O governo da Catalunha abriu uma representação em Lisboa. Depois de Londres, Paris ou Bruxelas, Lisboa foi escolhida como uma das ancoras da política externa da mais rica região autónoma de Espanha.
No Jornal 2 Ramon Font, que representa o governo catalão em Lisboa explica que "uma das intenções é promover o casamento de interesses entre empresários, ainda que a prioridade vai para a projeção da cultura catalã em Portugal".
"É uma relação muito forte e estreita de que ninguém fala", explica Ramon Font que quer dar nova visibilidade a estas relações.
A Catalunha vale 25 % do PIB industrial do país vizinho. Quer ser independente e assume que estas delegações de interesses não são embaixadas, mas podem vir a sê-lo no futuro.
Raúl Romeva, o Conselheiro dos Assuntos Exteriores da Catalunha, que esteve na inauguração da representação em Portugal, não esconde que o desejo é esse mesmo.
"Evidentemente que há uma vocação para que no futuro, se as maiorias democráticas assim o desejarem, a Catalunha venha a ser um Estado e um Estado tem embaixadas".
Romeva sublinhou que Portugal é o país com maior número de empresas catalãs e o quarto maior destino das exportações com origem na Catalunha.
"Portugal é um país com o qual a Catalunha tem relações fluidas, constantes e - atrevo-me a dizer - privilegiadas. As relações culturais, económicas, sociais entre os dois países são históricas. em qualquer cenário, em qualquer contexto - são uma prioridade, para a Generalitat e para a Catalunha em geral", disse Raul Romeva.
No Jornal 2 Ramon Font, revela as prioridades estratégicas da nova delegação de interesses. "vamos apostar na divulgação do nosso património cultural. Estaremos presentes este ano nas "Correntes de Escrita", e queremos aproveitar a vitalidade cultural do Porto como plataforma para divulgarmos a Catalunha, os seus valores, a sua identidade".
Meios para granjear reconhecimento externo para um outro problema: o do direito à consulta popular sobre a independência da região.
"Na Catalunha 80% das pessoas são favoráveis à realização de um referendo. Não quer dizer que existam 80% de pessoas favoráveis à independência. Mas há um amplo entendimento na sociedade de que o direito a manifestar a opinião deveria ser garantido".
Nem a constituição espanhola, nem nenhum dos grandes partidos admitem a possibilidade de um refendo a independência da Catalunha. A Generalitat promete manter o assunto na agenda em todo o Mundo. A abertura de delegações de interesses é parte dessa estratégia.