Confirmada a morte do presidente iraniano em consequência da queda do helicóptero presidencial, no domingo, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas ordenou esta segunda-feira a abertura de um inquérito para investigar o acidente. Entretanto, o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, nomeou o vice-presidente Mohammad Mokhber como chefe de Estado interino e decretou cinco dias de luto pela morte de Ebrahim Raisi.
Bagheri ordenou que “uma comissão de alto escalão iniciasse uma investigação sobre a causa da queda do helicóptero presidencial” que ocorreu no domingo e que vitimou nove pessoas, incluindo o presidente iraniano e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amir-Abdollahian.
Os destroços do helicóptero foram encontrados esta segunda-feira de manhã na encosta de uma montanha no Azerbaijão Oriental, onde a aeronave se despenhou por motivos ainda desconhecidos. Segundo a imprensa iraniana, o helicóptero terá descolado em condições climatéricas difíceis.
As equipas de socorro e resgate iranianas recuperaram os corpos de Ebrahim Raisi e dos outros oito passageiros que seguiam a bordo, incluindo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Hossein Amir-Abdollahian, confirmando a morte de toda a comitiva presidencial.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas fez esta segunda-feira um minuto de silêncio em memória de Raisi e de Amir-Abdollahian.
O Conselho “apresenta as suas condolências e simpatia às suas famílias e ao povo da República Islâmica do Irão”, declarou na sessão o embaixador de Moçambique, Pedro Comissario Afonso, presidente em exercício.
As cerimónias fúnebres do presidente iraniano devem iniciar-se na terça-feira em Tabriz, noroeste do país, indicou entretanto a agência oficial iraniana.
Quem é o presidente interino do Irão?
Confirmada a morte do presidente iraniano, o Governo assegurou, já esta segunda-feira, que este acidente não vai causar "qualquer perturbação na administração" do país. Nas últimas horas, o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, nomeou o vice-presidente Mohammad Mokhber como chefe de Estado interino e decretou cinco dias de luto pela morte de Ebrahim Raisi.
Mohammad Mokhber passa a ser o presidente interino e já reuniu com o ministro da Justiça, Gholamhossein Mohseni Ejei, e o presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Ghalibaf.
De acordo com a constituição iraniana, os três membros do Governo devem dar preparar uma nova eleição presidencial, que deve ser realizada dentro de 50 dias.
Mokhber, que tinha sido nomeado nomeado vice-presidente em agosto de 2021, permanecerá como presidente interino até esse período.
“Vamos seguir o caminho de Raisi no cumprimento das funções que lhe foram confiadas sem quaisquer interrupções”, disse Mokhber, citado pela imprensa estatal.
Mohammad Mokhber é a sétima pessoa a exercer esta função desde a revisão da constituição em 1989 e é considerado um dos mais influentes. Enquanto vice-presidente, Mokhber viajou por todo o país para inaugurar uma variedade de projetos de desenvolvimento governamental e acompanhou Raisi, tendo ele próprio liderado delegações em muitas viagens internacionais.
Em 2010, Mokhber estava incluído numa lista de indivíduos e entidades sancionadas pela União Europeia pelo alegado envolvimento em atividades relacionadas com os programas nucleares e de mísseis balísticos do Irão. Foi, contudo, retirado dessa lista dois anos depois.
Ao contrário de outros países, o cargo de vice-presidente é uma posição nomeada – não eleita – que assumiu alguns dos poderes do primeiro-ministro depois desta posição ter sido abolida em 1989. Mokhber foi nomeado porque tinha uma forte ligação ao líder supremo, como o próprio presidente, e com o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC).
Além disso, é também considerado como um homem de ação, com longa experiência na gestão de assuntos executivos de grande escala.
Mokhber chegou mesmo a ser o chefe da Setad durante o início da covid-19, numa altura em que o Irão era dos países mais afetados pela pandemia no Médio Oriente. Durante a sua gestão, a Setad desenvolveu a COVIran Barekat , a principal vacina contra o coronavírus fabricada pelo Estado.