Centenas de manifestantes entraram em confrontos com a polícia em Xangai durante os protestos contra a política "covid-zero" na China. Também nas cidades de Pequim, Chengdu, Wuhan e Guangzhou aumentaram as manifestações contra as restrições no país, no que já é visto como um teste ao presidente Xi Jinping que garantiu um terceiro mandato histórico no poder.
Nos protestos, ouviram-se slogans antigovernamentais, numa rara demonstração de hostilidade contra o regime e a rigorosa política "covid zero", aplicada desde o início da pandemia, em 2020.
Também em Xangai, um jornalista da BBC foi espancado e pontapeado pela polícia, antes de ser detido no domingo.
A statement from the BBC on what happened to me in Shanghai last night while doing my job.
— Edward Lawrence (@EP_Lawrence) November 28, 2022
I understand at least one local national was arrested after trying to stop the police from beating me.
Thanks very much for the kind words and messages of concern. https://t.co/weoDAMakvO
Esta segunda-feira, a China afirmou que Edward Lawrence “não se identificou como jornalista”.
“De acordo com aquilo que nos foi transmitido pelas autoridades competentes em Xangai, ele não se identificou como jornalista e não apresentou voluntariamente as suas credenciais de imprensa”, disse Zhao Lijian, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, apelando à imprensa estrangeira que “respeite as leis e regulamentos chineses enquanto estiverem na China”.
Já o Governo britânico classificou como "inaceitável" e "preocupante" a violência sofrida pelo um jornalista da BBC na China.
“Seja qual for a situação, a liberdade de imprensa deve ser sacrossanta”, declarou o ministro dos Negócios, Energia e Estratégia Industrial britânico, Grant Shapps, à rádio britânica LBC.Esta segunda-feira, a China registou um novo recorde diário de infeções por SARS-CoV-2, com 40.347 casos. As cidades de Guangzhou e Chongqing, com milhares de casos, lutam para conter os surtos. Centenas de infeções também foram registradas em várias outras cidades do país.
Ao abrigo da política “covid-zero”, a China impõe o bloqueio de bairros ou cidades inteiras, a realização constante de testes em massa e o isolamento de todos os casos positivos e respetivos contactos diretos em instalações designadas, muitas vezes em condições degradantes.
Em Pequim, dois grupos de manifestantes, totalizando pelo menos mil pessoas, reuniram-se, às primeiras horas desta manhã, ao longo do terceiro anel rodoviário da capital junto das embaixadas, perto do rio Liangma, recusando-se a dispersar.
As palavras de ordem foram sobretudo dirigidas à estratégia chinesa de ‘covid zero, que inclui o bloqueio de bairros e cidades inteiras, por vezes ao longo de meses, e a realização constante de testes PCR em massa.Blank sheets of paper have become an iconic item during China Covid protests
— BBC News (World) (@BBCWorld) November 28, 2022
Many are now referring to the movement as the "white paper revolution" or the "A4 revolution"
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Os protestos começaram, na quinta-feira, com uma vigília com velas e flores, organizada em memória das vítimas do incêndio na cidade de Urumqi, que resultou em dez mortos. Os manifestantes começaram, a seguir, a marchar pelas ruas circundantes, tendo sido circundados mais tarde por centenas de agentes da polícia.
Na passada semana, na maior fábrica da Iphone no mundo, na cidade de Zhengzho, eclodiram protestos com os trabalhadores a arremessar barras de metal contra agentes de segurança, depois de a empresa ter imposto um regime de trabalho em ‘circuito fechado’, proibindo-os de abandonar as instalações, e revisto as condições salariais.
Amnistia Internacional pede contenção A Amnistia Internacional pediu às autoridades chinesas para que se contenham perante os protestos contra as restritivas medidas de prevenção da covid-19.
The tragedy of the Urumqi fire has inspired remarkable bravery across China.
— Amnesty International (@amnesty) November 27, 2022
Instead of penalizing people, the government should listen to their calls. China must let people express their thoughts freely and protest peacefully without fear of retaliation https://t.co/keeeLwWkC4