pelos membros das Nações Unidas e que abrangem itens como pobreza, fome, saúde, educação, aquecimento global, igualdade de género, água, saneamento, energia, urbanismo, meio ambiente e justiça social.
Num artigo hoje divulgado na publicação da especialidade One Earth, peritos internacionais, nomeadamente das áreas da tecnologia de satélites e poluição dos oceanos por plásticos, sugerem um 18.º ODS, dedicado à proteção da órbita terrestre.
No artigo, citado em comunicado pela Universidade de Plymouth, no Reino Unido, onde trabalham alguns dos autores, os cientistas salientam que há cerca de uma centena de países envolvidos a vários níveis na atividade espacial e que quase 20 mil satélites foram enviados para a órbita da Terra desde os anos 1950.
Apesar dos benefícios para a sociedade, desde a monitorização dos ecossistemas até às comunicações, os satélites, quando chegam ao fim da sua vida útil, podem acumular-se no espaço como lixo, ameaçando a segurança de astronautas e o desempenho de outros engenhos em atividade.
Há cerca de dois anos, vários destes cientistas defenderam, num artigo publicado na revista Science, um tratado internacional juridicamente vinculativo que garanta que a órbita da Terra não será irreparavelmente prejudicada pela futura expansão da indústria espacial à escala mundial.
Segundo os especialistas, qualquer tratado vinculativo para a proteção da órbita terrestre contra a poluição por lixo espacial deverá incluir medidas que responsabilizem fabricantes e utilizadores de satélites a partir do momento em que são lançados para o espaço.
Os custos comerciais devem ser considerados na responsabilização.
Estimativas apontam para que até 2030 haja mais de 60 mil satélites na órbita da Terra, onde circulam milhares de milhões de restos de antigos satélites não rastreados.