Capitólio. Tomada de posse de Biden levanta preocupações após falhas na segurança
As falhas de segurança que permitiram a recente invasão do Capitólio por manifestantes pró-Trump estão a levantar preocupações quanto à tomada de posse de Joe Biden, marcada para 20 de janeiro. Em torno do edifício está a ser erguida uma vedação e as forças policiais foram reforçadas em Washington para impedir novos incidentes.
No entanto, os recentes ataques ao Capitólio levam a que o grau de segurança na inauguração de Biden tenha de ser ainda mais elevado. Até porque, para além do futuro Presidente, estarão presentes a sua vice, três antigos presidentes e os nove membros do Supremo Tribunal, assim como a maioria dos membros do Congresso.
“Aquilo que aconteceu [no Capitólio] terá de ser fortemente revisto e terão de ser feitas mudanças em termos de reforço da segurança”, defendeu à estação CBS a senadora democrata Amy Klobuchar, membro do comité que supervisiona cerimónias inaugurais.
Poucas horas depois do episódio de quarta-feira, esse reforço começou desde logo a ser preparado. Neste momento está a ser erigida uma vedação “não-escalável” de mais de dois metros em torno de todo o Capitólio e que lá permanecerá durante pelo menos 30 dias.
Em Washington foi já declarado um estado de emergência que irá vigorar até ao dia seguinte à tomada de posse. Além disso, a partir deste fim de semana a cidade estará reforçada com a presença de 6200 guardas nacionais, segundo a presidente da Câmara, Muriel Bowser.
Donald Trump “violou o seu juramento”
O episódio ocorrido no Capitólio esta semana veio revelar graves falhas de segurança, levando mesmo à demissão do chefe da polícia do Capitólio e do sargento de armas do Senado.
No seu ataque ao edifício, os manifestantes pró-Trump invadiram o sítio exato onde, há quatro anos, o próprio Donald Trump tomou posse, jurando então “preservar, proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos”. Algo irónico, uma vez que o presidente terá sido responsável por incitar os seus apoiantes a atacarem a democracia norte-americana.
“O que Donald Trump fez foi uma traição e uma violação do seu juramento. Não há dúvidas de que aquilo que vimos esta semana foi incentivado pela retórica que ele tem usado já há semanas e que inspirou e mobilizou extremistas da direita e quem acredita em teorias da conspiração”, criticou Michael Chertoff, antigo secretário de Segurança Interna.
O responsável do governo de George W. Bush comparou mesmo o ataque ao Capitólio com o 11 de Setembro. “No 11 de Setembro preocupámo-nos que um dos aviões fosse contra o edifício do Capitólio. Neste caso, o Capitólio foi atingido. Foi terrorismo interno, e absolutamente chocante”, considerou em declarações ao Guardian.
Chertoff foi, na altura da tomada de posse de Barack Obama, um dos responsáveis pelas preparações da inauguração do então recém-eleito presidente. Para o ex-secretário de Segurança Interna, as ameaças eram já significativas em 2009, mas agora a natureza das mesmas é outra.
“Unir as pessoas através de teorias da conspiração ou extremismo ideológico e encorajá-las a usarem o que tiverem à mão para levarem a cabo um ato terrorista. Isso cria um desafio de segurança diferente, pois é necessário detetar muitos tipos diferentes de pessoas e de ameaças”, explicou.
Os riscos de segurança, em conjunto com o agravar da crise pandémica nos Estados Unidos, fazem com que o número de participantes nas cerimónias inaugurais de 20 de janeiro baixe dos habituais 200 mil para três mil. Mas, para Chertoff, este dia marca apenas o início de um longo período de preocupação em termos de segurança.
“Haverá um desafio persistente ao longo dos próximos meses - dependendo do quão ativo será Donald Trump quando abandonar o cargo - em termos de terrorismo doméstico inspirado diretamente por ele ou por grupos de extrema-direita”, alertou. “Este será o desafio de segurança para o futuro que se aproxima”.
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