O último relatório do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) avisa que mundo deve abandonar urgentemente os combustíveis fósseis. O alerta de cientistas e ativistas surge numa altura em que os governos se debatem com alterações de última hora ao documento.
Os membros do IPCC aconselham uma mudança rápida dos combustíveis fósseis nos próximos oito anos e o uso generalizado da tecnologia de remoção de carbono para limitar o aquecimento global.
O IPCC é um organismo criado no âmbito das Nações Unidas para sintetizar o conhecimento sobre alterações climáticas.
No entanto, cientistas e governos estiveram em desacordo sobre várias questões, como o montante do financiamento necessário para que os países em desenvolvimento enfrentem a crise climática, ou que ênfase dar a políticas como a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis.
Os governos foram acusados de tentarem diluir as conclusões dos cientistas e as negociações prolongaram-se durante várias horas. A versão final do relatório deve ser conhecida nas próximas horas.
Segundo o jornal britânico The Guardian, a Índia tem exigido mudanças fundamentais em questões que incluem as finanças, juntamente com a Arábia Saudita, que quer um papel contínuo para os combustíveis fósseis, enquanto outros países, como a China e o Equador, também se pronunciaram sobre outros pontos. A Rússia, ao contrário do que alguns temiam, tem desempenhado um papel mais discreto. Ao passo que o relatório - com centenas de páginas e baseado no trabalho de milhares de cientistas ao longo dos últimos anos – é redigido por investigadores, o resumo é editado com a contribuição de cada Estado-membro da ONU que deseje ser representado.
Uma parte essencial do relatório irá detalhar o que o mundo pode fazer até 2030 para limitar o aquecimento global.
Muitos países, incluindo os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido, estão a reconsiderar a sua dependência de combustíveis fósseis face à guerra na Ucrânia, que levou os já elevados preços da energia a valores recordes. A energia é agora vista como uma questão de segurança nacional e a crise no custo de vida em muitos países está a forçar os governos a repensarem formas de proteger os cidadãos dos preços elevados e da rutura climática.
O documento, que aponta soluções para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, e que se segue a outros dois, de agosto de 2021 e fevereiro último, aborda as possíveis formas de desacelerar o aquecimento global em setores como energia, transportes, indústria e agricultura.
A primeira publicação alertava para a aceleração do aquecimento global, prevendo que o limiar de +1,5°C em relação à era pré-industrial - a meta mais ambiciosa do Acordo de Paris - poderia ser alcançado perto de 2030.
O segundo documento, finalizado em fevereiro, enfatizou que retardar a ação reduz as hipóteses de um "futuro habitável".