Casa Branca afirma que ataque israelita em Rafah não ultrapassou linhas vermelhas dos EUA
A Administração Biden disse, na terça-feira, que o ataque israelita a um campo de deslocados em Rafah não ultrapassou as linhas vermelhas impostas pelos EUA e, por isso, a ajuda militar a Israel não será afetada. O Governo Federal norte-americano sublinhou que está a acompanhar de perto a investigação de Israel sobre o ataque que matou mais de 45 pessoas, mas não considera que a invasão em grande escala tenha começado. Entretanto, uma análise da CNN e do New York Times sugere que Israel utilizou bombas fabricadas nos EUA no ataque à cidade do sul da Faixa de Gaza.
Essa promessa foi agora posta à prova, depois de mais de 45 pessoas (a maioria mulheres, crianças e idosos) terem morrido no fim de semana após um ataque israelita a um campo de deslocados em Rafah.
Questionado sobre este ataque, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, disse que a linha vermelha traçada pelo presidente norte-americano não foi ultrapassada e, por isso, o apoio dos EUA a Israel permanece inalterado.
“Como resultado deste ataque de domingo, não tenho quaisquer alterações políticas para discutir. Simplesmente aconteceu”, disse Kirby aos jornalistas numa conferência de imprensa na Casa Branca.
“Não apoiamos e não apoiaremos uma grande operação terrestre em Rafah. O presidente disse que, caso isso aconteça, poderá ter que tomar decisões diferentes em termos de apoio. Mas não vimos isso acontecer neste momento. Não os vimos a invadir Rafah”, acrescentou.
“Não os vimos entrar com grandes unidades, um grande número de tropas, em colunas e formações, em algum tipo de manobra coordenada contra múltiplos alvos no terreno”, insistiu, considerando que a operação israelita em Rafah foi “limitada”.
Kirby descreveu, no entanto, as imagens do ataque em Rafah como “comoventes” e “dolorosas” e garantiu que os EUA estão a acompanhar de perto a investigação lançada por Israel.
Bombas fabricadas nos EUA usadas no ataque em Rafah
Enquanto isso, uma análise da CNN e do New York Times sugere que Israel utilizou bombas fabricadas nos EUA no ataque ao campo de deslocados em Rafah.
US made Small Diameter Bomb(SDB)/GBU-39 fragments visible in the Rafah strike. This is from the rear control section. pic.twitter.com/Jk0jtflGES
— Easybakeoven (@Easybakeovensz) May 27, 2024
No entanto, Cobb-Smith explica que “o uso de qualquer munição, mesmo deste tamanho, acarretará sempre riscos numa área densamente povoada”.
O porta-voz do exército israelita garante que as munições usadas no ataque não podiam ter causado um incêndio de grandes dimensões como o que ocorreu e espera que a investigação permita determinar as causas do incêndio.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reconheceu que o ataque foi um “incidente trágico” e garantiu que Israel tentou “limitar as perdas civis”.
"Em Rafah, retirámos um milhão de habitantes que não estavam envolvidos e, apesar de todos os nossos esforços, ontem [domingo] ocorreu um incidente trágico. Estamos a investigar o que aconteceu e vamos tirar conclusões", disse Netanyahu.
Novo bombardeamento em Rafah faz 21 mortos
Apesar da crescente pressão internacional, Netanyahu prometeu continuar com a ofensiva em Rafah.
Esta terça-feira, foram vistos pela primeira vez tanques israelitas no centro de Rafah, sinalizando o começo da nova fase da ofensiva de Telavive.
Uma área de tendas em Al-Mawasi, na zona ocidental de Rafah, foi o novo alvo dos ataques israelitas. Segundo o Hamas, 21 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas nesta zona humanitária que foi classificada como segura por Israel.
Os militares israelitas negam, por sua vez, ter atacado este acampamento. "Ao contrário dos relatos das últimas horas, as Forças de Defesa de Israel (IDF) não atacaram a Área Humanitária em Al-Mawasi", declarou o exército israelita, esta quarta-feira, em comunicado.