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"Cidades de mísseis" no Irão albergam arsenal para "qualquer ameaça"

por Carla Quirino - RTP
Exército iraniano

A Guarda Revolucionária do Irão revelou que dispõe de três grandes bases militares subterrâneas repletas de armamento. Os comandantes do principal ramo das Forças Armadas do regime dos ayatollahs garantem estar preparados para uma guerra prolongada.

Nos últimos três meses o Irão tem exibido e testado novas armas defensivas e ofensivas durante exercícios militares em larga escala, de noite e de dia.

Algures em solo iraniano, há um grande arsenal de armamento guardado. A televisão estatal da República Islâmica mostrou algumas dessas áreas secretas e classificou-as como “grandes cidades de mísseis”. Diz serem três bases militares com dezenas de projéteis balísticos - há mísseis montados em lançadores móveis para rápida implantação.

A estação televisiva Al Jazeera cita a lista que especifica parte do arsenal.

  • Khorramshahr-4, um foguete de combustível líquido com alcance de dois mil quilómetros e uma ogiva atualizada que supostamente pesa até duas toneladas;


  • Jahad, um foguete de combustível líquido que pode atingir até mil quilómetros com uma ogiva de 650 quilos;


  • L360, um foguete de combustível sólido que pode atingir 180 quilómetros e transportar 150 quilos de explosivos;


  • Qadr, um foguete de dois estágios que pode viajar até dois mil quilómetros e transportar uma ogiva pesando até 750 quilos;


  • Emad, um míssil de combustível líquido com alcance de cerca de 1.800 quilómetros e ogivas de até 750 quilos.

O Irão alega estar a preparar-se para enfrentar os desafios de 2025, desde logo face às ameaças com origem na América de Donald Trump e aos bombardeamentos israelitas a instalações nucleares, infraestruturas energéticas e militares iranianas.

Teerão já prometeu, de resto, uma terceira resposta aos ataques de Telavive.

Para já, o exército iraniano e a Guarda Revolucionária têm estado ocupados em exercícios militares, levantando o véu sobre inúmeras armas de última geração. Os militares batizaram as operações de Eqtedar, Zolfaqar e Grande Profeta. Têm sido levadas a cabo no Irão, no Mar de Omã e no norte do Oceano Índico.


As "megacidades de mísseis subterrâneas | Exército iraniano

“Segurança estável sob autossuficiência, unidade e poder” é o lema dos exercícios que visam testar uma série de capacidades, integrando novas tecnologias e táticas avançadas de combate.

“O exercício deste ano destaca-se pela introdução de táticas inovadoras que foram desenvolvidas com base em experiências operacionais passadas e no cenário em evolução da guerra moderna”, disse o brigadeiro-general Sheikh, citado no Tehran Times.

“Analisámos de perto as ameaças anteriores e incorporámos os últimos avanços em tecnologia militar para aprimorar as nossas capacidades defensivas. Um foco principal tem sido alavancar a inteligência artificial e a precisão de mira para criar uma estratégia de campo de batalha mais integrada e eficaz. Ao combinar diferentes sistemas de combate em configurações únicas, pretendemos desafiar as doutrinas de defesa convencionais e introduzir um novo nível de flexibilidade operacional", acrescentou.
No mar e no ar
A Marinha iraniana revelou parcialmente uma base naval subterrânea secreta, ao longo da costa sul do Irão. Nesta instalação foram descritas centenas de lanchas rápidas com mísseis e minas antinavio. 

Foi ainda mostrado um novo míssil de cruzeiro: o projétil antinavioQadr-380 pode voar mais de mil quilómetros, o que significa que o Irão será capaz de atacar navios a partir do seu território.

Na calha está também um novo míssil de cruzeiro supersónico antinavio com alcance de dois quilómetros. Será revelado em breve.


A Força Terrestre e Guarda Revolucionária exibiram uma série de mísseis inteligentes e drones de combate desenvolvidos internamente como parte de um exercício de prontidão militar em larga escala na província de Khuzestan, no sudoeste do Irão.

A revelação dos militares ocorreu durante a segunda fase dos exercícios Payambar-e-A'azam 19 - O Grande Profeta 19 -, que começaram a meio de fevereiro na zona de combate de Shaveriyeh | Exército iraniano

Nos exercícios voaram diversos modelos de caças, tanto nacionais como o Saeqeh e o Azarakhsh, como muitos modelos antigos dos EUA e da Rússia que datam de antes da revolução iraniana de 1979. O caça mais recente Yak-130, de fabrico russo, marcou presença, coadjuvado com caças MiG-29. Intercetaram um drone inimigo com sucesso.

O jato subsónico de dois lugares Yak-130 foi entregue por Moscovo em setembro de 2023 para treinar pilotos. Entretanto, o Irão encomendou os modernos caças Su-35, mas ainda não os recebeu.
Diversidade de cenários de guerra
Os exercícios tiveram lugar em diferentes cenários, tanto desérticos ou ao longo da costa, de dia e de noite. No terreno, soldados e comandos das forças especiais realizaram exercícios de operações anfíbias.

Nas operações estiveram veículos blindados pesados, como o tanque de batalha principal Karrar, de fabrico iraniano, e o porta-aviões BMP2, de fabrico russo.

Os navios de guerra Jamaran e Zagros foram mostrados em ação, assim como um grande número de lanchas rápidas.

Na exibição não faltou o seu recém-revelado Heydar 110. Um catamarã que pode transportar dois mísseis de cruzeiro. O IRGC afirmou que este veículo náutico não tripulado é o mais rápido do mundo podendo atingir uma velocidade de mais de 200 quilómetros por hora.


O Irão fez também testes com várias classes de submarinos, como o Tareq, Fateh e Ghadir. Os militares iranianos declararam que foram lançados torpedos domésticos Valfajr dos submarinos.

Já os mísseis antissubmarinos foram disparados de helicópteros Sea Hawk, de fabrico norte-americano, no Mar de Omã. As autoridades alegaram que muito brevemente mostrarão uma corveta hovercraft com mísseis - veículo de colchão de ar que desliza em vários tipos de solos e neste caso transportará mísseis.

Nos exercícios não faltaram os drones a operar em enxame. O exército iraniano alegou que recebeu mil novos drones, que incluem variantes dos veículos aéreos não tripulados unidirecionais Shahed.

O rol de armas testadas ilustra que o Irão não pretende baixar os braços face Israel e ao Ocidente. Para já, recusa-se a negociar com Trump, sob a política de "pressão máxima". Apesar das sanções, Teerão garante que continuará a avançar com o programa nuclear, deixando claro que mantém a determinação em robustecer as capacidades de defesa.

O brigadeiro-general Sheikh enfatiza: “A nossa mensagem é dupla. Para os adversários, sinaliza que o Irão possui a capacidade e a determinação para combater qualquer ameaça, enquanto que para os aliados e nações amigas ressalta a disposição de contribuir para a estabilidade regional. A nossa estratégia de dissuasão não é apenas sobre força militar, mas também sobre resiliência e o espírito inflexível das nossas Forças Armadas".
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