China antecipa início da construção de sede do África CDC - Presidente

por Lusa

O Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou hoje que decidiu antecipar para este ano o início da construção da sede do Centro para a Prevenção e Controlo de Doenças da União Africana (África CDC) em Adis Abeba, Etiópia.

O anúncio foi feito pelo chefe de Estado chinês durante uma cimeira extraordinária China-África de solidariedade contra a pandemia de covid-19, que decorreu hoje por videoconferência.

"A China iniciará este ano, antes do previsto, a construção da sede do África CDC. A China trabalhará com África para concretizar plenamente a iniciativa de cuidados de saúde adoptada na cimeira do Fórum de Cooperação China-Áfric (FOCAC) de Pequim, acelerar a construção de Hospitais de Amizade China-África e a cooperação entre hospitais chineses e africanos", disse Xi Xinping.

O chefe de Estado chinês assumiu ainda o compromisso de "os países africanos serem os primeiros a beneficiar" de uma futura vacina contra a covid-19 desenvolvida pela China.

A construção pela China da sede do África CDC, um investimento estimado em 80 milhões de dólares (71,2 milhões de euros), prevista para a capital etíope, não reúne o consenso entre os Estados da União Africana (UA) e representa mais um ponto de discórdia na disputa entre a China e os Estados Unidos.

Segundo fontes diplomáticas em Adis Abeba, citadas pela imprensa sul-africana, a Comissão da UA assinou um memorando de entendimento com a China que aprova o projeto, mas os Estados-membros não foram oficialmente informados e a decisão não foi alvo de aprovação formal pelos países.

Em fevereiro, a comissão - que é o secretariado permanente da UA e está baseada em Adis Abeba - anunciou que a primeira pedra para a nova sede do África CDC já foi lançada, apesar de alguns países pensarem que Marrocos, que também manifestou vontade de acolher a infraestrutura, tem maior capacidade técnica para apoiar o centro do que a Etiópia.

Por outro lado, as fontes afirmam que os Estados Unidos estão preocupados com a possibilidade de, com a construção e o financiamento da sede do África CDC, Pequim ganhar controlo sobre a gestão da saúde em África.

Washington acredita que a construção do edifício permitirá instalar equipamento para espionagem, incluindo a recolha de dados sobre doentes africanos que poderão revelar-se valiosos para a China no desenvolvimento de futuros medicamentos.

Durante a sua intervenção na cimeira, Xi Jinping reafirmou o compromisso com o multilateralismo, assegurando que a China "trabalhará com África para defender o sistema de governação global centrado nas Nações Unidas e apoiará a Organização Mundial de Saúde a dar um maior contributo para a resposta global à covid-19".

"Temos de continuar empenhados em reforçar a cooperação China-África. Há que dar maior prioridade à cooperação no domínio da saúde pública, da reabertura económica e dos meios de subsistência das pessoas", sustentou o chefe de Estado chinês.

A cimeira foi proposta conjuntamente pela China, África do Sul, que detém a presidência rotativa da União Africana (UA), e Senegal, que copreside ao Fórum de Cooperação China-África.

No encontro virtual participaram membros da assembleia de chefes de Estado e de Governo da UA, os presidentes em exercício das principais organizações sub-regionais africanas e o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, foram os convidados especiais.

A China tem sido um dos principais parceiros da União Africana na mobilização de materiais e equipamentos para a luta contra a pandemia no continente, tendo doado milhões de testes, máscaras e alguns ventiladores, nomeadamente através da fundação do empresário Jack Ma.

O comité dos chefes de Estado e de Governo da Assembleia da União Africana assinalou recentemente a "significativa contribuição" da China para os esforços de combate à pandemia em África, anunciando a existência de uma reserva chinesa de 30 milhões de testes, 10 mil ventiladores e 80 milhões de máscaras por mês para o continente africano.

Estes materiais estão disponíveis para serem encomendados, caso os países necessitem, através da recém-criada Plataforma de Compras de Material Médico em África da União Africana.

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