China amplia ofensiva contra máfias de Myanmar com novos processos judiciais
A China anunciou hoje a abertura de processos judiciais contra dois grupos criminosos sediados no norte do Myanmar (antiga Birmânia), parte de uma operação para desmantelar redes transnacionais de crime organizado.
Segundo a televisão estatal chinesa CCTV, trata-se de uma nova fase da campanha lançada por Pequim contra as chamadas "quatro grandes famílias" do crime na região fronteiriça com a China.
Os processos de fraude, homicídio e tráfico de pessoas visam os clãs Wei e Liu e somam-se ao caso contra o grupo da "família Ming", cujos membros foram condenados, no final de setembro, a onze penas de morte e várias penas de prisão.
Com estes novos julgamentos, as autoridades chinesas consideram concluída a ação judicial contra os principais grupos criminosos baseados na área de Kokang, em Myanmar, uma zona de maioria étnica chinesa.
De acordo com o Ministério da Segurança Pública da China, a operação já levou à detenção de mais de 57 mil suspeitos chineses e à apreensão de provas relacionadas com crimes como fraude `online`, rapto, homicídio, tráfico de droga e exploração sexual.
A investigação aponta que os clãs Wei e Liu instalaram dezenas de centros de fraude e casinos em Myanmar, obtendo lucros ilegais de milhares de milhões de yuan. As autoridades afirmam que os suspeitos usavam violência para controlar os trabalhadores forçados e as vítimas, algumas das quais morreram ao tentar fugir.
Os centros de cibercrime proliferaram no norte de Myanmar após o golpe de Estado militar de fevereiro de 2021, que mergulhou o país numa profunda instabilidade, criando condições para a atuação de redes criminosas.
Segundo um relatório das Nações Unidas, pelo menos 120 mil pessoas estão atualmente retidas em centros de fraude no país asiático, onde são forçadas a cometer burlas online, enquanto no Camboja, outro epicentro deste fenómeno, o número ascende a cerca de 100 mil.
Estes centros operam em complexos fechados semelhantes a prisões, onde as vítimas, aliciadas com falsas ofertas de emprego, são sujeitas a "violência extrema", segundo fontes internacionais.
Nos últimos anos, a China tem pressionado a junta militar do Myanmar e conduzido operações conjuntas para desmantelar estas redes, resultando na extradição de centenas de suspeitos para território chinês.