Casa Branca expõe republicanos que beneficiaram de perdões e criticam agora perdão de empréstimos universitários

por Paulo Alexandre Amaral - RTP
Yuri Gripas - EPA

Numa reação invulgar aos ataques republicanos, a Casa Branca respondeu na quinta-feira, via Twitter, à vaga de ataques contra o perdão dos empréstimos universitários por Joe Biden, uma decisão anunciada na última quarta-feira pelo presidente norte-americano e que deverá abranger milhões de estudantes que contraíram empréstimos com o governo federal para pagar os seus estudos.

“Em cumprimento de uma promessa de campanha, a minha Administração anuncia um plano que permitirá às famílias trabalhadoras e de classe média uma folga para respirar quando se preparam para retomar os pagamentos dos empréstimos federais, em janeiro de 2023”, anunciou Joe Biden, numa menção ao facto de os pagamentos terem sido congelados durante a pandemia.
 
Os valores do perdão vão dos dez aos 20 mil dólares, o que suscitou desde logo uma forte reação de algumas vozes republicanas, que acusaram o presidente de colocar nas costas dos contribuintes americanos a dívida dos universitários e de contribuir desta forma para o crescimento da inflação, aliviando algumas famílias.

Os republicanos acusaram também Joe Biden de legislar uma medida injusta para aqueles que já cumpriram com as suas obrigações.

A vaga de ataques revestiu-se da habitual ferocidade dos republicanos e, numa reação invulgar, a conta de Twitter da Casa Branca dirigiu-se nominalmente a vários membros do GOP assinalando perdões de centenas de milhares de dólares que cada um teve em relação a empréstimos PPP.


Um dos alvos da Casa Branca foi Marjorie Taylor Greene que, falou “num perdão totalmente injusto” tendo em conta os estudantes que já pagaram os seus empréstimos na totalidade ou mesmo os trabalhadores que nunca estudaram na universidade.

Ontem, ao cair da noite, a conta da Casa Branca acordou para a luta e começou, um a um, a dar conta dos próprios perdões de que beneficiaram os republicanos que vieram criticar a decisão de Joe Biden. Majorie Taylor Greene está nessa lista: mais de 183 mil dólares perdoados em empréstimos PPP - o Programa de Proteção de Salários de empréstimos empresariais no valor de 953 mil milhões de dólares criado pelo governo federal durante a Administração Trump em 2020 para ajudar empresas, trabalhadores independentes, proprietários individuais e organizações sem fins lucrativos a ultrapassar as dificuldades criadas pela pandemia.

Mas o Twitter da Casa Branca não se ficou por MTG. Mike Kelly, membro da Câmara dos Representantes terá sido perdoado em 987 mil dólares em PPP e o seu colega Matt Gaetz, um dos republicanos que após o ataque ao Capitólio, em 2021, chegou a defender a teoria de que a invasão havia sido arquitetada pelos grupos Antifa, beneficiou de um perdão de 482 mil dólares também em empréstimos PPP.


A Casa Branca respondeu assim com fogo ao fogo dos republicanos que vieram considerar o perdão de empréstimos uma prática injusta e injustificada.

E a lista desfiada pela Casa Branca continua a visar outros republicanos com assento no Congresso e que se mostraram contra o perdão: Vern Buchanan perdoado em 2,3 milhões em PPP, Markwayne Mullin em 1,4 milhões ou Kevin Hern em mais de um milhão.

A reação da conta oficial da Administração chegou a ser atacada esta noite por alegadamente entrar num jogo sujo quando o presidente Biden jurara que consigo em Washington mudavam as práticas da Administração face à verborreia que se verificara durante o mandato de Donald Trump nesta rede social.
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