Carles Puigdemont deixa a prisão na Alemanha

por RTP
"Peço a libertação imediata de todos os meus colegas que continuam nas prisões espanholas", foi o apelo de Carles Puigdemont à saída da prisão Fabian Bimmer - Reuters

O antigo presidente do Governo regional da Catalunha saiu esta sexta-feira da prisão germânica de Neumünster, onde estava preso desde 24 de março. Nas primeiras declarações depois de ter sido libertado, Carles Puigdemont pede a libertação "imediata" dos antigos colegas de governo que continuam nas prisões espanholas.

Ao início da tarde, pouco antes das 14h00 locais (menos uma hora em Lisboa), o presidente destituído da Generalitat abandonava a prisão alemã onde passou os últimos 12 dias, após pagamento de uma fiança de 75 mil euros.

Carles Puigdemont ficará agora a aguardar uma decisão sobre o processo de extradição em liberdade, ainda que não possa sair da Alemanha. À saída da prisão, o ex-presidente foi recebido por uma delegação de deputados regionais do JxCat e ERC, onde se dirigiu aos jornalistas numa curta declaração, sem direito a perguntas.

Puigdemont começou por agradecer, em alemão, a ajuda, solidariedade e apoio que recebeu de “várias partes do mundo”.

Já em inglês, o antigo dirigente agradeceu aos funcionários do estabelecimento prisional que o acompanharam nos últimos dias pelo seu “profissionalismo e respeito”.

De seguida, Puigdemont passou à mensagem política, exigindo a libertação imediata dos "presos políticos" em Espanha. "Peço a libertação imediata de todos os meus colegas que continuam nas prisões espanholas. É uma vergonha que haja presos políticos na Europa", considerou. 

O ex-lider catalão assinalou ainda que chegou o momento para o diálogo. "É hora de fazer política, não há desculpas que impeçam as autoridades espanholas de iniciar um diálogo com as autoridades catalãs no sentido de encontrar uma solução política", acrescentou.
Conferência de imprensa cancelada
Carles Puigdemont fez questão de sublinhar que a "luta" que se trava em Espanha "não é um assunto interno", uma vez que "afeta todos os cidadãos europeus que se preocupam com os riscos para a democracia". Até porque, na visão do antigo líder da Generalitat, a democracia "corre perigo em Espanha".

No final da declaração, falou ainda o advogado de defesa na Alemanha, Wolfgang Schomburg, que considerou que o tribunal alemão “foi muito claro em como este delito de acusação [de rebelião] por parte de Espanha, não é um delito aceitável num estado democrático como a Alemanha”.

O advogado disse ainda que permanece a acusação de desfalque de dinheiros públicos, pelo que “não se poder descartar por princípio a hipótese de extraditação”. No entanto, Wolfgang Schomburg mostrou-se convicto de que a justiça alemã não vai seguir esse caminho.

Eram esperadas novas declarações de Carles Puigdemont para esta tarde, numa conferência de imprensa em Nemünster, por volta das 18h00 locais (17h00 em Lisboa). A conferência foi entretanto cancelada por "questões legais", pelo que apurou a correspondente da RTP em Espanha, Daniela Santiago.

No Twitter, o ex-líder catalão comunica que já saiu da prisão e que está "a caminho de Berlim", a cerca de 300 quilómetros do local onde se encontrava, onde deverá voltar a dirigir-se aos jornalistas. 



"Este é o momento para recordar os companheiros e companheiras que continuam presos injustamente e exigir a sua liberdade", diz ainda.

Recorde-se que a justiça alemã anunciou na quinta-feira que Puigdemont seria libertado e que se recusou a extraditar o ex-dirigente pelo crime de rebelião de que é acusado por Madrid. Segundo a decisão do juiz, "os atos que lhe são imputados não seriam puníveis na Alemanha, segundo a legislação aqui em vigor".

No entanto, o tribunal de o Estado alemão de Schleswig-Holstein considera que a imputação do crime de corrupção, que lhe é atribuído pelas autoridades espanholas no pedido de extradição, é admissível. A análise ao processo continua nos próximos dias, pelo que Carles Puigdemont não poderá abandonar o país e terá de se apresentar à polícia uma vez por semana.
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