Ciclone Chido pode afetar cerca de 2,5 milhões de pessoas em Moçambique

por Lusa

As autoridades moçambicanas avisaram hoje que cerca de 2,5 milhões de pessoas poderão ser afetadas pelo ciclone tropical Chido nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, que se prevê atingir o país a partir de sexta-feira.

"Nós achamos que podemos, inicialmente, começar a trabalhar com uma estimativa de cerca de 2,5 milhões de pessoas nas províncias de Cabo Delgado e Nampula, que poderão ser afetadas e precisarão ser socorridas", disse a diretora nacional do Centro Nacional Operativo de Emergência (Cenoe), Ana Cristina, durante uma sessão extraordinária do órgão face ao alerta de ocorrência do ciclone.

O Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) moçambicano agravou hoje o alerta perante a aproximação do ciclone tropical Chido ao norte do país, prevendo ventos até 220 quilómetros por hora (km/h) a partir de sexta-feira.

Num aviso vermelho lançado esta tarde, o INAM reforça que aquele ciclone tropical evoluiu nas últimas horas para o estágio de "intenso", aproximando-se do canal de Moçambique, onde deve entrar ao final de sexta-feira, com o epicentro previsto, dentro de 72 horas, na costa moçambicana.

Segundo as autoridades moçambicanas, o ciclone poderá afetar um total de 2.503.996 pessoas, 306.927 das quais na província de Cabo Delgado e outras 2.197.069 em Nampula, sendo os distritos de Memba, Mecuburi e Luala os que estão em maior risco nesta última província.

As autoridades apontaram ainda as províncias da Zambézia e Tete, no centro de Moçambique, e Niassa, no norte, como algumas que poderão ser também afetadas pelo mau tempo.

"Memba automaticamente vai ficar isolado do resto se [o ciclone] entrar por [lá]. É daqueles distritos que nós achamos que vai ser extremamente afetado e pode ficar isolado durante algum tempo", alertou o chefe do departamento de Gestão de Bacias Hidráulicas na Direção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos (DNGRH), Agostinho Vilanculos.

Na sessão extraordinária do Cenoe, Agostinho Vilanculos alertou também para níveis baixos de armazenamento de água em algumas bacias hidrográficas, com destaque para as barragens de Corrumana e Cahora Bassa, face à escassez de chuva em algumas regiões do país, uma situação considerada atípica nesta época.

"Para além da situação que estamos a viver, temos de prestar atenção a esta situação de escassez de chuva, sobretudo na região centro e sul, que contradiz um bocadinho com aquilo que foram as nossas previsões no início", disse o responsável, fazendo um alerta sobre uma provável "crise energética" devido à falta de água na barragem de Cahora Bassa.

As autoridades moçambicanas avançaram que já foi ativado o alerta laranja devido ao ciclone, o que permite o desenvolvimento de ações para redução do impacto do sistema, entre as quais está a ativação dos centros operativos de emergência distritais e provinciais, sensibilização para a deslocação da população e posicionamento de meios e equipas no terreno.

Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.

O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.

Já na primeira metade de 2023, as chuvas intensas e a passagem do ciclone Freddy provocaram 306 mortos, afetaram mais de 1,3 milhões de pessoas, destruíram 236 mil casas e 3.200 salas de aula, de acordo com dados oficiais do Governo.

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