Carlos gasta hora e meia a explicar alterações climáticas a Trump

por Joana Raposo Santos - RTP
A conversa deveria ter demorado 15 minutos e acabou por se arrastar por 90 Victoria Jones - Reuters

A visita oficial de Donald Trump ao Reino Unido, que termina esta quarta-feira, fica também marcada por uma longa conversa entre o Presidente norte-americano e o príncipe de Gales. O encontro, que deveria ter durado apenas 15 minutos, acabou por se alongar durante hora e meia, com Carlos a alertar o interlocutor para os perigos que o planeta enfrenta devido às alterações climáticas.

“Ele está muito focado nas alterações climáticas e acho que isso é ótimo”, avançou o Presidente dos Estados Unidos em entrevista ao programa matinal Good Morning Britain. “O que ele realmente quer e aquilo que o preocupa é o futuro. Ele quer garantir que o clima das gerações futuras é bom e não um desastre, e eu concordo”.

De acordo com Trump, a conversa deveria ter demorado 15 minutos e acabou por se arrastar por 90, ao longo dos quais o príncipe “falou durante a maior parte do tempo”.

Apesar da tentativa de Carlos, Trump recusou a sugestão de que os Estados Unidos deveriam fazer mais em relação ao clima e garantiu ao príncipe que a América do Norte está “limpa”, sendo as outras nações as responsáveis pela poluição.

“Eu disse-lhe que, neste momento, os Estados Unidos têm um dos climas mais limpos que existem, com base em todas as estatísticas, e isso é algo que tem melhorado cada vez mais. Até porque eu concordo que nós queremos a melhor água possível, a água mais limpa. É cristalina, tem de ser cristalina e limpa”, salientou.


“A China, a Índia, a Rússia e muitas outras nações não têm ar muito bom, nem água muito boa, e sente-se a poluição. Se formos a algumas cidades nem conseguimos respirar, e agora esse ar está a subir” e a alastrar-se a outras regiões, considerou.

Quanto questionado sobre se acredita nas alterações climáticas, Trump disse acreditar que existe uma mudança no clima e que essa mudança acontece “nos dois sentidos”.

“Não nos esqueçamos que costumava chamar-se de aquecimento global e essa expressão não estava a funcionar, então passou a usar-se a expressão alterações climáticas. Agora chamamos-lhe de clima extremo, porque com esse termo não falhamos”, explicou.
"Um grande acordo comercial"
Na terça-feira, Donald Trump causou indignação entre os britânicos ao declarar, numa conferência de imprensa na qual surgiu ao lado de Theresa May, que as empresas norte-americanas deveriam ter acesso a todos os setores da economia do Reino Unido - incluindo o serviço nacional de saúde - como parte de um acordo comercial pós-Brexit.

No entanto, na entrevista desta quarta-feira ao Good Morning Britain, o Presidente dos EUA recuou quanto a essa sugestão, afirmando que o National Health Service (NHS) não deveria fazer “parte do acordo”.

Donald Trump declarou esta quarta-feira no Twitter que o povo britânico e a família real o receberam calorosamente e que a relação com o Reino Unido “nunca foi tão boa” como atualmente. “Vejo um grande acordo comercial ao fundo da estrada”, escreveu.


Durante a entrevista matinal, Donald Trump suavizou a sua posição quanto a Jeremy Corbyn, o líder do Partido Trabalhista britânico, depois de ontem ter criticado a sua “força negativa” e rejeitado a possibilidade de um encontro entre ambos.

Agora, Trump considera que um futuro encontro com Corbyn é possível. “Ele queria reunir-se. Mas era muito complicado e provavelmente inapropriado combinar um encontro, para ser honesto”, declarou, acrescentando que a possibilidade de o líder dos trabalhistas vencer as próximas eleições é fraca.
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