Chefe do Hezbollah declara "vitória divina" contra Israel

por Joana Raposo Santos - RTP
Segundo o chefe do movimento xiita, as perdas de Telavive são "maciças". Foto: Al Manar TV via Reuters

O secretário-geral do Hezbollah proclamou esta sexta-feira uma "vitória divina" contra Israel e reiterou que o grupo "mantém o seu direito à autodefesa". Naim Qassem fez o seu primeiro discurso televisivo desde a entrada em vigor de um cessar-fogo no Líbano, há três dias.

“Anuncio que estamos perante uma vitória divina”, declarou no discurso pré-gravado. “Vencemos porque impedimos que o inimigo destruísse o Hezbollah e aniquilasse ou enfraquecesse a Resistência”.
Segundo o chefe do movimento xiita, as perdas de Telavive são "massivas", com as forças militares a sofrerem enormes derrotas. “Muitos foram feridos ou mortos” nas batalhas com o Hezbollah, assegurou.

Na sua opinião, esta “vitória” é ainda maior do que a de 2006, quando o Hezbollah entrou em guerra com Israel durante 34 dias.
Milhares de pessoas foram deslocadas das cidades fronteiriças e dos colonatos situados ao longo da fronteira devido ao conflito, declarou Qassem.
Qassem disse ainda que o grupo "aprovou" o cessar-fogo e que a coordenação entre o Hezbollah e o exército libanês será efetuada a "alto nível", de modo a garantir a aplicação do acordo, mas avisou que o grupo está preparado "para a guerra" se Israel atacar.

De acordo com o atual líder do movimento, os planos apresentados pelo anterior chefe assassinado, Hassan Nasrallah, provaram ser ágeis, eficazes e tiveram em conta vários "desenvolvimentos".

Qassem afirmou que as forças israelitas mataram e desalojaram milhares de pessoas, mas não conseguiram ter êxito entre a população libanesa "inabalável", que "surpreendeu o mundo e incutiu medo no exército israelita".

Por fim, parabenizou os “mártires” libaneses e assegurou que o apoio do Hezbollah à Palestina não irá parar, já que a libertação deste território “é um objetivo que pode ser alcançado de várias maneiras”.
Acusações mútuas de violação do cessar-fogo
O cessar-fogo no Líbano foi alcançado na terça-feira, após meses de ataques transfronteiriços e combates com as forças israelitas. No entanto, Israel e Hezbollah têm trocado acusações de violações das tréguas.

Esta sexta-feira, Telavive disse ter levado a cabo um ataque aéreo contra o Hezbollah no sul do Líbano. “Foram detetadas atividades terroristas e o uso de um lança-foguetes móvel no sul do Líbano”, declarou o exército israelita num comunicado citado pela agência France Press.

As tréguas, que entraram em vigor na madrugada de quarta-feira, destinam-se a pôr fim ao conflito que obrigou dezenas de milhares de pessoas em Israel e centenas de milhares no Líbano a fugir das suas casas.

Patrocinado pelos Estados Unidos e pela França, o acordo de cessar-fogo prevê a retirada do exército israelita do Líbano no prazo de 60 dias.

O Hezbollah deve retirar-se para o norte do rio Litani, a cerca de 30 quilómetros da fronteira, e desmantelar as suas infraestruturas militares no sul do Líbano.

Israel declarou, porém, que se reserva "total liberdade de ação militar" no Líbano "se o Hezbollah violar o acordo e tentar rearmar-se".

c/ agências
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