O ex-agente russo Serguei Skripal e a filha Yulia, envenenados com um agente neurotóxico, estavam a ser vigiados pelo menos há cinco anos pelo serviço de informação militar russo, garantiu o Reino Unido. Num documento revelado esta sexta-feira, o Governo britânico diz ainda que a Rússia testou a propagação do agente nervoso que envenenou Sergei e Yulia Skripal em maçanetas de portas.
Moscovo tem negado sempre qualquer envolvimento no envenenamento do ex-espião. Sergei e Yulia Skripal foram encontrados inconscientes a 4 de março em Salisbury, no sul de Inglaterra.
A Rússia, afiança Londres, testou a propagação do agente nervoso que envenenou Sergei e Yulia Skripal em maçanetas de portas. Informações que fazem parte de um documento, citado pelo jornal britânico The Guardian, que também revela que os e-mails do antigo espião russo e da filha eram vigiados pelos serviços secretos de Moscovo desde 2013.
A carta de três páginas, que recebeu inicialmente o selo de confidencialidade, foi agora tornada pública. O Guardian explica ainda que no documento é possível ler que o novichok, o agente nervoso utilizado para envenenar Sergei Skripal e a filha, foi desenvolvido no centro de pesquisa russo em Shikhany, como parte de um programa de armas químicas sob o nome de código Foliant.
“Durante os anos 2000, a Rússia começou um programa para testar meios de propagar agentes químicos e treinar pessoas de unidades especiais para o uso destas armas. O programa incluiu consequentemente a investigação de formas de propagar agentes nervosos, incluindo a sua aplicação em maçanetas de portas. Na última década, a Rússia tem produzido e armazenado pequenas quantidades de novichok sob o mesmo programa”, explicou Mark Sedwill na carta enviada ao secretário-geral da NATO.
O caso Skripal provocou uma crise diplomática que se traduziu numa ação coordenada inédita com a expulsão de cerca de 150 de diplomatas russos de vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos e dois terços dos países-membros da União Europeia, e que implicou uma retaliação idêntica por parte de Moscovo.
Sergei e Yulia Skripal foram envenenados por um agente nervoso a 4 de março, em Salisbury, no Reino Unido. O ataque tem sido atribuído ao regime russo e provocou a expulsão de vários diplomatas do país por parte de diversas nações europeias.
Os Skripal estiveram em estado crítico durante mais de um mês. Yulia Skripal saiu do hospital na passada semana e o ex-espião, ainda que se mantenha internado, já não está em estado crítico.
c/ agências