Alfie Evans tem 23 meses e está em estado semi-vegetativo num hospital britânico. Um juiz decretou que o hospital pode desligar o suporte que garante a vida do bebé, apesar da oposição dos pais e de milhares de pessoas. E quarta-feira determinou um dia e hora para desligar as máquinas, data que deve ser mantida em sigilo.
Os advogados afirmam que Alfie está ilegalmente detido e prisioneiro.
Apelos anteriores contra a decisão judicial de suspender o apoio de vida foram contudo recusados pelo Supremo Tribunal de Inglaterra, pelo Tribunal de Apelação e pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos - o qual recusou interferir.
Nascido em maio de 2016, Alfie está internado desde dezembro de 2016 no hospital pediátrico Alder Hey de Liverpool, devido a uma doença neurológica degenerativa que os médicos não conseguem diagnosticar.
A equipa médica que o trata afirma que a manutenção de "cuidados continuados não é no melhor interesse do bebé".
Transferência para Itália
Tom e Kate exigem o direito a retirar Alfie do hospital ainda em vida, sob sua inteira responsabilidade, de forma a interna-lo noutra unidade médica onde ele possa viver enquanto se tenta encontrar uma solução.
Hospitais na Alemanha e em Itália, nomeadamente o Hospital pediátrico Bambino Gésu em Roma, já se disponibilizaram para receber Alfie. O Papa Francisco manifestou a sua preocupação dia 5 de abril, na rede Twitter.
"Espero sinceramente que seja feito todo o possível para continuar a acompanhar com compaixão o pequeno Alfie Evans e que o profundo sofrimento dos pais possa ser escutado", declarou o Papa. "Rezo por Alfie, pela sua família e por todos os envolvidos".
Uma petição para salvar Alfie já foi assinada por mais de 250 mil pessoas, a par de uma recolha de fundos para ajudar a pagar as custas judiciais dos apelos de Tom e de Kate.
A sua luta também inclui uma página no Facebook, a 💂💜Alfies Army Official💂💙.
Os seus apoiantes afirmam lutar para que o direito dos pais a proteger a vida dos seus filhos seja superior às decisões do Estado.
Pais ameaçados de cadeia
No decreto de quarta-feira, o juiz Hayden, que aprovou um plano médico para retirar o apoio de vida a Alfie, estabeleceu o dia e a hora para desligar as máquinas mas ordenou que a data não fosse tornada pública, para proteger a "privacidade" do bebé.
O mesmo juiz contestou vídeos publicados por Tom Evans que mostravam Alfie mais acordado após a suspensão de alguma da medicação mais forte. Hayden afirmou que a divulgação das imagens punha em causa o direito à privacidade de Alfie.
Os pais de Alfie afirmam que foram ameaçados de prisão se tentarem retirar Alfie do Hospital sem autorização.
A noite passada, levaram os passaportes para a unidade onde o filho está internado mas afirmam que seis agentes da polícia os impediram de levar Alfie e os ameaçaram com cadeia.
Pais acusam hospital
Uma declaração dos pais afirma que "o Hospital Alder Hey chamou a polícia para impedir a transferência de Alfie, encerrando todas as portas, desencadeando um alarme de incêndio e retirando todas as crianças da PICU", a unidade de tratamento.
"Isto apenas prova em primeiro lugar que o Alder Hey está a agir em violação dos direitos parentais, em segundo lugar que Alfie é realmente um prisioneiro se a polícia está a ser usada, e em terceiro que as suas táticas são histéricas", prossegue o texto.
"O espanto foi total quando o Alder Hey ameaçou o pai amoroso de que, se ele tentasse tocar no próprio filho, seria acusado de agressão. O facto é que a polícia estava a realizar uma detenção ilegal ao bloquear os pais", conclui a declaração.
A administração do Hospital está a ser acusada pelos pais de "estar mais preocupada em salvar a face do que em salvar a vida de uma pequena criança".
Centenas por Alfie
Apoiantes do bebé rodearam o hospital com cartazes a pedir que as máquinas de apoio de vida de Alfie permaneçam ligadas. Tom e Kate esperam que mais de mil pessoas se juntem esta noite em torno do hospital.
Na noite passada foram várias as centenas de manifestantes em apoio a Alfie e a policia foi chamada. Responsáveis do HNS, o serviço nacional de Saúde britânico, protestaram, dizendo que os funcionários hospitalares não conseguiam entrar no seu local de trabalho.
O Hospital não comentou as acusações de que é alvo mas agradeceu a paciência dos funcionários face aos protestos em massa no exterior.
Em fevereiro o juiz Hayden decretou que os médicos no hospital Alder Hey de Liverpool podiam suspender o tratamento de Alfie, contra o desejo dos pais, após audiências do Tribunal de Família em Londres e em Liverpool.