"Check". Meta dá passo atrás no combate a "fake news" e desinformação

por Cristina Santos - RTP
AFP

As redes sociais da Meta de Mark Zuckerberg - Facebook, Instagram, Threads e Whatsapp - vão deixar de ter verificação de factos, um programa para combater as notícias falsas e a desinformação.

Num vídeo partilhado no Facebook, Zuckerberg anuncia que “está na altura de voltarmos às nossas raízes no que diz respeito à liberdade de expressão”. A ferramenta de verificação de factos recorre (ainda) a órgãos de comunicação social e grupos de fact-checking independentes que verificam a veracidade das informações publicadas nas redes sociais Meta.

O diretor-executivo da Meta explica que o fim do fact-checking vai ser aplicado por fases, sendo que primeiro vai ser aplicado nos Estados Unidos. A verificação de factos vai ser substituída por notas da comunidade, algo que Elon Musk aplicou no X (ex-Twitter). “Vamos livrar-nos dos verificadores de factos e substituí-los por classificações comunitárias, semelhantes ao X (antigo Twitter), começando nos Estados Unidos”, anunciou Mark Zuckerberg.

Ou seja, os utilizadores das redes sociais passam a ter a responsabilidade de corrigir ou adicionarem notas às publicações que considerem ter informações falsas.

Mark Zuckerberg afirma que o fact-checking que o Grupo Meta implementou “atingiu um ponto em que tem demasiados erros e censura excessiva”.


Que outra razão aponta o patrão da Meta? “As eleições recentes (os EUA) também parecem marcar um ponto de viragem cultural para voltarmos a priorizar a liberdade de expressão”.

Além da adoção de um sistema de comunidades (em vez de fact-checking) parecido com o do X, Mark Zuckerberg afirmou que vai trabalhar com a Administração Trump para “repelir censuras” determinadas por outros países. “Os países latino-americanos têm tribunais secretos que podem ordenar que as empresas retirem as coisas silenciosamente”.

A decisão de Mark Zuckerberg é vista por meios de comunicação internacionais como um recuo na política de moderação de conteúdos.

Por exemplo, a agência de Notícias France Presse sublinha que trabalha com o programa de verificação de conteúdo do Facebook, em 26 idiomas. A plataforma paga para usar as “verificações” de cerca de 80 organizações de todo o mundo na rede social.
Coincidências?
A comunicação social norte-americana considera esta posição da Meta como estratégia do grupo de Zuckerberg para se aproximar de Donald Trump. O jornal The New York Times lembra, esta terça-feira, as críticas que o presidente eleito fez ao patrão da Meta. De acordo com Trump, a verificação de factos tratava de forma injusta as publicações de utilizadores conservadores. 
Muitos aliados do presidente eleito também têm chumbado a prática da Meta de adicionar avisos ou alertas em publicações questionáveis ou falsas.
 
Desde que Trump venceu um segundo mandato em novembro, a Meta tenta reparar e adocicar as relações entre ambos. Para muitos, Mark Zuckerberg tenta seguir o caminho já feito por Elon Musk.






Desde que adquiriu o X, Musk (conselheiro de Donald Trump que vai assumir um cargo na nova Administração) tem posicionado a rede social como a plataforma na retaguarda da nova Presidência de Trump.
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