China impõe sanções a Pompeo e outros membros da Administração Trump
Logo após a tomada de posse de Joe Biden, na quarta-feira, a China anunciou sanções a 28 responsáveis da anterior Administração de Donald Trump, incluindo o secretário de Estado Mike Pompeo, por violação da sua "soberania". Pequim afirma, no entanto, que deseja cooperar com a nova Administração democrata.
Para além de Pompeo, a diplomacia chinesa cita Peter Navarro, conselheiro para o comércio de Donald Trump, Robert O'Brien, um dos seus conselheiros para a segurança nacional, Alex Azar, ex-secretário da Saúde e Stephen Bannon, que também foi conselheiro do ex-Presidente dos EUA.
"Todos eles, bem como as suas famílias, não poderão entrar na China, Hong Kong e Macau, e as suas empresas e instituições ficarão impedidas de fazer negócios no país", informou ainda o ministério chinês.
A menos de 24 horas de Joe Biden tomar posse, Pompeo endureceu o discurso contra o regime chinês, visando de novo os principais responsáveis pelo clima de repressão na província de Xinjiang, que considerou ser um "genocídio".
"Penso que esse genocídio ainda está a acontecer e que estamos a testemunhar uma tentativa sistemática de destruir os uigures por parte do partido-Estado chinês", disse Mike Pompeo, num comunicado divulgado na terça-feira.
O ex-secretário de Estado norte-americano também se referiu a "crimes contra a humanidade" cometidos "desde pelo menos março de 2017" pelas autoridades chinesas contra uigures e "outros membros de minorias étnicas e religiosas em Xinjiang".
"Forçar homens, mulheres e crianças em campos de concentração, tentando, com efeito, reeducá-los para serem adeptos da ideologia do Partido Comunista Chinês, tudo isso indica um esforço para cometer genocídio".
Outras investigações realizadas por institutos norte-americanos, baseados em interpretações de documentos oficiais chineses, testemunhos, entre outros, também acusam a China de esterilizações e trabalhos forçados contra uigures. Acusações que o governo chinês continua a rejeitar, alegando que as suas políticas em Xinjiang visam apenas promover o desenvolvimento social e económico da região, bem como erradicar o fundamentalismo islâmico.
Esta qualificação "é apenas um pedaço de papel aos nossos olhos", disse aos jornalistas Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, horas antes do fim do mandato da Administração Trump.
"Nos últimos anos, Mike Pompeo propagou inúmeras mentiras e ideias perniciosas. Esta acusação de um suposto genocídio é apenas uma das suas mentiras absurdas e flagrantes", denunciou a porta-voz.
Mas não foi só agora que Mike Pompeo provocou tensões com Pequim. Anteriormente, o ex-secretário de Estado tinha marcado a China como uma "frágil ditadura" que não pode aspirar à "liderança global" depois de um tribunal chinês ter condenado dez dos doze habitantes de Hong Kong que tentaram fugir do território para Taiwan em agosto.
O Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros disse também que espera que "a nova Administração trabalhe em conjunto com a China no espírito de respeito mútuo, lidando adequadamente com as diferenças e conduzindo uma cooperação mais igualitária em mais setores".
"Esperamos que a nova administração dos EUA possa ter o seu próprio julgamento razoável e sereno sobre as questões de Xinjiang, entre outras questões".