Paul Manafort, diretor de campanha de Donald Trump na corrida à Casa Branca, entregou-se esta manhã a Robert Mueller, o procurador que está a conduzir a investigação às supostas interferências russas nas presidenciais americanas. De acordo com a CNN, outro colaborador do Presidente, ouvido no início de Outubro, deu-se como “culpado” e confessou contactos com o Kremlin, admitindo ter mentido em declarações anteriores ao FBI.
Em causa está, além de Manafort, Rick Gates, outro colaborador de Donald Trump na corrida presidencial e George Papadopoulos, um advogado internacional do sector da energia que também colaborou na equipa republicana durante a campanha.
Neste momento, as agências de notícias e os canais americanos avançam que contra Manafort e Gates estão em cima da mesa 12 acusações, entre as quais a acusação de “conspiração contra os Estados Unidos”, “conspiração para lavagem de dinheiro” e “depoimentos falsos às autoridades”. (Só a lavagem de dinheiro pode levar a uma pena máxima de 20 anos de prisão.)Agências americanas acreditam que elementos russos ajudaram a campanha de Trump a derrotar Clinton através do roubo e divulgação de emails comprometedores para a candidata democrata.
Quanto a esta última, apesar de se tratar de uma investigação levada à parte, George Papadopoulos ter-se-á dado como culpado a 5 de Outubro, confessando ter mentido em anteriores depoimentos ao FBI.
Adianta a CNN que o ex-colaborador do Presidente Donald Trump admitiu ter mantido contactos com elementos do Kremlin durante a campanha presidencial, encontros que serviram para discutir “podres” da adversária de Trump, a candidata democrata Hillary Clinton.
Trata-se da primeira acusação produzida por Robert Mueller desde que pegou na alegada interferência russa para beneficiar a campanha de Trump na eleição para a Casa Branca.
Uma primeira reacção de Trump foi deixada na sua conta do Twitter.
Sorry, but this is years ago, before Paul Manafort was part of the Trump campaign. But why aren't Crooked Hillary & the Dems the focus?????
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 30 de outubro de 2017
Donald Trump salienta que a investigação levada a cabo contra Paul Manfort diz respeito a assuntos que têm anos, muito antes de este ter desempenhado o cargo de director da sua campanha.
De facto, Manafort deixou a equipa de Trump na sequência de acusações de que teria recebido milhões de dólares em pagamentos ilegais de um partido político ucraniano pró-russo. Em causa estará o trabalho de Manafort na Ucrânia e a sua colaboração com destacadas figuras fiéis a Putin, políticos incluídos.
A meio da tarde, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders garantia que estes novos desenvolvimentos da investigação nada têm a ver com a equipa da campanha de trump. Versão também defendida pelo advogado do Presidente norte-americano, Jay Sekulow, em declarações à CNN.
"O Presidente não vai interferir com o trabalho do procurador Mueller", garantiu ainda Sekulow.
Algumas análises da situação vão no sentido em que Mueller podrá aqui estar a usar Manafort apenas como um pé de cabra para chegar ao cofre-forte em que Trump mantém a questão da alegada colaboração entre a sua campanha e o Kremlin para derrotar Hillary Clinton.