A jornalista italiana Cecilia Sala, detida no Irão há 21 dias, aterrou esta quarta-feira à tarde, 8 de janeiro, no aeroporto de Ciampino, em Roma, onde foi recebida pelos seus pais, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni e o ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani. Segundo fontes norte-americanas, o engenheiro iraniano, Mohammad Abedini Najafabadi, vai ser libertado da prisão em Itália e repatriado para o Irão.
Vinda do Irão onde estava detida na prisão de Evin, em Teerão, desde 19 de dezembro por “violar as leis da República Islâmica do Irão", a jornalista italiana aterrou pouco depois das 16h00 horas locais (15h00 em Lisboa) desta quarta-feira, 8 de janeiro, no aeroporto de Ciampino, em Roma, no dia em que foi libertada.
À sua espera estavam não só os pais e o companheiro da jornalista, Daniele Raineri, como a primeira-ministra italiana,
Giorgia Meloni, o vice-primeiro-ministro italiano e ministro dos
Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, e o presidente da Câmara de Roma,
Roberto Gualtieri.
À chegada, na pista de aterragem, abraçou o companheiro e os pais e as suas primeiras palavras para o pai foram: "Papá, amo-te, finalmente este parêntesis fechou-se", de acordo com a Skytg24. Aos colegas do ChoraMedia onde dá voz ao podcast Stories enviou uma mensagem de áudio a informar: "Olá, estou de volta".
Bentornata Cecilia! pic.twitter.com/iKKjegeS38
— Giorgia Meloni (@GiorgiaMeloni) January 8, 2025
Após o encontro com Cecilia Sala, a primeira-ministra italiana partilhou uma fotografia do momento na rede social X com a legenda: "Bem-vinda de volta, Cecilia!". Horas antes, Giorgia Meloni tinha-se congratulado com a libertação da jovem jornalista.
"Graças a um intenso trabalho nos canais diplomáticos e de informação, a nossa compatriota foi libertada pelas autoridades iranianas e está a caminho de Itália", anunciou.
"Estou orgulhoso dela"
Antes da sua chegada a Itália, o companheiro e os familiares comentaram a libertação da jovem jornalista com a imprensa: "Tive notícias dela, disse que nos víamos daqui a pouco. Estava entusiasmada e muito feliz", contou Daniele Raineri, namorado de Cecilia Sala, à agência de notícias italiana, Ansa.
O pai da jornalista, Renato Sala, e amigo do ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, contou ao canal de notícias Tg1 que chorou com o fim o do pesadelo. "Chorei, ela disse-me "papá, não chores, um pesadelo que durou tanto tempo acabou", afirmou, destacando a força das mulheres como a filha e da primeira-ministra italiana que conseguiu, segundo ele, "manter uma lucidez, uma proatividade que considero extraordinária".
"Estou orgulhoso dela. Só chorei três vezes na minha vida. Penso que o governo do nosso país fez um trabalho excecional", afirmou o pai da jornalista, de acordo com a Ansa.
Renato Sala acrescentou que espera que a filha valorize os esforços institucionais e diplomáticos realizados para conseguirem a sua libertação. "Já a senti desconfortável na Ucrânia e no Afeganistão, mas desta vez foi muito difícil, também porque um pai não consegue imaginar quando e como um caso como este termina. Uma coisa é ser detido no Reino Unido ou em França e outra é ser detido em países como o Irão". "Espero que a Cecilia se aperceba das coisas que o governo e os serviços secretos fizeram por ela", disse o pai da jornalista, Renato Sala, à Ansa.
Um dos principais rostos por detrás do caso de Cecilia Sala foi o de Antonio Tajani que reagiu à libertação da jovem, em declarações ao canal de notícias italiano Tg2. "Penso que o empenho geral de todos conduziu a este resultado. Estamos verdadeiramente felizes, bem-vinda Cecilia. Conseguimos verdadeiramente alcançar um resultado importante num curto espaço de tempo, trazendo um dos nossos compatriotas de volta a casa".
O ministro italiano dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, explicou ainda que sentiu uma "dupla responsabilidade" na resolução deste caso por ser amigo do pai da jornalista. "Foi um caso que me tocou também a nível pessoal porque sou amigo do pai da Cecilia e agi com o empenho não só de alguém que tem de o fazer porque é responsável pela política externa mas também porque tenho uma ligação afetiva com o pai dela e senti uma dupla responsabilidade", disse.
Qual será o destino do engenheiro iraniano detido em Itália?
Com a libertação de Cecilia Sala, poderá estar no horizonte a libertação do engenheiro iraniano Mohammad Abedini Najafabadi, detido no aeroporto de Malpensa, em Milão, a pedido de Washington, no passado dia 16 de dezembro, pouco antes da detenção da jornalista italiana em Teerão.
Mohammad Abedini, de 38 anos, que deveria ser enviado para os EUA para responder perante a justiça norte-americana por conspiração criminosa e terrorismo, mas pediu prisão domiciliária e está a aguardar a decisão da justiça italiana, que deverá extraditá-lo para os Estados Unidos, como solicitou antecipadamente Washington, ou enviá-lo para o Irão, como requereu Teerão antes da detenção de Cecilia Sala que foi libertada esta quarta-feira, 8 de janeiro, e já se encontra em casa. Viagem relâmpago de Meloni aos EUA
Não se sabe até agora que peso teve o encontro entre a primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, e o presidente eleito norte-americano, Donald Trump, que decorreu na semana passada em Mar-a-Lago, na Flórida, numa visita relâmpago da líder italiana aos EUA. Não foram divulgados pormenores das conversações, mas o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, disse que tinha sido discutido o caso Sala.
No entanto, desde o anúncio da libertação da jovem jornalista feito esta quarta-feira pelo gabinete de Giorgia Meloni vários têm sido os líderes a felicitarem a primeira-ministra pelo regresso da jornalista a casa, nomeadamente o presidente italiano Sergio Mattarella.
Não se sabe até agora que peso teve o encontro entre a primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, e o presidente eleito norte-americano, Donald Trump, que decorreu na semana passada em Mar-a-Lago, na Flórida, numa visita relâmpago da líder italiana aos EUA. Não foram divulgados pormenores das conversações, mas o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, disse que tinha sido discutido o caso Sala.
No entanto, desde o anúncio da libertação da jovem jornalista feito esta quarta-feira pelo gabinete de Giorgia Meloni vários têm sido os líderes a felicitarem a primeira-ministra pelo regresso da jornalista a casa, nomeadamente o presidente italiano Sergio Mattarella.
"No Irão os jornalistas estão sempre em risco"
A ativista e jornalista iraniana, Narges Mohammadi, detida pelas autoridades iranianas em 2016 e condenada a 16 anos de prisão reagiu esta quarta-geira à libertação de Cecilia Sala, denunciando "a forma como o regime religioso autoritário mina a liberdade de expressão".
"A notícia da detenção, do confinamento solitário e da libertação da jornalista italiana Cecilia Sala vem mais uma vez realçar a realidade de que os jornalistas, repórteres e profissionais de comunicação social no Irão estão constantemente em risco de detenção, pressão, prisão e tortura", afirmou Narges Mohammadi, galardoada com o Prémio Nobel da Paz.
"Protegemos sempre os direitos dos jornalistas estrangeiros"
A propósito da detenção da jornalista o ministério iraniano da Cultura divulgou um comunicado, de acordo com a agência estatal Irna, que defende que o Irão "sempre protegeu os direitos dos repórteres estrangeiros" e que a Embaixada italiana em Teerão foi informada da detenção de Cecilia Sala e que lhe foi facultado acesso consular e contacto telefónico com a sua família durante a sua detenção.
"A política do Ministério da Cultura e da Orientação Islâmica sempre se baseou em acolher as viagens e as atividades legais dos jornalistas internacionais, aumentando a presença de meios de comunicação estrangeiros no país e protegendo os seus direitos legais, e esta abordagem é também seriamente seguida no 14.º Governo", pode ler-se no comunicado.
c/agências
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