Centenas de mortos. Bombardeamentos israelitas estilhaçam cessar-fogo em Gaza

por Carlos Santos Neves - RTP
"O Ministério da Saúde registou mais de 330 mortos, a maior parte crianças e mulheres palestinianas" Amir Cohen - Reuters

A máquina de guerra israelita desencadeou, na última noite, novas vagas de bombardeamentos sobre diferentes alvos na Faixa de Gaza, causando as mortes de mais de 330 pessoas, segundo o Ministério da Saúde da administração do Hamas. O ministro israelita da Defesa, Israel Katz, afirmou já esta terça-feira que os ataques vão continuar "enquanto os reféns" do movimento radical palestiniano "não regressarem a casa".

A violência dos bombardeamentos levados a cabo pelas Forças de Defesa de Israel não era vista desde o início da última trégua com o Hamas, a 19 de janeiro.

"O Ministério da Saúde registou mais de 330 mortos, a maior parte crianças e mulheres palestinianas, e centenas de feridos, dos quais dezenas em estado crítico", adiantou Mohammed Zaqut, um responsável daquela estrutura da administração do Hamas, em declarações à agência France Presse.

A partir do Estado hebraico, o ministro da Defesa do Governo de Benjamin Netanyahu veio entretanto garantir que as operações de combate vão prosseguir até que "todos os reféns" israelitas do Hamas sejam libertados.

"Não vamos parar de combater enquanto todos os reféns não regressarem a casa e até que todos os objetivos da guerra sejam atingidos", afiançou Israel Katz em comunicado, referindo-se à destruição dos braços político e armado do movimento Hamas na Faixa de Gaza.Num primeiro balanço, o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza havia referido pelo 44 vítimas mortais. Em poucas horas, o balanço ultrapassou as 330. Entre os mortos estará o vice-diretor do Ministério do Interior do Hamas, Mahmoud Abu Watfa.

O Hamas vincou, por sua vez, que estes bombardeamentos constituem uma violação do cessar-fogo, pondo em risco os próprios reféns israelitas.

Os bombardeamentos israelitas abatarem-se, além da cidade de Gaza, sobre Khan Younis, no sul, onde houve também disparos de tanques.

O sul e o leste de Rafah foram igualmente alvos desta vaga de bombardeamentos.

As vítimas dos ataques israelitas têm sido transportadas para os hospitais Al Shifa, no norte do território, e Nasser e Europeu, no sul, de acordo com os meios de comunicação palestinianos.

Após a vaga de bombardeamentos, o exército israelita ordenou a evacuação de zonas fronteiriças da Faixa de Gaza, instando os habitantes a rumarem ao centro do território, sinalizando assim operações terrestres a breve trecho.Ondas de choque propagam-se ao Iémen
Na sequência dos bombardeamentos sobre a Faixa de Gaza, os rebeldes houthis do Iémen, alvo de recentes ataques ordenados pelo presidente norte-americano, Donald Trump, prometeram já acelerar as suas operações no Mar Vermelho.

"Condenamos o retomar da agressão do inimigo sionista contra a Faixa de Gaza e o alvejar de civis desarmados", reagiu o Conselho Político do movimento iemenita apoiado pelo Irão.

"O povo palestiniano não será deixado sozinho nesta batalha e o Iémen continuar a apoiar e a intensificar a confrontação", acrescentou.

Os bombardeamentos dos Estados Unidos, levados a cabo durante o último fim de semana, fizeram pelo menos 53 mortos em território iemenita. Trump ameaçou empregar "uma força letal esmagadora" para suprimir as ações dos houthis numa rota marítima crucial para o comércio internacional.

Esta terça-feira, os houthis reivindicaram um terceiro ataque em 48 horas contra o porta-aviões norte-americano Harry Truman no Mar Vermelho.

c/ agências
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