Carta a estudantes. Líder do Irão acusa EUA de ser "maior apoiante" do regime sionista

por Inês Moreira Santos - RTP
EPA

O líder supremo do Irão dirigiu-se, através de uma carta, aos estudantes norte-americanos que se têm manifestado contra a ofensiva israelita em Gaza, nas últimas semanas. Na mensagem, em que expressa "empatia e solidariedade" para com as manifestações pró-palestinianas, o ayatollah Ali Khamenei acusa os Estados Unidos e aliados ocidentais de apoiarem o "genocídio perpetrado" pelo "regime sionista do apartheid".

Numa mensagem de “empatia e solidariedade”, o ayatollah Ali Khamenei escreveu aos jovens estudantes dos Estados Unidos, “cujas consciências despertas os levaram a defender as crianças e mulheres oprimidas de Gaza”.

“Estão agora no lado certo da história, a virar uma nova página”, lê-se no documento, agora divulgado pela Embaixada do Irão. “Fazem agora parte da Frente de Resistência e deram início uma luta digna sob a pressão implacável do vosso governo, que defende claramente o regime sionista opressivo e impiedoso”.“Vocês começaram uma luta digna”.

A Frente de Resistência é uma aliança informal política e militar anti-Israel e anti-Ocidente, que inclui o Irão, a Síria, o grupo libanês xiita Hezbollah, o movimento palestiniano do Hamas e os Houthis do Iémen.

A carta do líder supremo do Irão, datada de 25 de maio e publicada no site de Khamenei na quinta-feira da semana passada, prevê um “destino diferente” para aquela região do Médio Oriente e classifica os estudantes pró-Palestina como parte da “frente de resistência.

“Durante anos, a grande Frente de Resistência tem lutado à distância com a mesma consciência e sentimentos que vocês possuem hoje”, continua o ayatollah na mensagem, deixando claro que o objetivo desta “luta é pôr fim à opressão flagrante perpetrada por uma rede terrorista implacável conhecida como os sionistas”.
Opressão e tortura ao povo palestiniano
O líder supremo iraniano acusa as forças israelitas de infligirem, durante anos, “as mais duras pressões e torturas ao povo palestiniano, depois de tomarem o seu país”.

“O genocídio perpetrado hoje pelo regime sionista do apartheid é uma continuação de décadas do mais hediondo comportamento opressivo”.

Recordando que a Palestina era um país independente com uma população diversificada de muçulmanos, cristãos e judeus, e uma longa história, Ali Khamenei destacou que “os capitalistas sionistas, com o apoio do Governo britânico, trouxeram gradualmente milhares de terroristas para o país”.

Após a II Guerra Mundial, continua a referir o ayatollah, os israelitas invadiram cidades e aldeias palestinianas, “mataram ou expulsaram dezenas de milhares de pessoas para países vizinhos, confiscaram as suas casas, mercados e quintas, e estabeleceram um Estado chamado Israel nas terras ocupadas da Palestina”.

Para além do Reino Unido, o líder supremo acusa os Estados Unidos de serem o “maior apoiante deste regime usurpador”.
“Os Estados Unidos têm fornecido continuamente apoio político, económico e militar a este regime, na medida em que, com uma imprudência imperdoável, pavimentaram e ajudaram Israel a produzir armas nucleares”, acrescenta.

O Governo de Israel, nas palavras de Ali Khamenei, desconsidera todos os valores morais, humanos e religiosos, continuando a adotar “uma política de punho de ferro contra o povo indefeso da Palestina” e a aumentar a “brutalidade, terrorismo e opressão”. Nesse sentido, o líder iraniano aponta o dedo aos EUA de serem “cúmplices”

“Estes implacáveis líderes hegemónicos globais nem sequer mostram misericórdia para com os valores humanos”, continua. “Fingem que o regime terrorista e impiedoso de Israel está a defender-se, e rotulam a resistência palestiniana, que defende a sua liberdade, segurança e direito à autodeterminação, como terrorismo”.

O ayatollah quer, por isso, “garantir que hoje a situação está a mudar”.

“Outro destino aguarda a sensível região da Ásia Ocidental. Muitas consciências despertaram à escala global e a verdade está a tornar-se mais aparente. A frente de resistência também se tornou mais forte e continuará a fortalecer-se”. “A história também está a virar para uma nova página”.

Dirigindo-se diretamente aos estudantes de dezenas de universidades nos Estados Unidos, o líder supremo iraniano lembrou que outras universidades e estudantes de outros países se juntaram aos protestos pró-Palestina.

“O apoio e a solidariedade dos professores universitários com os seus alunos é muito significativo e tem muita importância, visto que é reconfortante quando se enfrenta a gravidade dos ataques policiais dirigidos pelo governo. Também tenho empatia por vocês, jovens, e respeito muito a vossa firmeza”.

A lição do Corão para os muçulmanos, rematou, “é permanecer firme no caminho da verdade”.
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