Ciclone Idai atinge Moçambique. 90% da cidade da Beira destruída

por RTP
O ciclone atingiu a cidade da Beira, uma das maiores de Moçambique, na quinta-feira, tendo seguido depois para oeste, em direção ao Zimbabué e ao Malaui EPA

A Cruz Vermelha afirma que mais de 90 por cento da cidade da Beira, capital da província moçambicana de Sofala, ficou destruída após a passagem do ciclone Idai por Moçambique, Zimbabué e Malaui. As Nações Unidas admitem que o número de vítimas pode aumentar nos próximos dias uma vez que se prevê o agravamento das cheias causadas pela tempestade.

No Zimbabué, onde o Presidente já declarou o estado de desastre nas regiões afetadas, o número de mortos passou de 64 para 89 nas últimas horas. Em Moçambique estão confirmados 73 mortos. No Malaui, os últimos dados apontam para que 56 pessoas tenham morrido.

Dados da Unicef revelam que a tempestade tropical afetou mais de 1,6 milhões de pessoas que vivem nas áreas afetadas nos três países.
O ciclone atingiu a cidade da Beira, uma das maiores de Moçambique, na quinta-feira, tendo seguido depois para oeste, em direção ao Zimbabué e ao Malaui, afetando mais alguns milhares de pessoas, em particular nas zonas orientais da fronteira com Moçambique.
As autoridades dos três países alertam para o agravamento das cheias nos próximos dias devido à continuação de chuvas fortes, à saturação dos solos e às descargas de barragens.

A cidade da Beira, capital provincial de Sofala e uma das principais do país, continua sem eletricidade e comunicações e está desde sábado isolada por terra devido ao corte de vários troços da estrada nacional 6, alguns dos quais arrastados pelas correntes.

A estrada nacional 6 é a espinha dorsal do centro de Moçambique e liga o porto da Beira aos países do centro da África Austral, nomeadamente ao Zimbábue.

Toda a zona urbana tem sinais de destruição causada pelo vento e chuva forte e as forças de defesa e segurança tem estado a trabalhar na desobstrução de vias.

O Presidente de Moçambique que sobrevou a zona afetada pelo ciclone frisa que os danos provocados são “muito preocupantes”.

“Está muito mal. Está pior. A situação está grave, porque continua muita população em cima das árvores e das casas”, afirmou Filipe Nyusi.

Segundo o Presidente moçambicano é necessário “reforçar o socorro daquelas pessoas e vai levar tempo, mas tem que se fazer este trabalho a todo o custo. Está difícil”.

Filipe Nyusi referiu que o país pediu apoio a vários parceiros e há meios a chegar, assim como voluntários, para socorrer a população, reconhecendo que há dificuldades em distribuir alimentos devido à falta de vias de comunicação.

O chefe de Estado encurtou no sábado uma visita oficial a Essuatini (antiga Suazilândia) e viajou diretamente para a cidade da Beira, cujo aeroporto voltou no domingo a receber voos domésticos.

Nyusi destacou membros do Governo para a capital provincial, que está parcialmente destruída, por forma a agilizarem um balanço que permita tomar decisões quanto ao apoio humanitário na reunião de terça-feira do Conselho de Ministros.

A população da província de Sofala queixa-se de ainda não ter recebido ajuda humanitária.

Adão Cuambe, correspondente da RDP África

As estradas continuam cortadas, o que dificulta a entrega de ajuda às populações mais afetadas.

No país, a prioridade "é resgatar as pessoas que estão por cima das árvores, por cima das casas" nas zonas alagadas que cobrem quase toda a região, frisou Rita Almeida, dirigente do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC).

Rita Almeida referiu que o socorro prestado pelo INGC e parceiros, como as agências das Nações Unidas, tem sido limitado devido à destruição das vias de acesso e falta de redes de comunicações.

As equipas montaram 28 centros de acolhimento na cidade da Beira e Dondo, as zonas mais afetadas, onde milhares de pessoas têm procurado abrigo e comida.
Não há registo de portugueses afetados
O ministro dos Negócios Estrangeiros garante que, para já, não há registo de portugueses entre os mortos ou feridos.


Augusto Santos Silva adianta, em declarações à Lusa, que o ciclone provocou “muitos estragos que também atingiram bens de portugueses”.

Na região da Beira devem residir cerca de 2.500 portugueses, de acordo com o gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.

“Temos informações de estragos consideráveis no nosso consulado e também registo de pessoas que se dirigem ao nosso Gabinete de Emergência Consular, dando conta também de estragos nas respetivas casas e bens", afirmou Augusto Santos Silva, acrescentando que não há igualmente "informações sobre desaparecidos" entre a comunidade portuguesa.

O Consulado de Portugal na Beira tem um total de 5.600 cidadãos portugueses inscritos, mas a área de jurisdição consular é muito grande e abrange sete províncias – Sofala, Manica, Zambézia, Tete, Nampula, Niassa e Cabo Delgado.

C/ Lusa
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