Centro de Maputo. Polícia lança gás lacrimogéneo contra candidato Venâncio Mondlane

por RTP
Luísa Nhantumbo - Lusa

A Polícia moçambicana lançou esta segunda-feira gás lacrimogéneo contra o local onde o candidato presidencial Venâncio Mondlane fazia declarações aos jornalistas, a apelar à calma no âmbito da marcha que convocou, obrigando o político a fugir. Um jornalista ficou ferido nos confrontos entre as autoridades policiais e os manifestantes.

Os manifestantes que se encontravam no local estavam a tentar fazer um cordão humano, mas a polícia voltou a lançar gás lacrimogéneo.

As marchas pacíficas foram convocadas por Venâncio Mondlane, no sábado, no local em que dois apoiantes foram assassinados, referindo que a greve, no setor público e privado, que tinha pedido para hoje, em contestação aos resultados preliminares das eleições de 9 de outubro, era para manter, passando agora para a rua, e responsabilizou as Forças de Defesa e Segurança (FDS) pelo duplo homicídio.

Em declarações à RTP, o candidato presidencial Venâncio Mondlane, que convocou a manifestação, revelou que não conseguiu estar presente na hora marcada para o início do protesto, “porque tinha um contingente policial à minha porta que não queriam permitir que eu saísse”.

No entanto, “aquilo que são os nossos objetivos foram alcançados a 90 por cento. O objetivo primordial era a greve geral, que era a suspensão da atividade laboral em todo o setor público e privado. Isso aconteceu a 95 por cento”.
Entrevista a Tiago Contreiras, correspondente da RTP em Maputo. 

Durante estas declarações de Venâncio Mondlane à RTP foram audíveis novos disparos de armas de fogo e de gás lacrimogéneo. O candidato, que foi obrigado a fugir, falava com os jornalistas junto à rotunda da Organização das Mulheres Moçambicanas, no início da Avenida Joaquim Chissano, no centro de Maputo.

O segundo objetivo era “uma manifestação de repúdio relativamente ao assassinato bárbaro do Avelino Dias, esta é a parte que a polícia impediu. Porque esta esta era a parte pública”, acrescentou.

Minutos antes, na avenida Joaquim Chissano, no centro da capital moçambicana, o correspondente da RTP em Maputo, Tiago Contreiras, constatou os disparos de gás lacrimogéneo e de armas de fogo, das forças de segurança contra os manifestantes.
Os confrontos entre a polícia e os manifestantes começaram cerca das 7h30 locais (6h30 em Lisboa), com a força policial a dispersar os grupos que se começavam a juntar para participarem nas marchas pacíficas.

A polícia recorreu também a elementos com cães e um helicóptero sobrevou a baixa altitude na zona da saída da marcha, o local do duplo homicídio de sexta-feira.

Os manifestantes gritavam palavras de ordem como “Salvem Moçambique” e “Este país é nosso”.

Cerca de três horas depois, a polícia intensificou o lançamento de granadas de gás lacrimogéneo e tiros para o ar enquanto carregava para dispersar os manifestantes, que responderam com o arremesso de pedras e com o lançamento de artefactos pirotécnicos.
Apoiantes assassinados Na passada sexta-feira, dois apoiantes da candidatura de Venâncio Mondlane foram assassinados na avenida Joaquim Chissano, no centro de Maputo.

A polícia moçambicana confirmou no sábado, que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoia Mondlane, mortos a tiro, foi “emboscada”.

As eleições gerais de 9 de outubro incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado, Filipe Nyusi, que atingiu o limite de dois mandatos - em simultâneo com legislativas e para assembleias e governadores provinciais.

A CNE tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.

c/Lusa
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