Afinal, há várias opções contra a Síria em cima da mesa de Donald Trump, além de um ataque com mísseis, afirmou esta quarta-feira a Casa Branca. O Presidente está a avaliar a melhor resposta, indica a porta-voz Sarah Sanders.
Mattis referiu que o Pentágono estava ainda a analisar informações sobre o ataque em Douma, o que parecia indicar alguma relutância militar em colocar "a caminho" os misseis norte-americanos, como ameaçara Donald Trump num tweet logo de manhã.
Agora, de acordo com Sanders, o ataque mencionado pelo Presidente não é mais do que uma entre várias opções possíveis - e nem todas militares - para agir contra Damasco.
Sanders sublinha que Donald Trump continua a responsabilizar Damasco e Moscovo pelo ataque, até porque considera que a Rússia falhou na garantia de que a Síria iria livrar-se do seu arsenal químico.
O Presidente pensa ainda que os seus tweets não criaram qualquer problema, disse Sanders.
Através da rede social Twitter, Trump pediu à Rússia que "se prepare" porque os mísseis "estão a chegar, belos, novos e inteligentes". E criticava Moscovo por apoiar o "animal" Assad.
Foi uma resposta a um embaixador russo no Líbano, Alexander Zasipkin, que disse que quaisquer mísseis lançados pelos Estados Unidos contra a Síria seriam abatidos pelas forças russas.
Possibilidade de diálogo
Ao longo do dia, o Presidente começou a dar sinais de querer desanuviar a tensão. Apesar de referir, num segundo tweet, que as relações entre Washington e Moscovo estavam num ponto ainda pior do que na Guerra Fria, Trump deixava também aberta a porta ao diálogo entre ambos.
Finalmente, numa terceira publicação, Trump afirmou que a maior responsabilidade da tensão entre os Estados Unidos e a Rússia cabia à investigação interna à intervenção russa nas eleições presidenciais de 2016 e ao procurador especial que lidera a investigação.
Uma sequência que, para a correspondente da RTP em Washington, Márcia Rodrigues, indicia uma porta aberta ao diálogo.
Também Evgueni Mouravitch, correspondente da RTP em Moscovo, sublinhou que o silêncio a que o Presidente russo, Vladimir Putin, se remeteu durante esta crise, aponta uma espera por negociações com Trump.
Pretexto para ataque
Tanto a Síria como a Rússia negam quaisquer responsabilidades no ataque químico. Admitem, pelo contrário, que nem sequer existiu e que foi encenado pelos Capacetes Brancos, as equipas que auxiliam os habitantes do lado dos grupos armados que combatem Assad.
Moscovo e Teerão, o outro grande apoiante de Assad, acusam ainda os países ocidentais de estar a usar este alegado ataque como pretexto para uma ação militar contra a Síria.
Apesar das certezas apontadas pelos líderes dos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França - duas potências europeias que se mostraram disponíveis para agir contra a Síria ao lado dos EUA - a ocorrência e responsabilidade do alegado ataque químico não foram ainda comprovadas por fontes independentes.
De acordo com fontes no terreno, todas ligadas à oposição a Bashar al-Assad, o ataque afetou mais de 500 pessoas e matou cerca de 100.
Reino Unido movimenta-se
A imprensa britânica referia esta noite que a primeira-ministra Theresa May interrompeu as férias de Páscoa dos seus ministros e convocou o seu gabinete para se reunir na quinta-feira à tarde, para os informar sobre os planos de intervenção contra a Síria.
O envio de aviões e de submarinos britânicos armados com mísseis, para a região, é uma das hipóteses admitidas. E May estará a preparar-se para agir sem sequer informar o seu Parlamento, apesar dos recados dados esta tarde pelo líder da oposição Trabalhista, Jeremy Corbyn.
O Daily Telegraph afirma mesmo que o ataque com mísseis contra a Síria poderá ocorrer já esta quinta-feira à noite, numa janela de 24 horas.