O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica, Rafael Grossi, exigiu aos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU a aprovação do envio de uma missão de inspetores à central nuclear ucraniana de Zaporizhia para verificar as condições de segurança, frisando apesar de tudo que a situação se mantém "normal".
"A hora é grave e a AIEA tem de ser autorizada a realizar a sua missão em Zaporizhia o mais depressa possível", declarou Grossi durante a sua participação por videoconferência.
O diretor-geral insistiu ainda que todas as atividades militares na área devem parar imediatamente, lembrando os sete pilares de segurança nuclear que devem ser respeitados e que em vez disso foram "violados pela Rússia".
A exigência de uma visita "incondicional" da AIEA à central invocada pelo diretor-geral da Agência foi apoiada pela generalidade dos países, que expressaram intensa "preocupação" com os riscos de um desastre nuclear com implicações graves para seres humanos e para o meio-ambiente.
A central nuclear ucraniana, a maior da Europa, tem sido alvo de ataques
militares
nos últimos dias, levando o Conselho de Segurança a reunir de emergência
pela segunda vez devido à ameaça de um desastre nuclear. No final da reunião, Grossi congratulou-se que a realização de uma missão da sua Agência a Zporiizhia já não está em causa sendo apenas uma questão de "quando" irá acontecer.
A Ucrânia quer a "expulsão" dos russos da central a para da criação de uma zona
desmilitarizada em torno do complexo da central, ideia também apoiada
esta quinta-feira pelos Estados Unidos, horas antes da reunião do Conselho de Segurança.
"Lutar perto de uma central nuclear é perigoso e irresponsável - e
continuamos a apelar à Rússia para cessar todas as operações militares
na central ou nos arredores e devolver o controlo total à Ucrânia e a
apoiar os apelos ucranianos por uma zona desmilitarizada em torno da
central nuclear", afirmou um porta-voz do Departamento de Estado dos
EUA.
A Ucrânia e a Rússia acusam-se mutuamente de bombardeamentos perto do complexo que abriga a central nuclear de Zaporizhia. A veracidade das respectivas alegações é impossível de verificar.
Apoio à missão da AIEA
Diversas vozes apelaram à suspensão dos bombardeamentos da área, com a França a sublinhar que a actual situação "é absolutamente da responsabilidade da Rússia", devido à invasão, exigindo o envio de uma missão da AIEA "sem interferências" não só à central de Zaporizhia mas a todas as instalações nucleares ucranianas, ao mesmo tempo tempo que exigia o fim da "agressão russa" e o regresso à integralidade territorial ucraniana.
Apelos e acusações ecoados pela Irlanda.
O Reino Unido lembrou que em três de março, a ONU exigiu à Rússia que não interviesse nas instalações nucleares ucranianas, responsabilizando a Rússia, "devido à sua invasão", pelos problemas em torno da central, e apelando ao envio da missão da AIEA.
"A solução para o que se passa em zaporizhia é simples", afirmou a sub-secretária de estado dos EUA para o desamamento, Bonnie Jenkins. "Os Estados Unidos apelam a federação Russa a retirar imediatamente as suas forças do território ucraniano".
"Ainda temos tempo de evitar um desastre", afirmou por seu lado o Brasil, apelando às partes para evitarem qualquer ação que possa por a central em risco.
A Noruega apelou à Rússia que devolva a central nuclear "imediatamente" à Ucrânia, de forma a garantir a "segurança nuclear" da área e o abastecimento de eletricidade à população civil ucraniana.
A Albânia frisou que esta foi a primeira vez na história que uma central nuclear foi "ocupada" e "militarizada" por uma força invasora, considerando tais atos um "perigoso precedente" e apontando o risco crescente de um incidente nuclear.
A China, que presidiu à reunião, lembrou os presentes que a situação na central de mantém "normal", contudo apontou as possíveis consequências de um desastre nuclear, que seriam "piores do que as do incidente de Fukushima".
Apelou à retenção das partes e a minimizar a possibilidade de incidentes e juntou-se aos anteriores intervenientes no apelo do envio de uma missão da AIEA para garantir a seguranla nuclear da Ucrânia.
Troca de acusações russo-ucraniana
Sem surpresa, o embaixador russo Vassily Nebenzia lançou as responsabilidades sobre Kiev e os seus aliados.
"Apelamos aos Estados que apoiam o regime de Kiev", lançou Nebenzia, "que o forcem a terminar de uma vez por todas os ataques contra a central de Zaporijhia", e à ONU e à IAEA que digam às autoridades ucranianas que as suas ações são "inaceitáveis".
"A inteira responsabilidade [de um desastre nuclear] irá caber aos apoios ocidentais a Kiev", insistiu o embaixador, quanlificando como "surrealistas" e "absurdas" as acusações contra Moscovo. Vasily Nebenzya desfiou ainda uma longa lista de alegadas ações ucranianas que ameaçaram a central nuclear, e que implicaram a intervenção das forças russas para evitar o pior.
"Apelamos aos Estados que apoiam o regime de Kiev", lançou Nebenzia, "que o forcem a terminar de uma vez por todas os ataques contra a central de Zaporijhia", e à ONU e à IAEA que digam às autoridades ucranianas que as suas ações são "inaceitáveis".
"A inteira responsabilidade [de um desastre nuclear] irá caber aos apoios ocidentais a Kiev", insistiu o embaixador, quanlificando como "surrealistas" e "absurdas" as acusações contra Moscovo. Vasily Nebenzya desfiou ainda uma longa lista de alegadas ações ucranianas que ameaçaram a central nuclear, e que implicaram a intervenção das forças russas para evitar o pior.
Moscovo tem acusado as Nações unidas de colocarem entraves ao envio de uma missão da AIEA, alegações refutadas com veemência pelo gabinete do secretário-geral, António Guterres.
A Ucrânia foi a última a intervir com o embaixador do país na ONU, Sergiy Kyslytsya, a exigir a retirada das forças russas como "única forma de garantir a segurança da central" e lembrando que "desde que a Rússia tomou o local", os técnicos ucranianos têm trabalhado na manutenção da central "sob ameaça de espingarda".
"As exigências dos ocupantes têm tornado impossível o envio de uma missão da AIEA", acusou Sergiy Kyslytsya, estabelecendo diversas condições, incluindo a retirada militar e civil russa da central, de forma a possibilitar a ida dos inspetores nucleares e acrescentando a disponibilidade de Kiev para autorizar tal visita.
O embaixador ucraniano acusou ainda a Rússia de querer cortar o fornecimento de eletricidade às populações ucranianas e de usar a área da central como zona de lançamento de ataques de artilharia.
Enquanto decorria a reunião e antecipando as palavras do seu embaixador na ONU, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que o mundo tem de "reagir imediatamente" para expulsar "os ocupantes russos" da central nuclear.
Esta quinta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse
que a situação em torno das instalações é grave e, antes da reunião do
Conselho de Segurança apelou mais uma vez à Rússia e à Ucrânia para suspenderem toda a atividade militar na zona para não porem em perigo a sua estrutura. O complexo da central nuclear, localizada no sul da Ucrânia contem 1.200 toneladas de combustível nuclear.
"Infelizmente, em vez de uma desescalada [das hostilidades] nos últimos
dias, temos visto incidentes muito preocupantes que, se continuarem,
podem levar a um desastre", afirmou Guterres, que considerou urgente que Moscovo e Kiev cheguem a um acordo para proteger o perímetro.
Central bombardeada
A central nuclear foi tomada pela Rússia em março e desde então, apesar de a manutenção continuar a ser garantida por técnicos ucranianos, tem estado sob administração nomeada por Moscovo.
O responsável ucraniano pela Energia, Energoatom, afirmou que a área foi bombardeada cinco vezes esta quinta-feira, incluindo um depósito de material radioativo, sem fazer vítimas e sem afetar os níveis de radioatividade. Apontou o dedo aos separatistas pró-russos.
Também a administração russa da central afirmou que o nível de radioatividade está “normal” na central, explicando que a coluna do fumo visível em vídeos publicados nas redes sociais se deve a um incêndio de mato nas proximidades do complexo da central, que foi combatido por bombeiros.
O mesmo responsável acusou as forças ucranianas de terem bombardeado a central por uma segunda vez num dia, afetando a troca de turnos dos trabalhadores.
A área de Zaporizhia foi igualmente bombardeada durante o fim de semana passado, com as mesmas acusações mútuas, impossíveis de verificar de forma independente.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba apelou esta quinta-feira à Agência Internacional de Energia Atómica, AIEA, para enviar com urgência uma missão à central para garantir a segurança do local.
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