À margem da reunião anual da Assembleia Nacional do Povo, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros afirmou, este domingo, que as acusações de genocídio contra uigures de etnia muçulmana na China são "ridiculamente absurdas" e "uma mentira completa". A China advertiu ainda os Estados Unidos da América de que não aceitará "difamações e acusações infundadas".
A China tem sido acusada de cometer genocídio contra os muçulmanos da minoria étnica uigur, em campos de concentração na região ocidental chinesa de Xinjiang. Os Estados Unidos, o Canadá e os Países Baixos já acusaram formalmente o Governo chinês por estes crimes contra os direitos humanos.
Na conferência de imprensa à margem da anual Assembleia Nacional do Povo, que decorreu em Pequim este domingo, Wang Yi afirmou que "as acusações de genocídio não têm sentido e são baseadas em rumores espalhados maliciosamente".
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, os políticos ocidentais estão a acreditar em mentiras sobre o que se passa em Xinjiang, argumentando que a China podia recebê-los para visistar a região.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, os políticos ocidentais estão a acreditar em mentiras sobre o que se passa em Xinjiang, argumentando que a China podia recebê-los para visistar a região.
"O chamado 'genocídio' em Xinjiang é ridiculamente absurdo. É um boato com segundas intenções e uma mentira completa", disse Wang Yi.
"Quando se trata de 'genocídio', a maioria das pessoas pensa nos nativos norte-americanos no século XVI, nos escravos africanos no século XIX, nos judeus no século XX e nos indígenas australianos que ainda lutam hoje", continuou o ministro.
"Quando se trata de 'genocídio', a maioria das pessoas pensa nos nativos norte-americanos no século XVI, nos escravos africanos no século XIX, nos judeus no século XX e nos indígenas australianos que ainda lutam hoje", continuou o ministro.
Foi ainda na Administração Trump que surgiram as alegações sobre a situação nos campos de concentração chineses para uigures. O termo genocídio foi usado inicialmente pelo então secretário de Estado Mike Pompeo. Mas o Governo de Joe Biden mantém as acusações, assumindo em janeiro que testemunhava "a tentativa sistemática do Governo chinês em eliminar os uigures".
"Não aceitaremos acusações infundadas, nem que nos difamem, nem que se violem os nossos interesses (...) Os Estados Unidos interferiram em muitos países em nome da democracia, muitas vezes causando conflitos", declarou Wang Yi.
"Não aceitaremos acusações infundadas, nem que nos difamem, nem que se violem os nossos interesses (...) Os Estados Unidos interferiram em muitos países em nome da democracia, muitas vezes causando conflitos", declarou Wang Yi.
Segundo a Human Rights Watch (HRW), pelo menos 250 mil pessoas foram condenadas e presas, entre 2016 e 2019, na região autónoma de Xinjiang, que tem cerca de 25 milhões de habitantes, a maioria dos quais muçulmanos. Estas sentenças somam-se à prisão de um milhão de uigures em campos de reeducação política, denunciadas por várias organizações de defesa dos Direitos Humanos.
Pequim continua a negar a existência dos campos e diz tratar-se de "centros de formação profissional" destinados a afastar os uigures do extremismo religioso.
Entre os motivos das condenações, a HRW cita "provocação à perturbação da ordem pública", uma acusação usada frequentemente na China em casos políticos.
"Apesar da aparência de legalidade, muitos dos que acabam na prisão em Xinjiang são pessoas simples que praticam a sua religião", afirmou na semana passada a HRW.
Pequim continua a negar a existência dos campos e diz tratar-se de "centros de formação profissional" destinados a afastar os uigures do extremismo religioso.
Entre os motivos das condenações, a HRW cita "provocação à perturbação da ordem pública", uma acusação usada frequentemente na China em casos políticos.
"Apesar da aparência de legalidade, muitos dos que acabam na prisão em Xinjiang são pessoas simples que praticam a sua religião", afirmou na semana passada a HRW.