A maioria das vítimas fará parte do corpo laboral da Vale, à qual foi também ordenada a suspensão dos trabalhos na mina de ferro de Córrego do Feijão.Em 2015, o colapso de outra barragem da empresa
Samarco, controlada pela Vale e pela BHP, em Mariana, também no Estado
de Minas Gerais, causou as mortes de 19 pessoas e um desastre ambiental
que cobriu 650 quilómetros.
As causas da rutura continuam por apurar. Mas a companhia mineira foi já alvo de um conjunto de medidas sancionatórias.
Além de uma multa de 250 milhões de reais, aplicada pelo ministro brasileiro do Ambiente, Ricardo Salles, ficou logo na noite de sexta-feira com o equivalente a 232 milhões de euros bloqueado nas suas contas – por decisão do juiz Renan Carreira Machado, da Vara de Economia Pública de Belo Horizonte.
A decisão judicial impõe à Vale a apresentação de um relatório de socorro às vítimas, o mapeamento das árias de risco, o início da remoção da lama, a adoção de medidas para evitar a contaminação de nascentes e a elaboração de um plano de controlo de epidemias, revelou o jornal Folha de São Paulo.
Este sábado foi encontrado um autocarro com vítimas mortais na região. Segundo um porta-voz do Corpo de Bombeiros, os ocupantes eram todos trabalhadores da companhia mineira.
“Como é um local de difícil acesso e precisamos de máquinas especiais para aceder a essa estrutura e retirar as vítimas, ainda não fechámos o número de óbitos. Mas o número de vítimas mortais irá aumentar”, indicou o tenente Pedro Aihara, porta-voz dos bombeiros, citado pela imprensa brasileira.
O colapso da barragem alimentou um rio de lama e resíduos minerais que deixou soterradas as instalações da empresa e várias casas.
“A polícia, o Corpo de Bombeiros e os militares fizeram tudo para salvar os possíveis sobreviventes, ma sabemos que as hipóteses são mínimas e provavelmente apenas encontraremos os corpos”, admitiu, por seu turno, o governador do Estado de Minas Gerais, Romeu Zema.
A Vale, responsável pela barragem de Brumadinho, fez publicar na manhã deste sábado uma lista com centenas de nomes de trabalhadores desaparecidos desde o colapso da estrutura. E elegeu como “prioridade máxima” dar apoio aos “resgates para ajudar a preservar e proteger a vida de empregados e das comunidades locais”.
O Movimento dos Atingidos por Barragens já veio descrever os acontecimentos das últimas horas como uma “tragédia anunciada”. Esta organização não-governamental lembrou que tem vindo a alertar para os riscos na mina em causa desde 2015, quando teve lugar o desastre em Mariana.
O Presidente brasileiro já sobrevoou a área atingida pela rutura da barragem e recorreu às redes sociais para anunciar a oferta de assistência do Governo israelita para as operações de resgate.
"Por telefone, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ofereceu ajuda na busca de desaparecidos no desastre de Brumadinho, Minas Gerais. Aceitamos e agradecemos mais essa tecnologia israelita ao serviço da humanidade", escreveu Jair Bolsonaro no Twitter.
c/ Lusa