Catalunha. Quim Torra quer novo referendo à independência

por RTP
Reuters

Depois de três noites de confrontos violentos entre manifestantes independentistas e a polícia, o presidente da Generalitat Quim Torra fez esta quinta-feira uma comparência extraordinária no Parlamento catalão. Insurgiu-se contra a “ignomínia” da sentença de prisão que o Supremo aplicou aos independentistas e defendeu que ainda nesta legislatura deverá haver nova votação sobre a autodeterminação da Catalunha.

“É o maior golpe à democracia que se viu desde 1978. Se por irmos às urnas nos condenam a 100 anos de prisão, a resposta é clara: teremos de voltar a votar a autodeterminação”, assegurou Torra perante os deputados catalães, remetendo para o total das penas de prisão a que os líderes independentistas foram condenados esta semana pelo referendo de há dois anos.

“Não aceitamos a sentença da ignomínia”, garantiu, num discurso de quase meia hora, onde os aplausos estiveram ausentes.

Defendo que até final desta legislatura, no prazo mais breve possível, se volte a exercer o direito à autodeterminação”, afirmou o presidente da Generalitat.

“Nenhum tribunal impedirá este presidente da Catalunha de continuar a abrir estes debates”, referindo-se à advertência do Tribunal Constitucional de que Torra poderia incorrer em responsabilidade penal caso não acatasse a suspensão de artigos aprovados no parlamento que insistiam no suposto direito à autodeterminação e objetivo independentista da Catalunha. “Voltaremos a falar e a debater o direito à autodeterminação nesta Câmara”, assegurou.

Criticando abertamente a sentença do Supremo Tribunal aos líderes independentistas, classificando-a de “encenação” e de “infame”. “Não é o momento de dar o passo em frente e dizer ‘Basta’?”, questionou.

"Se os nossos companheiros foram declarados culpados, então eu também sou. Decidi autoculpar-me”, afirmou.

Sobre as três noites consecutivas de violência, Torra expressou confiança nos Mossos d’Esquadra, a polícia catalã. “Confio nos Mossos para evitarem males maiores, mas têm de ser escrupulosos na sua atuação”, afirmou.

“Os independentistas não se revêm na violência”, afirmou, reiterando que se trata da atuação de infiltrados. “Se há desestabilizadores, há que prendê-los e julga-los. Há que investigar até ao fim. Vimos imagens que não agradam a ninguém”, reforçou.

Ao início da noite de quarta-feira o presidente em funções do governo de Madrid, Pedro Sánchez, pediu ao governo regional e aos líderes políticos catalães para condenarem a violência. Garantiu que Espanha irá atuar com "firmeza, unidade e proporcionalidade" perante os protestos. "Não consentiremos que a violência se imponha à ordem", enfatizou Sánchez.

O político disse também que a resposta à violência nas manifestações irá ser proporcional ao que fizerem os responsáveis políticos catalães.

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