China e UE devem restaurar confiança política face a regresso de Trump

por Lusa

China e União Europeia (EU) encontram-se num momento crítico para restaurar a confiança política, face às incertezas suscitadas pelo regresso de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos, afirmaram diplomatas e especialistas chineses.

Citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros chinês responsável pelos assuntos europeus, Cao Lei, disse que a vitória eleitoral de Trump pode ser "o ponto de viragem dos (nossos) tempos" e instou Bruxelas e Pequim a corrigirem as clivagens e a melhorarem os laços.

"Ninguém quer voltar à lei da selva, à era do confronto e da Guerra Fria e à hegemonia unilateral. É este o cenário que as relações China - UE enfrentam", afirmou, durante o lançamento da Rede de Grupos de Reflexão da China sobre a Europa, um "think tank" da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim, que visa promover um novo entendimento entre as duas partes.

China e UE enfrentam a perspetiva de taxas alfandegárias mais elevadas na segunda administração Trump.

A Europa está também atenta a mudanças políticas em Washington sobre a NATO e a guerra na Ucrânia, enquanto procura novo equilíbrio de poder nas relações transatlânticas.

Citado pelo SCMP, o diretor de estudos europeus da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Feng Zhongping, afirmou que a Europa é mais importante para a China do que os EUA e que ambas as partes devem ser capazes de restaurar a confiança política.

"Com o regresso de Trump à Casa Branca, uma cooperação reforçada entre China e Europa será benéfica para ambas as partes enfrentarem os desafios no início de uma nova era de incertezas no mundo", afirmou.

Analistas também alertaram para o facto de Bruxelas poder responder aos desafios do segundo mandato de Trump utilizando Pequim como moeda de troca para se aproximar ainda mais de Washington.

As tensões entre China e UE aprofundaram-se nos últimos anos em relação económicas, diferenças ideológicas e à perceção de riscos de segurança, especialmente desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

 

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