De visita ao Chipre – o país da União Europeia mais próximo de Gaza - a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse esta sexta-feira que um corredor marítimo para Gaza pode começar a funcionar neste fim de semana para aumentar a ajuda ao enclave, sem adiantar onde é que os carregamentos vão descarregar os mantimentos.
"Estamos muito perto da abertura do corredor, esperemos que seja este domingo. E estou muito satisfeita por ver que uma primeira operação-piloto será lançada hoje (sexta-feira)", afirmou Ursula von der Leyen, depois de visitar as instalações do porto cipriota de Larnaca, o ponto de partida para os carregamentos de ajuda.
No sábado, um navio da organização espanhola de busca e salvamento “Open Arms” - que se encontra apenas a 210 milhas náuticas (cerca de 380 quilómetros) do seu destino - deverá levar alimentos fornecidos pela “World Central Kitchen”, uma organização sem fins lucrativos, dirigida pelo chef espanhol José Andrés, que pretende “alimentar os famintos (de Gaza) ontem”.
A ONU afirma que meio milhão de pessoas estão à beira da fome e que 16 por cento das crianças sofrem de subnutrição aguda em Gaza. Esta sexta-feira, cinco pessoas morreram e dez ficaram feridas, por terem sido atingidas por caixotes de ajuda humanitária lançados de aviões sobre o território palestiniano.
Os Estados Unidos e outros países, como a Jordânia e a França, têm feito lançamentos de ajuda alimentar por via aérea à Faixa de Gaza, sitiada por Israel, à medida que a crise humanitária se agrava.
"Hoje estamos perante uma catástrofe humanitária em Gaza e apoiamos os civis inocentes na Palestina", afirmou Von der Leyen, esta sexta-feira.
O anúncio da Comissão Europeia e do Conselho da União Europeia, reunidos no Chipre, surge um dia depois de o presidente norte-americano, Joe Biden, ter dito que os
Estados Unidos planeavam construir um porto temporário, ao largo da costa de Gaza nas próximas semanas para receber os carregamentos de ajuda provenientes de Chipre.
Para já, ainda não é clara a ligação entre os dois planos, uma vez que a líder europeia não mencionou o plano dos EUA, na sua visita ao Chipre, e que Joe Biden também não mencionou o carregamento deste fim de semana no seu
discurso sobre o Estado da União, na passada quinta-feira à noite.
Esta sexta-feira, a União Europeia, os Estados Unidos e os outros países envolvidos
anunciaram o seu apoio ao corredor marítimo humanitário, construído em torno da iniciativa
Amalthea, uma proposta desenvolvida pelo Chipre no final do ano passado, que define um “mecanismo para o transporte seguro de ajuda de Chipre para Gaza por via marítima”.
“A entrega de assistência humanitária diretamente a Gaza por via marítima será complexa, e as nossas nações continuarão a avaliar e a ajustar os nossos esforços para garantir que a ajuda seja entregue da forma mais eficaz possível”, refere a
Declaração Conjunta assinada pela Comissão Europeia, a Alemanha, Grécia, Itália, Países Baixos, Chipre, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e EUA.
Para além da abertura da iniciativa do corredor marítimo de ajuda humanitária, a Comissão Europeia e os países envolvidos comprometem-se a continuar a pressionar “Israel para alargar as entregas por via terrestre, (…) facilitar mais rotas e abrir mais postos de passagem para levar mais ajuda a mais pessoas”.
Israel, que até agora nega ter impedido a entrada de ajuda humanitária em Gaza, saudou
a iniciativa cipriota “Almathea” mas avisou que a carga teria de ser
sujeita a “controlos de segurança” de acordo com “normas israelitas”, de acordo com um porta-voz do Ministério israelita dos Negócios Estrangeiros.
"Israel continuará a facilitar a transferência de ajuda humanitária para os residentes da Faixa de Gaza, de acordo com as regras da guerra e em coordenação com os Estados Unidos e os nossos aliados em todo o mundo (…) É muito importante que outros países se juntem à iniciativa cipriota e ao esforço internacional de transferência de ajuda", pode ler-se no comunicado, divulgado na rede social X.