Casa Branca confirma que jornalista recebeu informações militares ultraconfidenciais
A Administração Trump confirmou que o editor principal da revista The Atlantic foi incluído por erro num grupo de debate ultraconfidencial, de altos responsáveis americanos, sobre as operações contra os Houthi, no Iémen.
"O secretário da Defesa, Peter Hegseth, enviou-me o plano de ataque" duas horas antes do início dos bombardeamentos, incluindo "informações detalhadas sobre as armas, os alvos e os horários", escreveu Goldberg.
"Parece para já que a cadeia de mensagens mencionadas no artigo é autêntica, e procuramos saber como foi acrescentado um número, por erro", ao grupo, referiu horas depois o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hugues. A confirmação constitui sem dúvida uma das falhas de segurança mais retumbantes da história militar recente dos Estados Unidos.
"@PeteHegseth, se acha que devemos fazer isso, vamos lá", escreveu uma pessoa identificada como Vance. "Eu simplesmente odeio resgatar a Europa de novo", afirmou, acrescentando: "vamos apenas garantir que nossa mensagem seja concisa aqui."
Uma pessoa identificada como Hegseth respondeu: "VP: Eu compartilho totalmente sua aversão ao parasitismo europeu. É PATÉTICO."
Crime em dúvida
Goldberg assumiu ter tido "grandes dúvidas" sobre a credibilidade do grupo de debate, até ao momento das primeiras informações sobre os bombardeamentos reais. Ficou incrédulo.
Mensagens que a reportagem da Atlantic referiu terem sido definidas por Waltz para desaparecer do aplicativo Signal após um período de tempo, também levantam questões sobre possíveis violações das leis federais de manutenção de registos.
A Administração Trump tem tentado impedir a divulgação de informações por parte de funcionários para jornalistas. A 14 de março, Gabbard publicou na rede X que qualquer "divulgação não autorizada de informações confidenciais é uma violação da lei e será tratada como tal".
Criado pelo empreendedor Moxie Marlinspike, o Signal transformou-se, de um aplicativo de mensagens usado por dissidentes preocupados com a privacidade, uma rede não oficial utilizada por funcionários de Washington.
“Estão a falar-me sobre isso pela primeira vez”, garantiu o presidente norte-americano à imprensa na Casa Branca sobre as revelações do editor-chefe da revista The Atlantic de ter sido incluído por erro num grupo de discussão que reunia altos funcionários da administração Trump.
"Esta é uma das violações mais impressionantes da inteligência militar sobre as quais li desde já muito, muito tempo", disse o líder democrata do Senado, Chuck Schumer, acrescentando que pediria ao líder da maioria, John Thune, para investigar.
"Começamos apenas a descobrir isto. Mas, obviamente, temos que investigar e descobrir o que aconteceu lá", no grupo. "Teremos um plano", reagiu Thune, um republicano de Dakota do Sul.
A senadora democrata Elizabeth Warren disse no X que o uso do Signal para discutir questões de segurança nacional altamente sensíveis era "flagrantemente ilegal e incrivelmente perigoso".
"Cada um dos funcionários do governo nesta cadeia de texto cometeu um crime — mesmo que acidentalmente — que normalmente envolveria uma sentença de prisão", disse o senador democrata Chris Coons no X.