A Organização Meteorológica Mundial concluiu que este foi o ano mais quente desde que há registo. Nos primeiros nove meses de 2024, a temperatura média foi superior aos 1,5 graus Celsius acima do nível pré-industrial.
A temperatura média global "excedeu tudo o que já foi registado, e muitas vezes por uma grande margem", divulgou a organização no relatório “State of the Climate”, que adverte para o risco de as alterações climáticas tornarem os eventos climáticos extremos e mortais, mais comuns e intensos.
A par destes alertas constantes e de eventos que, ao longo do ano, foram devastando algumas regiões do mundo, o denominado “petro-Estado” Azerbaijão foi anfitrião da Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas – um país que já foi o epicentro da produção de petróleo. Entre as críticas à COP 29, que decorreu em novembro deste ano e após registos de centenas de desastres climáticos, destacam-se os compromissos financeiros assumidamente insuficientes e as metas para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis.
Com a transição energética ainda em lento progresso, as consequências têm sido devastadoras. No ano mais quente de sempre, milhões de pessoas ficaram expostas a muitos eventos climáticos.. Embora a comunidade científica afirme que um único ano com aquecimento de mais de 1,5°C não constitui uma falha para atingir as metas climáticas declaradas de Paris, a tendência do aumento da temperatura não mostra sinais de parar.
Janeiro
2024 prometia temperaturas altas já no início e quebrar todos os recordes, com o mês de janeiro mais quente de sempre em todo o mundo.
E um pouco mais a sul, o ciclone Ellie trouxe chuvas torrenciais e cheias ao território australiano.
Fevereiro
Do outro lado do planeta, as chuvas de fevereiro não chegaram e a África do Sul foi atingida por uma seca de meses. As colheitas de milho secaram e a maioria do gado morreu. Cerca de 27 milhões de pessoas, muitas já à beira da fome, não tinham comida suficiente. Seca provocada pelo ciclo climático natural conhecido como El Niño, que se somou ao aumento das temperaturasMarço
O calor manteve-se no continente africano que registou seca prolongada em países como Etiópia, Quénia e Somália. Milhões de pessoas no Corno de África ficaram, uma vez mais, em risco de insegurança alimentar.
Abril
Estas inundações no Brasil começaram por marcar o início do mês de maio. Por outro lado, o calor do mês anterior no sul asiático manteve-se. Muitas zonas da Índia viveram com temperaturas extremas em maio, que ameaçavam muitos dos trabalhadores da agricultura.
No outro lado do mundo, vários países junto ao Mediterrâneo também combatiam grandes incêndios florestais, que obrigaram a evacuar cidades e a deslocar milhares de pessoas na Grécia, Turquia e Espanha.
Julho
Com temperaturas 1,68ºC acima da média pré-industrial, em pleno agosto, o hemisfério norte vivia o que verão mais quente já registado – fenómeno explicado por uma onda de calor global.
O calor extremo agravou a situação de seca e aumentou o risco de incêndio: as autoridades europeias uniram-se em esforços para combater fogos florestais perto da capital grega e numa reserva Natural perto de Roma. A ilha da Madeira também sofreu com incêndios que queimaram mais de cinco mil hectares.
Mas também na América do Sul o calor fez-se sentir. A partir de agosto, os biomas brasileiros, incluindo Amazónia, Cerrado e Pantanal, sofreram com secas extremas que favoreceram a propagação de incêndios.Setembro
Em setembro, incêndios devastadores atingiram as regiões norte e centro de Portugal, resultando em pelo menos nove mortes, incluindo quatro bombeiros. Foram consumidos pelas chamas mais de 135 mil hectares, levando o Governo a declarar o "estado de calamidade" nas áreas afetadas. Mais de 5.000 bombeiros foram mobilizados, com apoio de países europeus, para combater estes incêndios.
Nos Estados Unidos, o furacão Helene chegou de forma avassaladora ao sul do país. Quase 230 pessoas morreram, tornando-o o furacão mais mortal a atingir o país desde o Katrina, em 2005. As chuvas torrenciais do Helene causaram danos e perturbações massivas na Carolina do Norte, onde estradas principais foram levadas pela água e infraestrutura crítica ficou destruída.Outubro
No Atlântico, por sua vez, a tempestade Patty provocou chuvas intensas que causaram inundações e danos nos arquipélagos dos Açores e da Madeira. As regiões insulares portuguesas enfrentaram desafios significativos devido às condições climáticas adversas.
Com o inverno a aproximar-se no hemisfério norte, chuvas intensas afetaram França, Alemanha e Reino Unido provocando novas inundações. Já no sudeste asiático, as chuvas persistentes agravaram os eventos climáticos no Vietname e nas Filipinas, país que estava ao mesmo tempo a ser afetado por tempestades severas que obrigaram milhares de pessoas a deslocar-se.
Dezembro
O ciclone Chido devastou a ilha francesa Mayotte. Neste país houv mais de 30 vítimas da ilha que pertence ao arquipélago francês situado no oceano Índico. Foi a primeira vez que a França decretou um dia de luto nacional por causa de uma catástrofe climática.