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China apresenta plano para encabeçar desenvolvimento da Ásia Central

por Inês Moreira Santos - RTP
EPA

O presidente chinês quer aproveitar o "potencial de cooperação tradicional" da Ásia Central. Numa cimeira inédita entre a China e cinco países do continente asiático, Xi Jinping apresentou um grande plano para desenvolvimento desta região, desde a construção de infraestrutura até ao crescimento a nível comercial e económico.

A China assume estar pronta para coordenar estratégias de desenvolvimento com o Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão e promover a modernização de todos estes países. Compromissos assumidos por Xi num discurso na Cimeira China-Ásia Central, que decorre desde quinta-feira no noroeste da China.

Os países da região, que tem sido uma esfera de influência da Rússia, devem “promover totalmente o potencial da cooperação tradicional a nível da economia, comércio, capacidade industrial, energia e transporte”. Segundo o líder chinês, “devem mesmo aprofundar a confiança estratégica mútua e oferecer sempre um apoio claro e forte em questões de interesses centrais”.

Dirigindo-se aos líderes asiáticos, a participar na cimeira a convite de Xi Jinping, o chefe de Estado chinês enfatizou ainda a necessidade de desenvolver “novos motores de crescimento”, como a agricultura, saúde e inovação digital.

"O mundo precisa de uma Ásia Central que seja estável, próspera, harmoniosa e bem conectada", afirmou o presidente chinês, acrescentando que os seis países envolvidos devem opor-se à “interferência externa” e às tentativas de instigar “revoluções coloridas”, mantendo uma postura de “tolerância zero contra o terrorismo, o separatismo e o extremismo”.

A China está pronta para ajudar os países da Ásia Central, frisou, “a melhorar a aplicação da lei, segurança e construção de capacidade de defesa".
“Desenvolvimento e revitalização” da região
Com o objetivo de reforçar os laços económicos e culturais com estes países que, tradicionalmente, são mais próximos de Moscovo do que de Pequim, esta cimeira China-Ásia Central acontece ao mesmo tempo que Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, se encontra no Japão com os líderes do G7.

“Esta cimeira deu um novo ímpeto ao desenvolvimento e à revitalização dos seis países e promoveu uma energia positiva no que toca à paz e estabilidade regional”, afirmou Xi Jinping numa conferência de imprensa, após o discurso que fez no encontro, esta sexta-feira.

"Vamos promover em conjunto um novo paradigma de cooperação profundamente complementar e de alto nível”.

Esta é a primeira edição da “cimeira China-Ásia Central” desde o estabelecimento de relações diplomáticas, em 1992, entre o gigante asiático e as cinco repúblicas ex-soviéticas (Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão), após o desmoronamento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).

O encontro de dois dias na histórica cidade da Rota da Seda de Xi'an foi retratada pela imprensa estatal chinesa como um triunfo da diplomacia regional da China, uma vez que os líderes do Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão já tinham prometido apoio a Pequim e uma cooperação bilateral mais profunda.

O evento decorre em simultâneo com a cimeira do G7, que reúne os líderes dos países mais industrializados, o que mostra, segundo os analistas, os esforços de Pequim para criar novas vias comerciais e fontes alternativas de fornecimento energético e de outras matérias primas, visando assegurar a segurança de abastecimento, num período de crescentes fricções geopolíticas com os parceiros comerciais ocidentais.

A Ásia Central, recorde-se, ocupa um espaço central nas ligações ferroviárias entre Europa e China, uma parte importante da iniciativa “Faixa e Rota”, um gigantesco projeto internacional de infraestruturas lançado pela China, que prevê a abertura de novas vias comerciais na Eurásia. A China construiu alguns dos maiores portos secos do mundo naqueles países, capazes de descarregar um comboio de contentores em menos de 50 minutos.

Nesse sentido, o líder chinês prometeu aumentar o comércio transfronteiriço, através da construção de mais ligações rodoviárias e ferroviárias, e incentivar as empresas chinesas a estabelecer armazéns na Ásia Central. Assim como, prometeu simplificar os procedimentos para a importação de produtos oriundos dos países da região.
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