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Caso Émile. Avós maternos e mais duas pessoas sob custódia policial

por Cristina Sambado - RTP
Clement Mahoudeau - AFP

Quatro pessoas, incluindo os avós maternos do menino Émile Soleil, desaparecido em julho de 2023, aos dois anos e meio de idade, numa aldeia dos Alpes franceses, foram detidas esta terça-feira por "homicídio doloso" e "ocultação de cadáver", anunciou o procurador público de Aix-en-Provence (sudeste).

“Esta manhã, 25 de março de 2025, Philippe Vedovini e a sua mulher, avós de Émile Soleil, bem como dois dos seus filhos adultos, foram detidos por investigadores da unidade de investigação da gendarmeria de Marselha, no sudeste de França, acusados de homicídio voluntário e de manipulação de cadáver”, declarou Jean-Luc Blachon, procurador do Ministério Público, em comunicado enviado à agência France Presse (AFP).

A advogada dos avós, Isabelle Colombani, confirmou à AFP que os seus clientes foram colocados sob custódia policial. “Não tenho nenhum comentário a fazer, acabei de descobrir", acrescentou.Émile, de dois anos e meio, desapareceu a 8 de julho de 2023, quando tinha acabado de chegar para as férias de verão à casa dos avós maternos, na aldeia de Haut-Vernet, nos Alpes franceses.

A identidade das outras duas pessoas detidas, a tia ou o tio da criança, não foi imediatamente conhecida, mas a investigação foi subitamente reorientada para o círculo familiar.

“Estas detenções inserem-se numa fase de verificação e comparação das informações recolhidas durante as investigações efetuadas nos últimos meses”, prossegue o magistrado no seu comunicado de imprensa.

“Os investigadores estão também a realizar operações forenses em vários pontos do país”, revelou o procurador, que acrescentou que “será emitida uma nova comunicação quando estas operações estiverem concluídas”.

Inicialmente, os investigadores dispunham apenas do testemunho de dois vizinhos que declararam ter visto a criança à distância, saindo de casa e caminhando sozinha por uma rua em declive. Nenhuma hipótese foi excluída, embora desde o início as autoridades tenham advertido que seria muito difícil encontrá-lo vivo no caso de um desaparecimento autónomo passados os primeiros dias.Apesar de vários dias de buscas não foi encontrado qualquer vestígio da criança nesta zona íngreme e isolada, situada a 1.200 metros de altitude.

Durante nove meses, a investigação não produziu nada de concreto, até que um caminhante descobriu o crânio e os dentes da criança no final de março de 2024, a cerca de 1,7 quilómetros da aldeia, uma caminhada de 25 minutos para um adulto.

Os juízes de instrução enviaram imediatamente dezenas de autoridades policiais, incluindo especialistas em “engenharia do local do crime”, antropólogos e duas equipas de cães para procurar restos humanos. Conseguiram encontrar roupas e um pequeno pedaço de osso na mesma zona.

A 13 de março, a presença de investigadores na aldeia de Haut-Vernet reacendeu as especulações. Segundo vários meios de comunicação social, os gendarmes apreenderam um grande vaso colocado à entrada de uma capela da aldeia. No entanto, o Ministério Público recusa-se a confirmar este facto.

Dezanove meses após o desaparecimento de Émile, realizou-se um funeral público, a 8 de fevereiro, na basílica de Saint-Maximin-la-Sainte-Baume, perto de Marselha, na presença de toda a família.

Várias centenas de pessoas assistiram à cerimónia, celebrada segundo o rito de São Pio V (em latim), de acordo com a vontade dos pais do menino de dois anos e meio, que, tal como os seus avós, eram católicos tradicionalistas fervorosos.

Poucas horas depois da cerimónia, os avós maternos de Émile emitiram um comunicado afirmando que “o tempo do silêncio deve dar lugar à verdade”.

“Passaram 19 meses, 19 meses sem certezas. Precisamos de compreender, precisamos de saber”, escreveram.

c/ agências
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